Portugueses de Sucesso: O desejo de ter um impacto positivo, aliado à “síndrome de expatriado”
Cabo Verde, Filipinas, Tailândia, Reino Unido, França e Japão. Foram estes os países onde Rita Monteiro já trabalhou. Aos 34 anos, é responsável pela área de Sustentabilidade na Amazon Japão, podendo assim concretizar o seu objectivo de contribuir para uma sociedade melhor.
Por Ana Leonor Martins
Rita Monteiro tem formação em Psicologia e especialização em Gestão de Recursos Humanos, área na qual começou a sua carreira, com um estágio na Jerónimo Martins. Mas sempre teve tendência para exercer mais do que uma actividade ao mesmo tempo e, por isso, ao longo do seu percurso, investiu em negócios próprios, nomeadamente na área de mergulho recreativo. Em 2013, foi para o Sudeste asiático, precisamente para gerir escolas de mergulho, mas para outras empresas. Ao final de pouco tempo, sentiu que precisava de uma carreira diferente, «em que pudesse ter mais impacto de negócio e na sociedade» e isso levou-a a fazer o MBA do The Lisbon MBA Católica | Nova, em 2016.
«Através do MBA, com um grande foco internacional, da metodologia Action Learning presente ao longo do programa e da rede de networking proporcionada pela escola, foi-me apresentada a Amazon», conta Rita Monteiro. E é na Amazon que está, desde 2017. Entrou para o programa do Pathways, trabalhou dois anos no País de Gales, depois foi para França e, em 2019, muda-se para o Japão, para trabalhar em Supply Chain e Logística. É no Japão que está hoje, agora como responsável pela área de Sustentabilidade.
Desde 2010 que tem desenvolvido o seu percurso fora de Portugal. Sempre foi um objectivo de carreira?
Durante a minha licenciatura, senti uma grande necessidade de trabalhar fora de Portugal, pois achei que a experiência de viver num país diferente me traria aprendizagens e recalibração de valores.
Não posso dizer que a minha carreira foi planeada, e nunca sonhei trabalhar em sítios tão distintos. Sempre adoptei uma filosofia de deixar as minhas opções abertas a diferentes tipos de oportunidades, que me fizessem sentido em termos de crescimento pessoal e profissional.
Por outro lado, a realização do The Lisbon MBA e a experiência de aprendizagem única que proporcionou veio reforçar a vontade de trabalhar num contexto internacional e empreendedor, que me permitisse ter um impacto positivo e contribuir para uma sociedade melhor.
Em 10 anos, penso que já esteve em seis países diferentes. Em alguns menos de um ano. O que atrai nesse modo de vida mais “nómada”?
A vida nómada, tanto antes como depois de entrar na Amazon, também nunca foi planeada. Contudo, confesso, que quanto mais experienciei a vida “lá fora”, mais vontade senti em descobrir e experienciar novas culturas.
Penso que há algo denominado de “síndrome de expatriado“, que é uma combinação de curiosidade e emoção de recomeçar num lugar novo, conhecer novas formas de trabalhar, conhecer pessoas, com percursos profissionais e de vida totalmente diferentes dos meus, e perceber as nuances de gestão e trabalho em diferentes países. Aprende-se muito com estes contrastes.
Nesses diferentes países, conseguiu perceber qual a opinião que existe sobre os profissionais portugueses?
Depende dos países. Nos países asiáticos por onde passei, há um certo desconhecimento sobre Portugal, mas é inegável que o Cristiano Ronaldo fez algo incrível, conseguindo pôr o País no mapa. No Reino Unido, penso que somos vistos como um povo esforçado e genuíno, e em Cabo Verde a morabeza faz-nos sentir em casa.
Que balanço faz destes 10 anos como expatriada? Quais as principais aprendizagens?
Tornei-me mais resiliente. Sinto que cresci, e continuo a crescer, bastante. Aprendi a estar constantemente fora da minha área de conforto e a enfrentar desafios com uma série de ferramentas que acumulei ao longo de todos os anos. Pelos contrastes de cultura, aprendi a valorizar mais Portugal. É algo comum nos expatriados que encontro. Todos defendemos o País como o melhor do mundo.
O que destacaria de positivo e de menos positivo nessas diferentes experiências?
Como positivo, o que já referi. Novos começos e aprendizagens de carácter pessoal e profissional são uma experiência incrível. Mas estar longe da família e dos amigos é difícil. Pelo facto de ter mudado tão frequentemente de país, torna-se difícil criar raízes e ter um sentido de pertença. A minha irmã até diz que já não sei falar português!
E o país de que mais gostou, consegue identificar? Ou do que gostou menos…
Portugal está sempre no topo da lista. Todos os países por onde passei deram-me coisas muito positivas e aprendizagens valiosas, não tenho nenhum de que gostei menos!
Em 2008 criou o seu primeiro negócio, tinha então 22 anos. O que motivou esta aposta num negócio próprio?
Criei este projecto juntamente com a minha irmã e pensei que seria uma excelente oportunidade para aprender a gerir um negócio. Estive na Comtempo ao mesmo tempo que fazia o mestrado. A Comtempo era uma pequena loja que procurava promover artesanato e pequenos artistas locais e internacionais, e tinha vendas físicas e online.
Leia a entrevista na íntegra na edição de Agosto (nº. 116) da Human Resources, nas bancas, e fique a conhecer o percurso de Rita Monteiro, o que a motivou, os principais desafios que tem enfrentado e também o que está a fazer agora na Amazon Japão.