Entrevista a Pedro Rocha e Silva, Neves de Almeida HR Consulting: «É a nossa capacidade de nos adaptarmos que nos diferencia»
A Neves de Almeida HR Consulting celebrou este ano três décadas de actividade. Ao longos destes 30 anos, passou por distintos contextos socioeconómicos, mantendo-se resiliente e atenta às necessidades dos clientes, e a gestão de recursos humanos mudou drasticamente. A evolução da consultora tem acompanhado a evolução do mercado, mantendo-se «empresa orgulhosamente portuguesa».
Por Ana Leonor Martins e Sandra M. Pinto
A Neves de Almeida HR Consulting não tem «soluções one size fits all. Nem temos acesso aos mesmos recursos de grandes multinacionais, pelo que é a nossa capacidade de nos adaptarmos e de sermos verdadeiros parceiros dos nossos clientes que nos diferencia», afirma Pedro Rocha e Silva, CEO da Neves de Almeida HR Consulting. Reflectindo também sobre o actual contexto, destaca: «Com a estabilização do contexto pandémico, temos vindo a assistir ao retomar gradual das temáticas que tinham passado para segundo plano e diria que hoje em dia, passados 20 meses do início da pandemia, podemos dizer que houve um alargamento das áreas de intervenção de quem trabalha na gestão de Recursos Humanos.»
O que destaca dos 30 anos de existência da Neves de Almeida? Quais os marcos mais relevantes?
Ao longo de 30 anos, naturalmente existem vários marcos relevantes, nomeadamente o lançamento e crescimento de novas áreas de negócio, como é exemplo o movimento recente de incorporação de uma área digital em plena pandemia.
Mas mais do que momentos, gostaria de destacar a capacidade de enfrentar e superar contextos desafiantes ao longo destes 30 anos, reinventando-nos e acompanhando a evolução notória que houve no mercado ao nível da gestão de recursos humanos. Não é fácil encontrar em Portugal um player nesta área que nos tenha acompanhado neste período.
Com quantas pessoas começou e quantas integra agora?
Começámos com uma pessoa e neste momento somos 48 colaboradores.
Quais os prioridades na gestão dessas pessoas?
Procuramos essencialmente que as pessoas se sintam felizes e realizadas com o que fazem. Procuramos que vivam e sintam o nosso propósito. Procuramos que sintam a empresa como uma família. Tudo palavras bonitas, mas que revelam efectivamente aqueles que são os nossos principais drivers e focos de intervenção junto das nossas pessoas.
Como evoluiu o mercado e os desafios nessas três décadas?
A gestão de recursos humanos mudou drasticamente nestes 30 anos. Diria que em 1991 predominava largamente a gestão administrativa e processual de recursos humanos com as “Direcções de Pessoal” e com reportes frequentes da função de DRH ao CFO ou Director Financeiro. Daí até hoje temos passado por várias fases.
Numa primeira fase, deu-se muita relevância à implementação de processos de desenvolvimento, nomeadamente relacionados com temáticas de avaliação de desempenho e formação, numa segunda fase, e com o crescimento da mobilidade, a aposta passou a recair no triângulo atracção-desenvolvimento-retenção e numa última fase, tem-se vindo a adicionar outras temáticas relevantes como sejam o bem estar, o engagement/compromisso e naturalmente o digital (que envolve todas as questões relacionadas com Analytics mas não só).
De todo o modo, e se cada vez mais empresas estão neste estadio, não nos podemos esquecer que temos ainda um significativo número de empresas que ainda não ultrapassaram a primeira fase…
E como evoluiu a Neves de Almeida, para dar lhes resposta?
A nossa evolução tem estado directamente ligada à evolução do mercado e não poderia ser de outra forma. São os clientes que nos desafiam a fazer mais e a fazer diferente. Somos uma empresa orgulhosamente portuguesa, não no sentido “patrioteiro” mas no sentido do que isso verdadeiramente significa na capacidade (e necessidade) de criar e customizar todas as nossas abordagens às especificidades dos nossos clientes. Não temos soluções one size fits all nem temos acesso aos mesmos recursos de grandes multinacionais, pelo que é a nossa capacidade de nos adaptarmos e de sermos verdadeiros parceiros dos nossos clientes que nos diferencia.
Desde que a pandemia começou, os clientes mudaram as suas prioridades?
Naturalmente houve uma alteração profunda nas prioridades nomeadamente na primeira fase, em que determinadas temáticas – desenvolvimento, retenção, optimização de processos – passaram claramente para segundo plano em detrimento das questões relacionadas com as condições de trabalho, os modelos de trabalho, o bem-estar e preocupação com o compromisso dos colaboradores – relacionado com a alteração dos modelos de trabalho.
Com a estabilização do contexto pandémico, temos vindo a assistir ao retomar gradual das temáticas que tinham passado para segundo plano e diria que hoje em dia, passados 20 meses do início da pandemia, podemos dizer que houve um alargamento das áreas de intervenção de quem trabalha na gestão de Recursos Humanos.
Em que áreas de Gestão de Pessoas considera que as empresas portuguesas ainda estão aquém do desejável?
Como disse atrás, existe ainda um número significativo de empresas que estão aquém do desejável em praticamente todas as áreas, com excepção da componente administrativa que de uma forma ou de outra vai sendo assegurada. Se olharmos para o pelotão da frente, diria que as áreas de aposta e onde existe mais espaço de intervenção são estas: gestão de talento, digital, analytics, engagement e bem-estar.
Quais são agora os principais desafios para as empresas?
Os principais desafios neste momento, para além das temáticas estratégicas elencadas acima, são a obtenção do equilíbrio entre aquilo que são as necessidades da organização e as vontades dos colaboradores, nomeadamente naquilo que diz respeito aos novos modelos de trabalho. Estamos ainda numa fase de testes de modelos que só irão estabilizar daqui a algum tempo.
E para a Neves de Almeida, em particular?
Os nossos desafios apontam claramente no sentido do crescimento e aí a componente digital assume um papel absolutamente estratégico.
Que tendências perspectiva para o mercado de trabalho?
Diria que estamos numa fase decisiva de poder ou não avançar para modelos em que o “onde”, o “quando” e o “para quem” poderão vir a ser questões cujas respostas são muito distintas do que são hoje em dia, e aí o papel do Estado será determinante.
Veja aqui o vídeo comemorativo dos 30 anos da Neves de Almeida.