Portugal tem o ecossistema ideal para atrair empreendedores. Sabe porquê?

A Invillia, que se propõe expandir a capacidade digital das empresas, escolheu Portugal para localizar o seu primeiro hub de inovação na Europa, porque tem «uma estrutura arquitectada para atrair ideias, empreendedores e sonhadores». E vai recrutar, mas não só cá, pois segue um modelo que «não escolhe país, escolhe talento».

 

Entrevista a Renato Bolzan, CEO da Invillia

 

De forma simples, o que faz a Invillia? Ou seja, qual a vossa proposta de valor para as empresas?
O poder da Invillia é de dentro para fora: criar ferramentas, metodologias e ambientes para que os nossos 500 colaboradores espalhados pelo mundo se sintam felizes, conectados e capacitados para criar e desenvolver os melhores produtos digitais. Esse é o nosso dia-a-dia. A nossa visão e missão.

Para o mercado, ou seja, para os players que estão a passar por uma grande procura pela tríade – inovação, qualidade e pessoas – nós somos um Global Growth Framework. A Invillia expande o poder, a capacidade digital dessas empresas.

 

Como?
De três formas principais: (1) entramos nos objectivos e cultura do cliente de maneira profunda, acrescentando a nossa visão estratégica e tecnológica; (2)
conectamos a melhor equipa para cada desafio, não importa onde o talento mora, está; e 3) qualificamos cada squad de maneira super customizada, voltada para a qualidade da entrega, resultados incrementais e rápidos.

 

Estão actualmente com um plano de expansão internacional e escolheram Portugal para localizar o vosso primeiro hub de inovação na Europa. Porquê?
Na nossa análise, Portugal tem potencial para ser um dos líderes entre todos os hubs de inovação num futuro próximo. Temos cá mentes com visão global, excelência em educação, incentivos locais e do governo. Uma estrutura arquitectada para atrair ainda mais ideias, empreendedores e sonhadores. É o ecossistema ideal e estratégico na procura não só de clientes, mas de novos talentos. Porém não o único.

Em Janeiro anunciaremos o hub UK, sediado em Londres. Ainda em 2020, devemos aterrar nos EUA e no México. A ideia é que todos os hubs actuem conectados, colaborando e gerando capital intelectual e tecnológico. É o que chamamos de Global Tech Community, em que todos os clientes estão convidados a participar, interagir e aproveitar as diversas possibilidades e oportunidades. Por exemplo, entendemos muito do mercado brasileiro. Por que não usar toda essa experiência a favor das empresas portuguesas?

 

Aquilo a que se propõem é acelerar o crescimento digital das empresas. Tem ideia de qual o estado evolutivo das empresas em Portugal, nesse âmbito? O que diria que é mais urgente para “não perderem” o comboio da transformação digital e, consequentemente, não colocarem em risco a sua competitividade?
Antes de abrir o hub Europa em Lisboa, estudámos o mercado português e os pólos de inovação de sul a norte. Temos, como em todos os países, empresas em estágios muito diferentes de entendimento dos potenciais impactos desse momento no futuro. Não adianta simplesmente contratar um head of Innovation. A transformação é cultural e profunda. Todas as empresas precisam de se preparar e participar. É urgente. Não só pelos ganhos internos de escalabilidade, mas principalmente porque o consumidor mudou. A mesma conveniência e simplicidade que ele tem para pedir e pagar um Starbucks por app, ele quer na banca, na hora de comprar uma viatura, ou escolher uma roupa. A concorrência já não é apenas por produto ou serviço. É pela experiência. Sem promover já a disrupção do negócio, ficará cada dia mais difícil competir amanhã.

 

Que objectivos pretendem alcançar a curto/médio prazo, em Portugal?
Os principais game-changers da América Latina já inovam com a Invillia. Empresas como iFood, 99, C6 Bank, Gympass, Pagseguro.  Queremos construir grandes casos de sucesso também aqui. Vemos um potencial enorme nas empresas portuguesas. E a médio prazo podemos também ajudá-las a serem referência no cenário nacional e mundial. Exportar inovação e tecnologia. Além disso, queremos atrair os talentos da região para o nosso framework global. As mentes daqui têm muito a contribuir e ensinar.

 

O que identifica como principais desafios nesse caminho?
O facto de ainda não sermos conhecidos no cenário europeu. Por isso incentivamos a entrarem em contacto com os nossos clientes globais. Somos referência por parcerias de longo prazo. Melhor do que falarmos de nós próprios, é ouvir de quem atendemos no dia-a-dia o que é ter “infinite digital power”.

 

E quais os vossos trunfos, para assegurar esse “infinite digital power”?
A nossa oferta é única. Não conhecemos outro modo de actuar tão completo, flexível, potencializador como o nosso Global Growth Framework. Investimos como ninguém na nossa equipa, na qualidade da entrega, no completo entendimento da cultura dos clientes. Isto tudo impacta onde realmente importa: nos resultados.

