Interim Management – primeira escolha ou último recurso?

A resistência e/ou hesitação à solução de gestores interinos tem mais a ver com a percepção do que com a realidade. O Interim Management nunca é o último recurso.

 

Por Mário Fernandes, chief operating officer (COO) da Experienced Management

 

Aqueles que consideram a solução de Interim Management como último recurso é porque desconhecem o impacto significativo dos Interim managers, em termos de eficiência, economia e transformação.

As certezas do mundo actual – globalização, personalização, digitalização e tecnologia – obrigam à mudança nas empresas a um ritmo alucinante. Hoje, a realidade de negócio implica liderança na gestão do talento humano. Existem desafios para os quais o Interim Management é sempre a primeira escolha. Há situações em que o Interim Manager é uma alternativa a considerar.

 

Último Recurso? Jamais!

Porque o Interim Manager é um gestor qualificado e experiente, pragmático e focalizado na entrega de valor. Possui expertise funcional e/ou da indústria e é, em simultâneo, um consultor e executante. Tem experiência comprovada em desafios semelhantes aos da necessidade identificada – no primeiro dia na empresa, o que vai querer saber é a localização da máquina de café porque tudo o resto já lhe é ‘familiar’.

O que motiva o Interim Manager? Gerir projetos e colocar o conhecimento, o talento e a experiência ao serviço de uma variedade de empresas. Muitas vezes, os gestores interinos são chamados às empresas em tempos duros e de necessidade, pelo que colocam em prática as suas capacidades inovadoras e can-do. Outras vezes, ingressam nas empresas em situações difíceis onde aplicam os skills de moderação, motivação e de empatia com todos os interlocutores: colaboradores, clientes e parceiros.

Posto isto, é fácil identificar que o Interim Manager jamais é uma última opção pelas competências, habilidades e virtudes valiosas.

 

As contradições das objecções

À cabeça aparece ‘é muito caro’. O Interim Management é uma alternativa ao investimento num recurso a tempo integral, com todos os custos associados. O ‘preço’ do gestor interino é o valor total para o mandato. É uma despesa operacional que só existe durante o período em que o Interim Manager desenvolve o projecto. E, termina no dia a seguir à saída. A componente financeira da mais-valia tem de considerar o valor significativo que se perde quando uma posição-chave não é de imediato preenchida, combinado com o Interim manager estar ready for work e necessitar zero formação – possui a experiência prática para desenvolver o trabalho para o qual foi contratado.

Outra objecção mais comum: ‘não é uma solução de longo prazo’. Existem muitos desafios de talento nas empresas para as quais a resposta não é possível nem desejável com um gestor de longo-prazo desde o início. Exemplo é uma transformação organizacional, em que o manager responsável e é considerado o mau-da-fita, o que o impossibilita de ser o líder de longo-prazo. Ou, uma mudança para uma agenda de digitalização, para a qual a pessoa certa para cumprir esses objectivos possui diferentes skills da pessoa ideal para gerir a área digital no médio e longo prazo.

Existem muitas outras objecções que podem ser enumeradas, como a de o Interim manager não possuir uma identificação de longa duração com nenhuma empresa em específico. No entanto, tal como as anteriores, esta e as outras não são a realidade, sendo apenas percepções que são contrapostas com factos e histórias de sucesso reais.

 

Pros de um Interim manager

O primeiro de todos: é ‘O prático’ e não apenas ‘O conselheiro’, pois implementa e executa. Vem com o kit de ferramentas de consultadoria testado e comprovado – é profundamente conhecedor da sua área de especialização. É a garantia de contratar um recurso experiente com expertise em desafios iguais ou similares.

E, podemos continuar sem nenhuma ordem específica.

– É contratado em poucos dias (num prazo de uma a duas semanas) com contrato flexível, o que significa que o pagamento é referente ao trabalho efectivamente realizado e conforme os objectivos do mandato. O Interim manager oferece a capacidade de adaptar o projecto a cada momento: incrementando ou reduzindo de imediato o tempo de mandato.

– Realiza a transferência de conhecimento para as equipas da empresa, garantindo a formação e coaching por forma a contribuir para o sucesso do projecto. É a certeza de que todo o conhecimento é retido no negócio.

– O Interim Manager é sensível ao carácter e ego das organizações, sendo expert em evitar questões de políticas internas.

– Por último, tem a capacidade de ir ao essencial, economizando tempo na obtenção de resultados. O Interim manager, devido à sua experiência passada, identifica rapidamente os 20% das acções que irão permitir 80% dos resultados. E, não sou eu que o digo (Coudray, F. Le Management de Transition, Un Nouvel Outil Managerial).

 

A única coisa que realmente importa a um gestor interino é a entrega de resultados com sucesso, porque é sobre isto que se constrói a sua reputação e as perspectivas de mandatos futuros.

 

A primeira escolha

Existem muitos cenários em que o Interim Manager é a primeira escolha e solução de valor.

Para cenários de projectos especiais como o lançamento de um novo produto, uma reestruturação de empresa, uma nova localização, uma ausência temporária de um recurso importante, uma inversão de performance de uma área de negócio,… estas e/ou outras situações que podem sobrecarregar uma empresa com recursos limitados ou desafios de budget.

É solução de valor, por exemplo, para situações complexas porque conseguem identificar os principais drivers do negócio e definir de forma célere o plano estratégico para alcançar o(s) objectivo(s).

Outra é, sendo líder de negócio, tem a capacidade de oferecer uma avaliação completamente desapaixonada da situação em questão. É alguém que consegue tomar decisões difíceis sem as pressões e considerações emocionais decorrentes de estar incorporado numa organização.

O Interim Manager pode, igualmente, ajudar uma empresa a solucionar dúvidas quanto ao perfil ideal do gestor de longo-prazo. Trabalhar com gestores interinos permite explorar e testar ideias diferentes para definir claramente as responsabilidades da função e a pessoa, sem o impacto potencialmente catastrófico de envolver o recurso a tempo integral errado. E, algumas vezes o Interim manager termina a ser a pessoa do longo-prazo como a história de sucesso do nosso cliente HomeIT.

Para empresas de média e pequena dimensão, o Interim manager pode trabalhar com o(s) proprietário(s) para integrar com êxito um gestor permanente, ou pode permitir à organização encontrar a pessoa certa. Um processo de recrutamento para uma função sénior pode demorar de três a seis meses – o Interim manager elimina a urgência, permitindo o tempo necessário para encontrar a melhor solução a longo-prazo pois possibilita a continuação do business as usual.

 

Então, a primeira escolha ou o último recurso? É sempre uma primeira escolha, considerando as necessidades e desafios do projecto e o budget, o timing e os recursos disponíveis.

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