O futuro do trabalho não está nas tech skills, garante especialista de recrutamento
Actualmente, Terry Petzold, com 25 anos de experiência em recrutamento, é managing partner da Fox Search Group, uma empresa de recrutamento de executivos para líderes tecnológicos. E se há algo que sabe sobre o mercado de trabalho é que as competências técnicas exigidas vão mudando, revela a CNBC Make It.
Basta olhar para os rápidos avanços na inteligência artificial. «Há apenas dois anos e meio, toda a gente dizia: “Precisamos de contratar programadores”», disse o gestor à CNBC Make It.
«Até cheguei a brincar com os meus filhos sobre isso. Menos de seis meses depois, o ChatGPT foi lançado e agora código e programação não é o futuro.»
Claro que ter competências digitais actualizadas é importante para os trabalhadores de todos os sectores e níveis de carreira, garante Petzold. «Se trabalha em marketing ou num armazém, tem de entender de tecnologia.»
Mas como as empresas podem formar trabalhadores para aprenderem a desenvolver tecnologia para servir os seus negócios, Petzold diz que os líderes estão mais interessados em contratar pessoas com um conjunto diferente de competências.
«Vou dizer-lhe onde está o futuro. Não é necessariamente no espaço tecnológico. Está nas competências sociais. Está na inteligência emocional – é isso que estamos a perceber que é o futuro do talento», assegura.
As soft skills que as empresas procuram nos trabalhadores e líderes de sucesso
A inteligência emocional (ou IE) é a capacidade de gerir os seus próprios sentimentos e os sentimentos das pessoas que o rodeiam, o que o pode tornar melhor na construção de relações e na liderança no local de trabalho.
Para Petzold, os candidatos a emprego com grandes competências técnicas têm realmente sucesso quando conseguem demonstrar um elevado nível de IE.
É bom ser-se especializado numa área específica, como dados, segurança, infraestruturas ou soluções empresariais, por exemplo, «mas na verdade são aqueles profissionais com uma forte IE e aquelas competências interpessoais e de negócio – esses são os futuros líderes de TI», diz ele.
Ao contratar profissionais com uma IE elevada, Petzold diz que as empresas estão realmente à procura de pessoas que possam fazer coisas cruciais como:
- Lidar e dar feedback construtivo;
- Gerir conflitos;
- Ter conversas críticas urgentes;
- Trabalhar de forma multifuncional, persuadindo os pares e outros líderes;
- Apresentar ideias de forma eficaz aos superiores hierárquicos.
«As competências gerais de IE que temos vindo a observar têm realmente a ver com a comunicação [com] os outros e com a capacidade de superar desafios e sair ileso», explica Petzold.
Acrescenta que algumas empresas estão a melhorar a sua capacidade de ajudar os líderes a desenvolver competências mais fortes de IE, especialmente no que diz respeito à gestão eficaz e a navegar por momentos desafiantes ou de conflito.
Os bons empregadores podem desenvolver ainda mais os seus colaboradores, disponibilizando programas de mentoria e facilitando o networking, acrescenta Petzold, para que as pessoas possam ver como são bons modelos de liderança e elevada IE.