Nómadas digitais estão a aumentar. E a forçar residentes a sair das suas cidades (um pouco por todo o mundo)

Os nómadas digitais, tendência que tem vindo a crescer ao longo dos últimos anos e ganhou força com as restrições impostas pela pandemia de Covid-19, está a impulsionar a gentrificação.

 

Trabalhar remotamente permite que qualquer colaborador possa escolher em que país ou cidade viver, o que está a fazer com que os habitantes de determinados locais sintam que o caráter dos bairros onde sempre viveram se altere devido à influência de novos residentes. Esta é uma preocupação cada vez maior por parte não só da população local como dos políticos responsáveis pelo planeamento urbano.

Anteriormente, a maioria dos nómadas digitais viajava e trabalhava ilegalmente com vistos turísticos, era considerado um fenómeno de nicho, porém actualmente já não é necessário. O número destes trabalhadores tem vindo a aumentar exponencialmente não só em Portugal como no resto do mundo.

Nos Estados Unidos da América (EUA), as estimativas mostram que existem cerca de 16,9 milhões, um aumento de 131% em relação ao ano pré-pandémico. Os dados indicam que até 72 milhões de pessoas neste país estão a ponderar tornar-se nómadas, uma alteração impulsionada pelo coronavírus que tornou o trabalho à distância um fenómeno global, acarretando assim várias consequências negativas, entre as quais o aumento do custo de vida para quem tem salários reduzidos e não consegue acompanhar a subida dos preços das habitações.

Estas condicionantes estão a forçar os residentes a abandonar o local onde nasceram e cresceram numa altura em que os senhorios preferem alugar as suas propriedades a profissionais que arrendam a curto prazo. No entanto, este factor funciona também no sentido inverso, ou seja, “algumas pessoas estão a tornar-se nómadas digitais devido aos preços da habitação nos seus países de origem”, comentou o sociólogo Max Holleran, segundo o jornal Público.

Existem vários nómadas digitais consoante a tendência que seguem, nomeadamente proprietários de empresas; experimentais; de sofá e assalariados. No último caso, os colaboradores a tempo inteiro que trabalham agora à distância nos EUA passaram de 3,2 milhões em 2019 para 11,1 milhões no ano passado.

Este fenómeno está a alterar a forma como as cidades se organizam. Um dos exemplos é Chiang Mai, situada no Norte da Tailândia frequentemente apelidada de “capital nómada digital do mundo”. Também a área Nimmanhaemin é conhecida pela quantidade de pessoas a trabalhar em cafés, espaços de co-working e a viver em locais que funcionam como Airbnb.

Bairros e locais sossegados têm agora mais vida e agitação do que nunca, possibilitando uma mistura de residentes e trabalhadores remotos, o que tem prós e contras, mas não dispensa de um equilíbrio.

 

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