Portugal é o quinto país (do mundo) com maior escassez de profissionais, revela estudo. Conheça os sectores mais afectados e as competências que mais faltam

Segundo dados do Talent Shortage Survey 2024, estudo do ManpowerGroup, 65% dos empregadores portugueses revelam alguma dificuldade em encontrar profissionais com os perfis de que necessitam e 16% sentem mesmo muita dificuldade. De acordo com o estudo, apenas 17% das empresas revela não sentir qualquer desafio em encontrar o talento desejado. Assim, a escassez de talento alcança 81%, valor com ligeira descida face a 2023, quando este se revelava em 84%.Com este resultado, Portugal encontra-se na quinta posição entre os países com maior escassez de profissionais, acima da média global, que se situa nos 75%. No mesmo patamar estão também a Irlanda e da Índia, e com mais dificuldades encontra-se o Japão, com 85%, seguido da Alemanha, Grécia e Israel, que se fixam nos 82%.Embora todos os sectores nacionais analisados no estudo revelem dificuldades na contratação, é o sector da Saúde e Ciências da Vida que apresenta uma escassez de talento mais acentuada, com 86% das empresas do sector a revelarem dificuldades na contratação. Seguem-se os sectores da Indústria Pesada e de Materiais, com 84%, e o de Bens e Serviços de Consumo, que contempla as actividades de Retalho, Distribuição, Hotelaria e Indústria de Bens de Consumo, com um valor de 82%.Nos sectores dos Serviços de Comunicação – que incluem telecomunicações e media -, Finanças e Imobiliário e Energia e Utilities, a escassez de talento fixa-se nos 81%, surgindo, de seguida, o sector das Tecnologias da Informação, a registar um valor de 80%. Finalmente, com uma escassez de talento de 74%, encontra-se o setor dos Transportes, Logística e Automóvel, que registou o abrandamento mais expressivo da escassez de talento, face ao verificado em 2023, quando esta foi de 86%.A nível regional, é na Região Sul e Grande Porto que os empregadores têm mais dificuldades na contratação de profissionais, com valores a situarem-se nos 87% e 86%, respectivamente. Segue-se a Região Centro, com uma escassez de talento de 82%, e a Região Norte, a fixar-se nos 79%. Por fim, 77% das empresas da Grande Lisboa assumem sentir também estes desafios.  O estudo mostra que todas as categorias de dimensão de empresa analisadas afirmam ter dificuldades em contratar o talento necessário em 2024. São as Grandes Empresas até 1000 trabalhadores e as Médias Empresas as que registam uma escassez de talento mais elevada, a situar-se nos 87% e 84%, respectivamente. Seguem-se as Grandes Empresas entre 1000 e 5000 trabalhadores, e as com mais de 5000 trabalhadores, ambas com 82% dos empregadores a revelarem dificuldades em encontrar os perfis desejados.Com valores ainda elevados, embora menos acentuados, os empregadores das Pequenas e as Microempresas registam uma escassez de talento de 80% e 73%, respectivamente.Nos que respeita às competências técnicas em falta, 26% dos empregadores portugueses voltam a referir os perfis tecnológicos e especializados em Data, mantendo a tendência que se tem vindo a registar desde 2022. Além destas, destaca-se, em 2024, a necessidade por profissionais na área do Marketing e Vendas, relatada por 21% dos empregadores inquiridos, e ainda com competências na área da Engenharia, destacada por 20% das empresas inquiridas.

Em vagas relacionadas com o Atendimento e a Relação com o Cliente, a escassez de talento demonstra-se também uma realidade, com 19% dos empregadores a destacarem a necessidade por profissionais com as competências técnicas nesta área. Destaca-se ainda a procura por competências técnicas nas áreas de Operações e Logística e Indústria e Produção, ambas referidas por 18% dos empregadores.  O estudo revela que, num panorama cada vez mais digital e com constantes avanços tecnológicos, as competências humanas são cada vez mais importantes no mundo do trabalho. Na verdade, segundo o estudo “O Futuro do Trabalho tem huManpower”, da Manpower, 46% dos empregadores refere que as soft skills são os atributos mais importantes a considerar durante o processo de recrutamento.Dentro destas competências, é a capacidade de colaboração e trabalho em equipa que mais se destaca, sendo procurada por 46% das empresas, seguida da resolução de problemas, referida por 34% dos empregadores nacionais. Também muito procuradas pelos empregadores encontram-se a resiliência e adaptabilidade (32%), a responsabilidade e fiabilidade (27%) e ainda a capacidade de iniciativa, referida por 22% dos inquiridos.    Tendo em conta o actual cenário de dificuldade na contratação, os empregadores estão a desenvolver novas estratégias para irem ao encontro das preferências de candidatos e trabalhadores e assim reforçarem a sua capacidade de atracção de talento.  Oferecer uma maior flexibilidade sobre quando e onde é realizado o trabalho surge, assim, como a principal prioridade das empresas para tornar a sua proposta mais atractiva, sendo referida por 50% dos inquiridos, mantendo a tendência verificada no ano passado. Os empregadores procuram, desta forma, promover a autonomia e o equilíbrio e bem-estar do seu talento, respondendo à sua preferência crescente por modelos híbridos e horários mais flexíveis.

A par desta estratégia, segue-se o aumento dos salários, medida destacada por 30% dos empregadores que procuram, assim, responder ao contexto de inflação e ao impacto no poder de compra dos trabalhadores, e a diversificação das bases de talento, recorrendo por exemplo a talento sénior, destacada por 26%.Além destes é referida ainda a oferta de bónus de integração na empresa, e a manutenção de colaboradores que são parcialmente redundantes, ambas as estratégias mencionadas por 22% dos inquiridos.O estudo do ManpowerGroup entrevistou mais de 38 mil empregadores em 41 países e territórios.