Portugal lidera projecto europeu de educação científica

O PAFSE (Partnerships for Science Education) é um projecto europeu de educação científica, liderado por Portugal, centrado no reforço da literacia em saúde, na desmistificação de mitos e estereótipos associados às áreas CTEM/STEM (Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemáticas) e na preparação dos estudantes para seguirem currículos e profissões ligados a esta área, com particular destaque para as ciências da saúde. 

 

Liderado pela ENSP NOVA (Escola Nacional de Saúde Pública – Universidade Nova de Lisboa), sob condução da investigadora e professora Carolina Santos, o PAFSE tem como missão desenvolver as competências, curiosidade e o interesse nos estudantes em seguirem currículos e profissões nesta área, bem como prepará-los para serem embaixadores da saúde pública nos seus ambientes de vida.

O consórcio de nove entidades construiu clusters de educação de ciência com epicentro nas escolas de ensino secundário, que se traduziram em parcerias com universidades, centros de investigação, empresas, fundações, associações e organizações da sociedade civil.  Os parceiros desafiaram as escolas a abrirem-se à comunidade com o objectivo de enriquecer as actividades de educação CTEM e conectar o currículo das ciências com desafios reais da sociedade e das organizações. Os alunos tiveram a oportunidade de interagir com investigadores, empresários, profissionais de saúde, gestores, cientistas de dados, comunicadores de ciência, economistas da saúde, engenheiros, entre outras profissões relevantes da área CTEM, conhecendo melhor o seu percurso académico e trabalho nas organizações que os empregam.

O consórcio preparou ainda professores para explorarem um conjunto alargado de desafios da saúde  pública em sala-de-aula e desenvolveu recursos pedagógicos, promovendo a implementação de projectos de base científica e actividades formais e informais de aprendizagem com os parceiros do cluster, recorrendo-se a ferramentas digitais e ambientes de ensino-aprendizagem dinâmicos para promover o desenvolvimento das 21st century skills (ex.: criatividade, capacidade de resolução de problemas, colaboração), competências de gestão de projecto e recolha/análise/interpretação de evidência científica.

O PAFSE fomentou a utilização da metodologia de Aprendizagem Baseada em Projeto (PBL) dada a extensa evidência sobre a sua efectividade na educação das ciências, tecnologia, engenharia e matemática. Através da metodologia de PBL, os estudantes foram estimulados a desenvolver projectos de base científica que promovem a sua saúde e previnem doença na comunidade. Os projectos de investigação encontram-se enquadrados em cenários de aprendizagem desenvolvidos no primeiro ano de projecto, testados em 40 escolas no ano seguinte e escalados na sua implementação em 2024 através da formação de professores.

O cenário de aprendizagem é uma estrutura que promove a aprendizagem eficaz através da identificação de objectivos de aprendizagem, combinação de actividades dinâmicas em ambientes formais e informais, dentro e fora da sala de aula, prevendo a exploração pelos alunos de objectos digitais de aprendizagem desenvolvidos pelo consórcio e a navegação em plataformas digitais desenhadas para o efeito.

«Em cada escola, os desafios da saúde pública foram explorados de forma multidisciplinar, através da constituição de equipas com professores de diferentes disciplinas – ciências, matemática, tecnologias da informação, física, química, geografia, inglês, cidadania. Diversos desafios foram trabalhados – desde as doenças zoonóticas, à preparação para futuras pandemias, ao cancro, doença cardiovascular, diabetes, resistência a antibióticos, sistemas de inteligência artificial na saúde pública, objectivos de desenvolvimento sustentável», explica Carolina Santos, investigadora principal do projecto e coordenadora do consórcio.

«No final do processo de ensino-aprendizagem, os alunos sob mentoria dos professores, organizaram eventos públicos de apresentação das suas aprendizagens e, particularmente, da evidência gerada pelos seus projectos de investigação, trazendo propostas e recomendações que beneficiam a saúde e bem-estar da comunidade.»

O PAFSE – Partnerships for Science Education iniciou em 1 Setembro 2021 e termina em 31 Agosto de 2024, financiado pelo Horizon 2020 Framework Programme – programa de apoio à inovação e investigação da Comissão Europeia, com um montante de financiamento no valor de 1.46 milhões de euros.

Integrou uma montra de 100 projectos seleccionados para apresentação no New European Bahaus Festival, em 2022, e um conjunto de 16 projectos seleccionados para apresentação na conferência de alto nível da European Research Agency, 18-19 Setembro, em Bruxelas, pelo seu carácter inovador e impacto na sociedade.

A conferência final PAFSE 2024, de apresentação dos resultados teve como tema “Open Schooling Innovations for Public Health Education” e  decorreu dia 12 de Julho na reitoria da Universidade de Lisboa com acesso gratuito.

PAFSE em números
– Estimativa do número de professores envolvidos no PAFSE na fase piloto:
149 (Europa)
– Estimativa do número de alunos envolvidos no PAFSE na fase piloto: Portugal: 1975 | Europa: 4050

Estimativas da fase de alargamento do projecto/ SCALE-UP (ano lectivo 2023-2024) 
– Número de professores que fizeram formação (nível europeu): 5709 (falta apuramento de dados da Grécia)
– Número de escolas que participaram na formação (Portugal):  813
– Número de escolas que participaram na formação (ENSP NOVA): 372
– Número de professores que fizeram formação (ENSP NOVA): 1440
Número de professores que fizeram formação (Portugal): 3884
Lista de Distritos/ Locais de proveniência dos professores: Açores, Aveiro, Beja, Braga, Bragança, Castelo Branco, Coimbra, Évora, Faro, Guarda, Leiria, Lisboa, Luanda, Angola, Madeira, Portalegre, Porto, Praia (Cabo Verde), Santarém, São Tomé e Príncipe, Setúbal, Timor-Leste, Viana do Castelo, Vila Real, Viseu
Número estimado de alunos que usufruíram do projecto PAFSE a nível europeu e PALOP ao longo de três anos: 114.278

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