Por dia, os profissionais têm apenas pouco mais de metade (sim, metade) de horas de foco e trabalho produtivo
Uma nova investigação descobriu que os profissionais passam quase cinco horas por dia envolvidos em trabalho produtivo, noticia a Korn Ferry. A frustração e o tédio dominam o resto do tempo?
Para a maioria das pessoas, ao que parece, o dia de trabalho é uma luta constante entre estar completamente focado ou sentir-se completamente frustrado.
De acordo com uma nova investigação, os trabalhadores do conhecimento passam pouco mais de metade do seu dia de trabalho, ou 4,9 em cada 8 horas, em trabalho focado e produtivo. Mas o que limita a sua capacidade de concentração não é apenas a natureza do trabalho intelectual ou a necessidade de dar ao cérebro uma pausa na concentração. As distracções — seja no escritório ou em casa, a responder a e-mails, a participar em reuniões ou a cuidar de alguém — também reduzem significativamente a capacidade de concentração dos trabalhadores em tarefas importantes.
«Nem todos os minutos de cada dia serão dedicados ao trabalho produtivo», afirma David Farris, director de contas e do sector de serviços profissionais da Korn Ferry. Farris compara as distracções que tanto frustram os colaboradores ao trabalho de preparação necessário antes de pintar uma casa. «Muitas coisas precisam de acontecer antes de abrir a lata de tinta e começar a fazer o trabalho a sério», explica.
Quase cinco horas de foco e concentração por dia são uma melhoria em relação a estudos anteriores, que estimavam apenas duas a três horas. Dennis Deans, vice-presidente de Recursos Humanos da Korn Ferry, afirma que estes resultados sublinham a forma como os colaboradores conseguiram adaptar-se ao trabalho remoto e alcançar um equilíbrio entre a vida pessoal e profissional que lhes permite ser produtivos. «Isto sugere que as pessoas encontraram o seu ritmo.»
Dados recentes confirmam-no: a produtividade, definida como a produção total da economia dividida pelo número de horas trabalhadas, aumentou 2% ou mais durante cinco trimestres consecutivos. Como termo de comparação, a sequência mais longa registada foi de dois trimestres consecutivos.
A Inteligência Artificial (IA) tornou-se uma ajuda essencial para os trabalhadores e os especialistas observam que pode estar a aumentar o seu tempo produtivo. Entre 40% e 50% dos profissionais afirmam que a IA reduziu o número de tarefas rotineiras, libertando-os para resolver desafios, trabalhos mais criativos ou aprender novas competências. «Se os colaboradores forem capazes de apresentar os resultados pelos quais são responsáveis em menos de oito horas, isso deve ser algo celebrado pelos líderes», Maria Amato, Senior partner da Korn Ferry. Mas claro que a IA não vai curar todo o tédio e frustração que as pessoas sentem nos seus empregos.
Para os críticos, estes resultados são mais um indício da crescente falta de engagement e satisfação no trabalho, que já afecta mais de dois terços dos colaboradores revelam vários estudos. Os críticos dizem ainda que tendências como #bareminimummondays e #boredatwork expressam a frustração que as pessoas sentem com a falta de oportunidades de carreira, salários baixos, cargas de trabalho incomportáveis e quebra de confiança com os seus empregadores. «Ainda há muitas pessoas que aparecem para trabalhar, mas não dão o máximo de si e apenas se esforçam para sobreviver», diz David Farris.
Para os líderes, maximizar a produtividade é fundamental, principalmente num ciclo de crescimento lento. Contudo, os especialistas dizem que a forma de o fazer não é sobrecarregar os colaboradores com mais trabalho. Em vez disso, garantem que os esforços para aumentar o engagement — incluindo minimizar as distracções, reduzir o stress e construir uma cultura — levarão a uma maior produtividade. «Tornar o trabalho gratificante é a forma de obter mais foco e esforço de concentração por parte dos colaboradores», afirma Ron Seifert, director de recompensas e benefícios da Korn Ferry.