Portugal é o segundo pior da União Europeia em literacia financeira. O Doutor Finanças tem um projecto para ajudar a mudar isso

Aumentar o conhecimento financeiro tem sido a grande missão do Doutor Finanças na última década, até porque Portugal é o segundo pior da União Europeia no ranking de literacia financeira. O Banco de Horas é mais uma iniciativa com esse propósito, e tem agora um público-alvo fundamental: estudantes universitários.

 

Por Tânia Reis

 

Ajudar as famílias portuguesas a melhorar a sua saúde financeira tem sido o grande desígnio que move o Doutor Finanças em parte concretizado através da sua Academia. «Criada pouco depois do início do Doutor Finanças, existe para disponibilizar formação em finanças pessoais, a toda a população, de forma transversal», explica o seu responsável, Sérgio Cardoso, Chief Academic Officer (CAO) do Doutor Finanças.

Uma década, vários prémios e milhares de horas de formação depois, o mais recente projecto de literacia chama-se Banco de Horas, «uma iniciativa que permite disponibilizar formação em finanças pessoais a quem não tem condições para suportar esse investimento», que conta com o apoio de parceiros que se juntaram à iniciativa e escolhem o número de sessões que desejam apoiar, de forma a contribuir conjuntamente para o aumento da literacia financeira. «Na prática, é uma bolsa constituída por tempo. Tempo esse que pode ser “comprado” por entidades que queiram contribuir para a melhoria do bem-estar financeiro da sociedade», resume.

Criado em 2023, já permitiu realizar 28 sessões «e estão agendadas mais 46, a ocorrer proximamente», conta o responsável, acrescentando que acumularam cerca de três mil horas de formação e cerca de 1500 formandos. Ainda assim, para que esta missão possa ser levada a mais pessoas «é fundamental tornar este projecto mais robusto. Quantas mais entidades se juntarem a este projecto, mais pessoas poderão ser impactadas», sensibiliza.

E qualquer organização se pode associar a este Banco de Horas. Basta entrar em contacto com a Academia Doutor Finanças, que fará depois a análise da melhor forma de apoiar. Igualmente, «as entidades interessadas em receber formação em finanças pessoais contactam a Academia, submetendo a sua candidatura », após a qual avaliam a situação e dão resposta ao pedido.

 

Aumentar a literacia dos universitários
No geral, o Banco de Horas destina-se a todas as entidades e as suas pessoas, refere o CAO, porém um dos projectos, que conta com o apoio do Bison Bank, está focado num público específico: estudantes do ensino superior. «A esta iniciativa podem candidatar-se as faculdades, as associações de estudantes ou outros organismos associados, como núcleos de estudantes.» E este público-alvo não surge por acaso. «Para nós, é um público determinante para a evolução da nossa sociedade», defende. «Começar a semear conhecimento financeiro de uma forma mais abrangente pela sociedade é fundamental.»

Numa fase disruptiva das suas vidas, estes jovens «estão a terminar estudos e a prepararem-se para entrar no mercado de trabalho», destaca Sérgio Cardoso. «Desde o que vão ganhar a como podem gastar o seu dinheiro, há um sem número de temas a partilhar com eles, que podem fazer toda a diferenças nas decisões que vão ter de tomar em breve.» Por isso, garante que «preparar esta geração para a realidade que vão encontrar e quais as soluções que têm pela frente» é essencial para o Doutor Finanças.

A primeira edição deste Banco de Horas arranca com uma “dupla de peso”. Do lado do Doutor Finanças, mais concretamente a Academia, fica a responsabilidade de realizar a formação propriamente dita, com uma equipa certificada e especializada no tema, dando resposta às solicitações de associações de estudantes, núcleos de alunos ou outros organismos associados às instituições de ensino superior. Do outro lado, «o Bison Bank, que também reconhece a relevância e os desafios desta temática, decidiu juntar-se ao Doutor Finanças e disponibilizou 50 acções de formação», realça.

Juntas, estas duas entidades pretendem realizar um total de 100 sessões em instituições de norte a sul do País, para quem está na fase de transição para o mercado de trabalho, abordando temas como as novas responsabilidades enquanto contribuinte, como descodificar o recibo de vencimento, como fazer um orçamento pessoal, ou como aproveitar o IRS Jovem.

Sérgio Cardoso dá nota que 12 delas já aconteceram e estão agendadas 26. «No total, mais de 600 alunos já usufruíram destas sessões», abrangendo entidades de norte a sul do País, como ISCTE, ISCAL, UTAD, Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, ISEG e Nova Medical School. «Uma grande surpresa tem sido o facto de a maior parte dos pedidos serem de faculdades dedicadas à formação em Economia e Gestão.»

Além de promover literacia financeira nas camadas mais jovens e ajudar a colmatar uma falha no currículo escolar, outro dos objectivos do Banco de Horas é alcançar o maior número de pessoas. «Neste sentido, um dos focos é garantir que há diversidade geográfica e de formação entre os formandos, precisamente para garantirmos que estamos a fazer algo mais abrangente.»

 

Leia o artigo na íntegra na edição de Abril (nº. 160) da Human Resources.

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