Quase 40% das empresas portuguesas querem contratar mais para o ano. Mas automação já impacta decisões de contratação

As perspectivas de contratação em Portugal para o primeiro trimestre de 2026 são optimistas, com uma Projecção para a Criação Líquida de Emprego de +19%, segundo dados do ManpowerGroup Employment Outlook Survey.
Os empregadores nacionais mantêm-se resilientes num contexto de incerteza, com as intenções de contratação a recuperarem face aos dois trimestres anteriores e a voltarem aos níveis de início de 2025. A Projecção aumenta, por isso, cinco pontos percentuais face ao trimestre anterior e um ponto percentual quando comparada ao primeiro trimestre do ano. Não obstante, a média do talento que as empresas pretendem contratar diminuiu face aos meses de Outubro a Dezembro, passando de sete para quatro trabalhadores.
Para os meses de Janeiro a Março, 42% dos empregadores pretendem manter as suas equipas, face a 38% que planeiam aumentar e 17% que anteveem reduzir. A nível global, Portugal situa-se na metade inferior dos países analisados, ficando cinco pontos percentuais abaixo da média global (+24%).
Crescimento das empresas continua a ser o principal motivo para a contratação no primeiro trimestre de 2026
Para os empregadores nacionais, o crescimento das empresas é a razão predominante para o crescimento das suas Projecções de contratação (42%), representando um aumento de sete pontos percentuais face ao trimestre anterior. No mesmo sentido vemos também outras motivações ligadas ao desenvolvimento de negócio, tais como a necessidade de recursos para projectos específicos, referida por 23% dos empregadores, e novas iniciativas que criam novas funções, mencionada por 20%.
Para além deste factor, os empregadores destacam igualmente as motivações ligadas ao preenchimento de vagas que transitam já de trimestres passados, com 23% a referirem o preenchimento de posições abertas no trimestre passado e 15% a querer preencher funções abertas antes do último trimestre. Estes número reflectem assim, o actual cenário de escassez de competências críticas, bem como de alargamento nos tempos dos processos de decisão de recrutamento, fruto do cenário de incerteza que caracteriza o mercado.
A tecnologia continua igualmente a ser um factor relevante, impulsionando 17% das organizações a planear aumentar o número de trabalhadores, e demonstrando como os avanços tecnológicos requerem expertise e funções novas.

 

Automação e eficiência de processos estão na origem da redução no número de postos de trabalho
As principais razões apresentadas para a redução no número de postos de trabalho são a automação e as melhorias de processos com vista a maior eficiência, com consolidação de funções, ambas apontadas por 24% dos empregadores em Portugal. Este contexto reflecte o esforço das empresas para reforçarem a sua competitividade num ambiente global cada vez mais exigente, integrando mais tecnologia e optimizando os seus processos de gestão, algo que impulsiona a produtividade, mas que também transforma os perfis de talento de que necessitam.

Os factores económicos também são referidos pelas organizações como motivadores da redução de equipas, mas em menor percentagem. Assim, apenas 21% dos empregadores referem os desafios económicos que impactam contratações e 23% mencionam a reestruturação ou downsizing.

O panorama nacional contrasta com a tendência global, onde o impacto económico surge como principal factor, identificado por 29% das organizações, enquanto a automação aparece em segundo plano, mencionada por apenas 20%.

Empregadores nacionais do sector de Comércio & Logística apresentam as intenções de contratação mais optimistas
Todos os sectores analisados avançam intenções de contratação positivas, para o primeiro trimestre de 2026, com os sectores de Comércio & Logística, Indústria, e Finanças & Seguros a revelarem-se os mais optimistas segundo os empregadores em Portugal.
O sector de Comércio e Logística apresenta a maior Projecção para a Criação Líquida de Emprego, fixando-se nos +29%, e registando um crescimento de nove pontos percentuais face ao período homólogo de 2025. Segue-se o sector da Indústria, que se posiciona nos +26%, e revela o maior crescimento de todos os sectores analisados, subindo 24 pontos percentuais na comparação ano-a-ano.
Já o sector de Finanças e Seguros, com uma Projecção de +24%, abranda o seu crescimento relativamente ao mesmo período de 2025, mas revela uma evolução de 12 pontos percentuais face aos três meses anteriores.
O sector de Utilities e Recursos Naturais também apresenta intenções de contratação robustas (+22%) e um crescimento de seis pontos percentuais face ao trimestre homólogo de 2025. Esta Projecção traduz, no entanto, um abrandamento quando comparada com a do trimestre anterior, também de seis pontos percentuais.
Também o sector de Construção e Imobiliário revela optimismo sustentado nas intenções de contratação, com uma Projecção de +18% que reflecte uma evolução positiva face ao trimestre anterior, de seis pontos percentuais, mas um abrandamento comparativamente aos meses de Janeiro a Março de 2025, com menos oito pontos percentuais.
No caso do sector Público e de Serviços de Saúde e Sociais, assim como nos dos sectores de Hotelaria e Restauração e de Serviços Profissionais, Científicos e Técnicos verifica-se um optimismo mais prudente, com Projecções de 12% nos dois primeiros sectores e 11% relativamente ao terceiro.
Por fim, o sector de Tecnologia e Serviços de Informação apresenta a Projecção menos robusta, mas ainda assim moderadamente otimista, de +10%, abrandando 12 pontos percentuais face ao período homólogo de 2025. No entanto, ao analisar o subsector de Tecnologia & Serviços de IT, o cenário inverte-se com uma Projecção significativamente elevada, de +36%, reflectindo um crescimento de 10 pontos percentuais face aos três meses anteriores, traduzindo a continuidade na trajectória de recuperação iniciada nesse período.

