O propósito maior do Turismo de Portugal

Esta quinta-feira, na 18.ª Conferência Human Resources, 540 profissionais esgotaram o Museu do Oriente, em Lisboa, para ouvir falar sobre «Propósito». Luís Araújo, presidente do Turismo de Portugal, foi o keynote speaker e destacou que, além de quererem que Portugal seja um destino com propósito, o propósito maior que perseguem passa por «receber bem e respeitar as diferenças».

 

«Vivemos um momento absolutamente extraordinário», começou por dizer Luís Araújo logo no início da sua intervenção, lembrando que o Turismo vale 50% das exportações de bens e serviços em Portugal e emprega 11% do total da mão-de-obra, o equivalente a 410 mil profissionais. As receitas turísticas deverão crescer, até Dezembro, para 17 mil milhões de euros, traduzindo um aumento de 45% em três anos. E não escondeu o objectivo, que considera perfeitamente ao alcance, de chegar aos 26 mil milhões de euros até 2027.

O presidente do Turismo de Portugal recuou até 2016 para recordar as bases para a estratégia do Turismo até 2027. «Decidimos colocar as pessoas no centro da estratégia. Mas não podiam ser só os turistas. Precisamos deles, que venham cá e consumam, mas além dos 24 milhões de visitantes em Portugal, precisávamos de incluir nesta equação os locais e os profissionais do sector», disse, sublinhando que o país, e o nosso propósito, só cresce se tivermos «um turismo que seja inclusivo, sustentável e que gere riqueza para todos».

Mas quando se fala em Turismo «há um propósito muito maior», que passa por «receber bem e respeitar as diferenças», realçou, destacando que Portugal subiu ao 12.º lugar no que diz respeito à competitividade no Turismo no ranking do Fórum Económico Mundial de 2019. Considerou, no entanto, que é essencial diversificar a oferta. «Todos temos o mesmo – sol e praia, gastronomia. A única maneira de sermos ainda mais competitivos, é afirmarmos o nosso propósito, o mais possível, em todos os países onde fazemos promoção».

Tendo por base as três vertentes de actuação referidas – turistas, locais e profissionais do sector – Luís Araújo evidenciou também três aspectos que considera fundamentais, para alcançarem o seu propósito: agir, liderança, valorizar.

Fez notar que «além de colocar as pessoas no centro da estratégia e de decidirmos o que queremos – crescer de forma sustentável – depois é preciso agir. 90% das reservas concentram-se no litoral e o que pretendemos é chegar a todo o território, ao longo de todo o ano». Uma das alturas em que ficou evidente a necessidade de agir foi em 2017, após os incêndios que devastaram a região Centro. E o Turismo de Portugal fez uma campanha para mostrar, não só ao País, mas ao mundo, que a região continuava preparada para receber bem. Nesse ano, a região Centro foi das que cresceu mais, nomeadamente nos hóspedes estrangeiros (32%).

E ,dois anos depois, os últimos dados do Instituto Nacional de Estatística, relativos ao passado mês de Agosto, revelam que a região cresceu acima da média nacional. Desde o início do ano, as dormidas aumentaram 4,7% (+6,5% nacionais e +2,6% estrangeiros).

Luís Araújo reiterou que é «preciso estar presente também nas piores situações e tomar a liderança», recordando o Brexit. «Se, em 2017, o número de turistas britânicos em Portugal continuava a crescer, os valores do ano passado fizeram soar os alarmes na hotelaria nacional e no Turismo de Portugal o que fez com que, este ano,  tivessem sido investidos 200 mil euros numa campanha para contrariar os efeitos da saída do Reino Unido da União Europeia no turismo nacional, onde representa 20% da quota de mercado. «Em quatro meses, 14 milhões de ingleses foram a ser impactados pelo #Brelcome», revelou, salientando o crescimento de 8% no número de turistas do Reino Unido em Portugal. «Quisemos mostrar-lhes que continuamos aqui para os receber.»

Na última – «mas não menos importante vertente» – a dos profissionais do sector, o responsável salientou que é imperativo valorizar. «Temos que atrair os melhores, mostrar que, a carreira é dura, mas impar na capacidade que oferece de crescimento.» E acredita que isso se consegue através de três simples acções: educação e formação; dar a melhor experiência e manter a autenticidade.

 

Por Ana Rita Rebelo 

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