Que futuro para os Recursos Humanos?

O actual ambiente complexo e desafiante exige que os profissionais de Recursos Humanos reforcem as suas competências e analisem as organizações em que se encontram com uma visão crítica e estratégica.

Por João Bernardo Gonçalves, senior manager da Michael Page

 

Actualmente, as empresas estão cada vez mais conscientes de que tanto os seus colaboradores como os clientes são igualmente importantes para o seu futuro. Os profissionais de Recursos Humanos (RH) têm um papel determinante neste tema, pois ao ajudarem as empresas a proteger o futuro da organização, ajudam também a liderar a transformação empresarial a partir da perspectiva das pessoas, fazendo com que as contratações certas para a função de RH sejam mais importantes.

A última tendência que devemos ter presente é o paradoxo do negócio: quanto mais as tecnologias invadem as nossas vidas e as empresas, maior é o valor inerente às qualidades humanas. Competências emocionais, tais como criatividade, resolução de problemas, tolerância e capacidades de comunicação e empatia, são soft skills muito valorizadas nos actuais ambientes multiculturais que caracterizam, cada vez mais, as organizações de qualquer sector.

Neste contexto paradoxal, os líderes do futuro deverão combinar as competências tecnológicas e comportamentais com uma abordagem 100% humanizada, para criar engagement, motivar e inspirar os colaboradores. Se, por um lado, a gamificação permite incentivar o desenvolvimento dos colaboradores e a crescente interacção através das tecnologias digitais, os RH são centrais para a mudança organizacional nos próximos anos.

O actual ambiente complexo e desafiante exige que os profissionais de Recursos Humanos reforcem as suas competências e analisem as organizações em que se encontram com uma visão crítica e estratégica, focada no desenvolvimento, com propósito para acompanhar estes tempos de mudança. Assim, analisar as competências de RH mais solicitadas pelo mercado, explorando as várias oportunidades, compreender o compromisso que existe com a formação, resolver problemas e definir programas adaptados às necessidades reais dos colaboradores, são aspectos-chave para transformar o local de trabalho num ambiente de sucesso e com um desenvolvimento sustentável.

Outro dos factores prende-se com o investimento no desejo de mudança e na visão dos líderes, e na sua capacidade de acompanhar a evolução dos colaboradores. Para isso, é necessário apostar na formação, e a educação superior e formação especializadas pode contribuir, para esta transformação pessoal de forma a melhor guiar as organizações.

Os colaboradores são cada vez mais apoiados pelas empresas no desenvolvimento da sua formação, seja em contexto de sala de aula ou em projectos baseados na experiência. Assim, os líderes de Recursos Humanos com histórico na criação de uma cultura de ensino são muito valorizados. A urgência de mais formação e aprendizagem no trabalho ao longo da vida irá forçar a educação tradicional a garantir que o talento de amanhã esteja preparado e pronto para o trabalho, quer tenha 24 ou 44 anos. Se os actuais responsáveis pela educação não o fizerem, irão aparecer novos prestadores a tomar o seu lugar.

Para os profissionais de Recursos Humanos, as competências para as futuras funções dentro dos RH estão, mais do que nunca, muito bem definidas para quem procura emprego. E provavelmente nunca houve um momento tão aliciante para seguir uma carreira como esta. Por exemplo, na área da análise de dados, o sucesso estará cada vez mais na aplicação de conceitos de análise e gestão de informação, resolução de desafios relacionados com a qualidade de dados e correlação de dados financeiros e de RH com as métricas dos projectos.

É um sector mais vasto e muito mais comercial do que era anteriormente: da contratação e aquisição de talento, à forma como desenvolve as pessoas, podendo ter um ângulo generalista ou especializado. Agora encontramos um largo espectro de funções: as que são verdadeiros business partners e as que trabalham com a parte mais administrativa da área. A tomada de decisão nos RH impacta cada vez mais no negócio e por isso mesmo a vertente administrativa deixa de ser apenas um tema de ‘backstage’.

E, a preparação para a formação contínua está a tornar-se cada vez mais uma parte do processo de pesquisa de emprego, principalmente nos Recursos Humanos. As universidades e as instituições de ensino estão a seguir o caminho de “micro-credencial”, ou seja, consideram o aluno uma pessoa de negócios que define o seu próprio caminho de formação ao longo da vida.

Neste contexto, as organizações com grande foco na formação, melhores postos de trabalho, maiores sistemas de recompensa e foco em introduzir mudanças são as que irão naturalmente destacar-se.

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