 

A nível regional, empregadores da Região Sul revelam um forte optimismo, face a um abrandamento das Áreas Metropolitanas
A análise regional demonstra que todas as regiões apresentam expectativas de criação de emprego positivas, para os primeiros três meses de 2026.
A Região Sul destaca-se com a Projecção para a Criação Líquida de Emprego mais robusta, de +30%, registando um crescimento de cinco pontos percentuais face aos meses de Janeiro a Março de 2025. Segue-se a Região Centro, com uma Projecção de +24%, em crescimento de cinco pontos percentuais relativamente ao mesmo período, e a Região Norte, com +16%, também a registar um aumento de quatro pontos percentuais na comparação anual.
Já os empregadores da Grande Lisboa (+17%) e do Grande Porto (+11%) registam intenções de contratação igualmente positivas, mas menos optimistas, reflectindo um abrandamento de um ponto percentual e de 14 pontos percentuais face ao primeiro trimestre de 2025, respectivamente, mas mantendo-se relativamente estáveis face ao trimestre passado, com menos dois pontos percentuais.

 

Médias Empresas e Grandes Empresas até 5000 trabalhadores avançam com mais optimismo, enquanto nos extremos, Micro, Pequenas e Grandes Empresas de mais de 5000 trabalhadores mostram maior prudência
As Grandes Empresas entre 1000 e 4999 trabalhadores apresentam as perspectivas mais optimistas para o primeiro trimestre de 2026, fixando-se nos +25%. Embora abrande face ao trimestre anterior em cinco pontos percentuais, esta é a categoria de tamanho de empresa que apresenta o maior crescimento face ao período homólogo de 2025, de 15 pontos percentuais.
Seguem-se as Grandes Empresas de até 1000 trabalhadores, com intenções sólidas de +22%, e as Médias Empresas com +20%. No entanto, enquanto as primeiras registam um aumento de 10 pontos percentuais face ao trimestre passado, as segundas revelam um abrandamento de quatro pontos percentuais.
As perspectivas de contratação nos extremos – Micro e Pequenas Empresas e Grandes Empresas de mais de 5000 trabalhadores – são positivas, mas mais conservadoras. As Grandes Empresas de 5000 ou mais trabalhadores antecipam uma Projecção de +16%, abrandando na análise homóloga anual em quatro pontos percentuais e em 15 pontos percentuais face aos últimos três meses de 2025.
Já as Microempresas e as Pequenas Empresas apresentam Projecções de +11% e +14%, reflectindo um decrescimento de seis e 12 pontos percentuais, respectivamente, na comparação com o primeiro trimestre de 2025.

 

Intenções de contratação dos empregadores globais abrandam na América do Norte, apesar de mostrarem uma ligeira melhoria na Europa
A Projecção para a Criação Líquida de Emprego global no primeiro trimestre de 2026 fixa-se nos +24%, um valor que, apesar de relativamente estável, reflecte cautela por parte dos empregadores. Apesar de se verificar um aumento de um ponto percentual em relação ao último trimestre, regista-se uma diminuição de um ponto percentual em relação ao mesmo período de 2025.
No topo das expectativas de contratação global, encontram-se o Brasil (+54%), a Índia (+52%) e os Emirados Árabes Unidos (+46%). Em contraste, a Eslováquia (-3%), a Roménia (0%) e Hong Kong (+1%) apresentam as Projecções mais baixas. Portugal posiciona-se na metade inferior da classificação global, abaixo da média.
A América do Norte continua a perder impulso pelo terceiro trimestre consecutivo, caindo para uma Projecção de +25%. Isto reflecte uma queda de sete pontos percentuais em relação ao mesmo período do ano passado e é o pior resultado registado na região em quase cinco anos, desde o segundo trimestre de 2021, quando foi de +17%.
Já as perspectivas de emprego na Europa registam uma ligeira melhoria, pelo segundo trimestre consecutivo, com uma Projecção para a Criação Líquida de Emprego de +19%, embora com um pequeno declínio em relação ao ano anterior. Apesar de as perspectivas de emprego continuarem moderadas, a região parece estar lentamente a caminhar para a recuperação.
O estudo trimestral do ManpowerGroup entrevistou 39.063 empregadores, em 41 países e territórios. O próximo estudo será divulgado em Março de 2026 e divulgará as expectativas de contratação para o segundo trimestre de 2026.
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