Nesta empresa, as sextas-feiras têm um nome especial e apenas uma regra que tem de ser cumprida à risca

Na empresa norte-americana de coaching, Exos, a semana de trabalho de quatro dias inclui um dia de “Cuidar de si”

 

As empresas que experimentaram semanas de trabalho de quatro dias definiram o conceito de diferentes maneiras. Algumas alternam escalas de trabalhadores ao longo da implementação, dando as sextas-feiras de folga semana sim semana não. Outras optam pelo “horário de Verão” em certas sextas-feiras, tornando a semana de quatro dias algo sazonal. Outras ainda dizem que se trata menos de um dia de folga e mais de ter “dias de trabalho sem reuniões” para tratar de assuntos.

Na Exos, uma empresa de fitness e coaching, a maioria dos colaboradores trabalha quatro dias e depois tem o que chamam de dia de “Cuidar de si” – um dia em que podem tirar uma folga, colocar o trabalho em dia ou cuidar de assuntos pessoais. O piloto começou na Primavera passada para os seus 3500 trabalhadores, e a maioria teve um dia inteiro por semana para fazer o que quisessem.

A Exos, que trabalha com cerca de 25% das empresas Fortune 100, faz coaching de fitness nas sedes, bem como coaching pessoal e de liderança para executivos (os coaches que não conseguem tirar um dia inteiro de folga durante a semana recebem créditos de horas para flexibilidade).

O piloto semanal de quatro dias ajuda a destacar a abordagem da empresa ao coaching de bem-estar, que promove a ideia de os colaboradores reservarem tempo para “recuperação estratégica” – seja física ou mental – ao tentar melhorar a sua condição física ou competências de liderança. «As organizações começaram a perceber que não é possível solucionar os problemas do local de trabalho sem começar pelas pessoas», afirma Greg Hill, Chief People Officer da Exos. «A ideia é trazer a recuperação para a organização através da flexibilidade.»

A Exos mediu os seus resultados – que foram analisados por Adam Grant, professor da Wharton, e partilhados com a Forbes – e encontrou benefícios reais que reflectem o que outras pesquisas sobre a semana de trabalho de quatro dias mostraram. Segundo Greg Hill, após a implementação das sextas-feiras “Cuidar de si” por exemplo, 91% dos trabalhadores consideram que o seu tempo é gasto de forma eficaz no trabalho, em comparação com 64% antes do piloto.

Entretanto, relatam ter visto uma redução de 34 pontos na percentagem de colaboradores que experienciaram burnout pelo menos durante algum tempo, caindo de 70% antes do piloto para 36% depois. A taxa de turnover também diminuiu, embora esse período tenha coincidido com um abrandamento do mercado de contratações.

«A flexibilidade na forma como se faz o trabalho tem sido uma verdadeira revelação. Percebemos que o mundo mudou e apercebemo-nos de muita conversa à volta da ideia de trabalho mais condensado e uma recuperação mais intencional… E não há outro caminho», explica Greg Hill.

O Chief People Officer diz que conseguiram ajustar o processo semanal de quatro dias concentrando-se na “prontidão” da cultura da empresa e fazendo pausas intencionais. A Exos incentivou “micropausas”, limitando as reuniões a 25 ou 50 minutos, e trabalhou na melhoria das agendas e objectivos das reuniões para aumentar a eficiência. Também definiu que as terças e quintas-feiras fossem dedicadas a reuniões, enquanto direccionou as segundas e quartas-feiras para o trabalho individual, para ajudar os colaboradores a evitar a dispersão nas tarefas que pode diminuir a produtividade.

Quanto às sextas-feiras, os trabalhadores não as passam necessariamente na praia – podem fazê-lo, claro, ou usá-lo para compromissos familiares ou até pôr o trabalho em dia. «Podem fazer o que entenderem, a escolha é de cada um. A única é não interagir com os colegas de trabalho», e-mail incluído, conclui.

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