Portugal tem elevada pressão salarial e desajuste de talentos

Portugal está entre os 34 países com maior pressão salarial em sectores altamente qualificados e desajuste de talentos, segundo a oitava edição do Hays Global Skills Index, relatório publicado pelos especialistas em recrutamento da Hays em colaboração com a Oxford Economics.

 

Intitulado “The Global Skills Dilemma: How Can Supply Keep Up With Demand”, o documento revela que, apesar de registar um dos mais elevados níveis de pressão salarial em sectores altamente qualificados, Portugal decresceu este ano de 9.9 para 8.3, estando actualmente em o 8.º lugar entre os 34 países analisados. México (10), Espanha (10), Nova Zelândia (10) Estados Unidos (9.6) e Alemanha (9.5) ficam à frente.

O relatório explica que o gap salarial entre sectores altamente qualificados e não qualificados diminuiu, motivado pela queda dos salários no sector financeiro, a que acresce o facto da queda de as taxas de desemprego não ser acompanhada de um aumento dos salários, causando «um fenómeno global de estagnação de salários».

Ao nível do desajuste de talentos, o indicador de decresceu de 9.4 para 8.6 em 2019, devido à queda da taxa de desemprego e pela quantidade de ofertas de emprego disponíveis. «Isto indica que houve uma melhor correspondência de aptidões, apesar do indicador permanecer elevado», explica a Hays, apontando, contudo, que esta escassez das aptidões «pode estar a travar o crescimento dos negócios, sendo que não há profissionais suficientes e disponíveis com as competências adequadas para preencher as vagas».

O Index deste ano identifica ainda o rápido desenvolvimento tecnológico como um dos principais factores que contribuem para o desajuste de talentos, à medida que os empregadores lutam para encontrar profissionais qualificados para preencher as ofertas. Portugal encontra-se na 8ª posição dos país com maior desajuste e ligeiramente atrás de países como Espanha (10), França (10), Luxemburgo (10), Japão (9.8) e Dinamarca (9.5).

Criado com base em sete indicadores e com uma pontuação de 0 a 10 por indicador, o Index concluiu que em flexibilidade ao nível da educação Portugal regista 5.2 pontos; na participação no mercado laboral, 5.1; na flexibilidade no mercado de trabalho, 6.1: no desajuste de talentos, 8.6; na pressão salarial, 5.1; na pressão salarial em sectores altamente qualificados, 8.3; e zero na pressão salarial em ocupações de altamente qualificados.

Portugal apresenta, assim, uma pontuação geral no índice de 5.5. «Apesar de Portugal continuar com uma conjuntura económica favorável, com uma taxa de desemprego que ronda os 6.7%, será uma oportunidade desperdiçada se as empresas não adequarem as medidas necessárias para se adaptarem a esta realidade do mercado laboral», comenta Paula Baptista, managing director da Hays Portugal.

Já a pontuação geral do índice deste ano de todos os países permanece inalterada em relação a 2018 com o valor de 5.4.

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