 

Em que consiste o BestMinds, BestWhere?
É parte fundamental do framework Invillia. Mais do que um feature, é um processo que tem sido aprimorado ano após ano. Começa por uma metodologia regular e rigorosa de treino e recrutamento de talentos, e diversas iniciativas de formação de novos profissionais. E continua com a monitorização, mentoria one-to-one: com skill-ups técnicos, emocionais e de liderança conduzidos e geridos pelo braço Invillia Academy. Uma espécie de universidade interna que, entre muitas inovações, montou o YourClass Studio, um espaço aberto para que qualquer pessoa produza conteúdos e divida conhecimentos com todos (open knowledge).

Em paralelo, a Invillia redesenhou a sua estrutura, workflow e ferramentas, para derrubar todas as barreiras entre trabalhar nos headquarters ou em qualquer lugar do planeta, num projecto que hoje é referência de interação, performance e integração. E que permite recrutar com muito mais precisão e liberdade o talento certo para cada squad (innovation unit) do cliente. Hoje somos 500 pessoas conectadas numa capacidade de expansão sem limites.

 

Qual a importância que a Invillia Academy assume na vossa estratégia?
No nosso mercado, o que se aprende hoje talvez mude até amanhã, criando os tech learning gaps. Além disso, os projectos são diferentes, pedem tecnologias, conhecimentos específicos. A nossa universidade nasceu por esse motivo, mas rapidamente percebemos que poderia ir mais além. Melhorámo-la com um programa voltado para a identificação e aperfeiçoamento de soft e power skills, promovemos conversas e webinars para trazer inspirações e tendências, criamos Nanodegree Programs. E para o ano lançaremos cursos específicos para os C-levels, expandindo o âmbito da Invillia Academy.

Vai ainda ganhar uma componente de inteligência artificial, acoplada ao nosso framework interno para acompanhamento individual, entendendo acção a acção, os assuntos e interesses de cada pessoa. E recomendando dinamicamente a aprendizagem de novos conteúdos e ferramentas. Isso tudo é feito em total colaboração interna. Alunos viram professores. Professores viram alunos. Tudo é conversado e melhorado organicamente.

 

Com a entrada em Portugal, prevêem recrutar 50 profissionais, chegando aos 100 no próximo ano. Que perfis procuram?
Neste momento temos mais de 50 vagas em aberto (https://jobs.kenoby.com/invillia) em diferentes perfis: engineer, devops, UX, squad leader, react native, graphic designer, entre outros. O nosso modelo não escolhe país, escolhe talento. O nosso framework derrubou todas as barreiras de distâncias e time zones. Não importa onde cada um está e sim quão preparado está para fazer parte da equipa. Somos muito criteriosos na avaliação. Queremos receber mais currículos de profissionais portugueses, foram poucos até agora.

 

E privilegiam as competências técnicas, ou as soft skills assumem igual relevância?
Os dois são importantes. Procuramos o equilíbrio intelectual e emocional. Além de entender se a pessoa está preparada para o nosso modelo, se terá o fit com a nossa cultura. E se está disposta a liderar, aprender e partilhar.

 

Há uma concorrência extrema por esse tipo de perfis e elevada escassez de talento nessas áreas, e não só em Portugal. Como pretendem ultrapassar este “problema”?
Não estamos imunes à realidade do mercado. Porém o nosso Global Growth Framework dá-nos uma vantagem competitiva. Não olhamos para a localização, olhamos para o indivíduo. A pessoa pode morar numa cidade com 1000 habitantes e trabalhar para a Invillia, lidar com clientes globais e profissionais brilhantes. Haverá melhor benefício? Para além disso, acreditamos que o mercado fala bastante em proposal, ambientes informais, worklife balance. Isso é uma obrigação, não um diferencial. Acima de tudo, precisa haver transparência. Proporcionar uma visão clara sobre o futuro. Esse é o nosso valor estratégico. E o que os profissionais deveriam considerar quando escolhem onde trabalhar.

 

Depois de Portugal, quais os vossos próximos planos?
O nosso foco hoje é Portugal. E continuará a ser. O nosso plano 2020 para a Europa prevê mais um hub em Londres, e dois na América do Norte, como disse. Ainda em 2020, vamos apresentar novos componentes relacionados ao nosso Global Growth Framework e à Invillia Academy. Também estamos a preparar um programa específico para startups que queiram crescer baseadas no nosso modelo. Queremos estreitar muito os laços com as universidades e outros polos de inovação. Não é à toa que distribuímos uma t-shirt a todos este ano:  Innovation never stops. Never stop the innovation.

 

 

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