Quase metade dos jovens executivos querem sair das empresas onde trabalham. Conheça os motivos (o salário baixo só aparece em quinto)
O estudo “Atrito e retenção de talento”, realizado pela AESE Business School, conclui que 42,3% dos jovens executivos (40-55 anos) querem sair das empresas onde trabalham.
Entre os factores de atrito apontados na investigação, que esteve a cargo dos docentes António Capela, José Fonseca Pires e Pedro Afonso, da AESE Business School, e de Miguel Fonseca, da Universidade Nova de Lisboa, estão: chefia tóxica (73,3 por cento); cultura empresarial tóxica (58 por cento); falta de perspetivas de carreira (41,8%); falta de reconhecimento (39,5%); e remuneração baixa (38,3%).
À pergunta “No último ano, pensou seriamente em sair da sua empresa?”, 42,3 por cento dos inquiridos responderam afirmativamente. Na intenção de sair da empresa, são variáveis estatisticamente significativas o sexo (mulheres 47,4 por cento vs homens 35,8%), o nível de escolaridade (mestrado 48,1% vs secundário 26,1%) e o nível de responsabilidades na empresa (cargos técnicos 64,1% vs alta direção 35,4%).
O estudo aponta alguns caminhos para reduzir o atrito, nomeadamente a construção de lideranças competentes e humanistas. Além disso, para impulsionar a fidelização destes executivos, sugerem-se estratégias para: dar espaço a que assumam ainda mais responsabilidades, com autonomia; reconhecimento e valorização; acompanhamento discreto, atento e personalizado (para evitar sinais de burnout); e formação em Direcção.
«O estudo procurou entender os principais factores que levam à saída voluntária de colaboradores, mas também aos factores que conduzem à sua fidelização», nota José Fonseca Pires. Entre estes encontram-se: chefia que valoriza o trabalho e o bom ambiente (65%); dar perspectivas de carreira (53,5%); favorecimento de cultura empresarial positiva (50,8%); fomentar equilíbrio trabalho/família (46,5%); e incentivos financeiros (43,8%).
A amostra do estudo “Atrito e retenção de talento” foi retirada da base de dados Alumni AESE, que consentiu em ser contactada para o efeito. De 7073 pessoas contactadas via email, foram obtidas 751 respostas, das quais 645 são completas, obtendo-se assim uma taxa de resposta efectiva de 9,1%. Nesta amostra, dois terços são homens, 96% com ensino superior, 50 por cento na faixa etária 40-55 anos, 94% com cargos executivos, estando disperso o sector de actividade e a tipologia da empresa (público/privado, familiares, cotadas, etc.).