Quase metade dos profissionais afirmam estar stressados no dia-a-dia. Conheça as três principais razões que os colocam em risco de burnout

As organizações que disponibilizam uma oferta mais alargada de benefícios extrassalariais registam uma maior satisfação das suas pessoas, sendo o stress dos colaboradores apontado enquanto factor crítico para a atracção e retenção de talento. A conclusão é do mais recente estudo da Mercer Marsh Benefits, que identificou as principais prioridades dos colaboradores na área de saúde e bem-estar.

 

O estudo, denominado “Health on Demand 2023”, destaca que quase metade dos colaboradores da Europa que responderam ao estudo (47%) afirmam sentir-se stressados no dia-a-dia. Quando questionados sobre os factores que os colocam em risco de burnout no trabalho, os três principais foram as pressões laborais (54%), a cultura tóxica (37%) e a segurança no emprego (34%).

No que diz respeito a stress e burnout dos colaboradores, o estudo salienta que é necessário, em primeiro lugar, abordar a segurança psicológica no local de trabalho. Os dados indicam que apenas 56% dos inquiridos afirmam sentir-se livres para expressar os seus pensamentos sem recearem consequências negativas.

A par desta realidade, as organizações estão a ter em conta os factores que contribuem para o stress no local de trabalho, de forma a pensarem numa estratégia de benefícios abrangente e inclusiva, integrando medidas como a revisão do descritivo das funções e das competências dos gestores de pessoas, criação de uma cultura que promova um sentimento de pertença e um processo de tomada de decisão inclusivo, bem como a oferta de benefícios como serviços de saúde mental a custos reduzidos e aconselhamento virtual.

De acordo com o estudo, dois em cada três colaboradores acreditam que a sua organização os apoiaria em caso de emergência ou num momento de necessidade.

Além dos factores de stress no trabalho, 23% dos colaboradores sentem-se preocupados com o eventual pagamento em cuidados de saúde. As mulheres (28%), em particular as mães solteiras (31%), são mais propensas, por comparação com os homens (20%), a não confiarem na sua capacidade financeira para pagarem os serviços necessários.

Neste âmbito, as empresas encontram-se numa posição única e crítica para colmatar as lacunas existentes nos cuidados de saúde, explorando diferentes estratégias de benefícios e de employee experience, e equilibrando os cuidados de saúde humanos e digitais, de forma a responder às diferentes necessidades de uma força de trabalho diversificada.

Os dados indicam que os colaboradores que acreditam na preocupação da sua empresa com a sua saúde e bem-estar têm uma maior probabilidade de ter sucesso – sentindo-se positivos em relação à sua saúde, condição financeira e carreira. Os resultados revelam ainda uma correlação positiva entre níveis mais elevados de benefícios e a satisfação dos colaboradores.

De facto, os colaboradores que recebem dez ou mais benefícios têm maior probabilidade de acreditar que a sua empresa se preocupa com a sua saúde e bem-estar, verificando-se uma menor probabilidade de mudarem de emprego e uma maior confiança de que podem pagar os cuidados de saúde necessários.

O estudo aponta um conjunto de conclusões relevantes a ter em conta pelas organizações na definição da sua política de benefícios extrassalariais: desenvolver estratégias de benefícios inclusivas requer uma visão das necessidades e preferências dos diferentes grupos de colaboradores da organização; à medida que as rotinas se tornam mais complexas e digitais, os benefícios devem ser utilizados enquanto reforço dos valores da organização e enquanto forma de reduzir os riscos das pessoas; melhorar a saúde dos colaboradores é um factor crítico da componente “Social” do ESG, sendo que as organizações devem dar resposta às necessidades físicas, financeiras e emocionais da sua força de trabalho.

O estudo destaca, assim, três tendências-chave: liderança, confiança e cultura. É fundamental que a oferta de benefícios seja inclusiva, de forma a dar resposta às diferentes necessidades dos colaboradores, o que requer um compromisso da gestão de topo. Por outro lado, é importante que os colaboradores tenham a confiança de que a organização se preocupa com o seu bem-estar e que os apoiará quando necessário.

É também importante compreender que integrar o bem-estar na cultura da organização não se limita à oferta de benefícios. Desde a oferta de férias pagas a todos os colaboradores até ao reconhecimento e apoio às necessidades específicas da Geração Z, por exemplo, os líderes devem continuar a ouvir e a responder às necessidades e expectativas das suas pessoas, que estão em constante mudança, reflectindo e adaptando as suas estratégias de saúde e bem-estar para o futuro.

O estudo Health on Demand 2023 foi realizado entre Outubro e Novembro de 2022 e inquiriu 17 531 colaboradores de 16 mercados globais sobre as suas prioridades no que diz respeito à saúde e ao bem-estar.

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