Pequenas empresas, grandes talentos: como captar e reter bons profissionais nas MPE
Por Paulo Lima, cofundador e co-CEO da Matoaka.
Em Portugal, 99,1% do tecido empresarial é composto por micro e pequenas empresas que empregam cerca de três milhões de pessoas, de acordo com o Instituto Nacional de Estatística (INE), constituindo, consequentemente, uma parte vital da economia. Nestas circunstâncias, a capacidade de atrair e reter talento não é meramente uma alavanca de crescimento, mas uma questão de sobrevivência.
No actual contexto de mercado de trabalho altamente competitivo, essas empresas enfrentam uma intensa disputa por talentos. Essa competição é exacerbada pela emigração, o que resulta na perda de alguns dos melhores e mais qualificados profissionais. O fenómeno não ameaça apenas o futuro destas empresas, mas prejudica também a dinâmica socioeconómica nacional.
O ambiente laboral que estas organizações podem oferecer torna-se, assim, decisivo. Caso não se consigam adaptar para criar um verdadeiro sentimento de pertença e propósito, correm o risco de serem ultrapassadas. Implementar uma cultura que priorize as pessoas, valorizando tanto a colaboração quanto a individualidade, é fundamental para atrair pessoas que contribuam para o sucesso das micro e pequenas empresas em detrimento das grandes corporações. As organizações de menor dimensão devem ainda procurar destacar o impacto tangível que os colaboradores podem ter dentro de uma estrutura de micro e pequena empresa, uma vez que cada acção pode ser mais facilmente reconhecidas e valorizada de forma mais imediata e evidente enquanto nas médias e grandes empresas a percepção do impacto individual pode ser diluída pela vastidão da organização. Um ambiente mais próximo e ágil fortalece a motivação dos colaboradores, mas também permite uma maior agilidade na implementação de mudanças e inovações, tornando as micro e pequenas empresas mais adaptáveis e competitivas no mercado.
A flexibilidade emerge como um diferencial competitivo crucial. Os profissionais de hoje esperam poder influenciar as suas carreiras e evoluir em funções que se alinhem às suas paixões e competências. As empresas de menor dimensão, naturalmente mais ágeis, devem promover e maximizar essa flexibilidade de forma a captar os melhores talentos.
É fundamental investir no desenvolvimento contínuo dos colaboradores, considerando que grande parte dos profissionais mais jovens em Portugal valoriza oportunidades de aprendizagem e desenvolvimento ao selecionar um emprego, segundo o ManpowerGroup. Neste sentido, as micro e pequenas empresas não só devem oferecer, mas também destacar e implementar eficazmente programas de formação contínua para os seus quadros.
Oferecer participação nos lucros ou até mesmo acções da empresa aos colaboradores pode transformá-los em parceiros a longo prazo. Este modelo não só fortalece o compromisso, mas também alinha os objetivos dos colaboradores com os da empresa, criando um ecossistema onde todos se sentem responsáveis pelo crescimento mútuo.
Para este segmento do tecido empresarial nacional, é fundamental captar novos talentos. A hesitação em adaptar estratégias de recrutamento e retenção pode não só limitar o crescimento, mas também ameaçar a própria existência destas entidades vitais para a economia. É crucial que estas empresas reconheçam os desafios que enfrentam e se movam rapidamente e com determinação para os superar, garantindo assim a sua sobrevivência e prosperidade num mercado cada vez mais desafiador.