Quer aprender de forma mais rápida? Onze formas de “hackear” o seu cérebro

Quer se trate de uma nova tecnologia, uma língua estrangeira ou uma competência avançada, manter-se competitivo significa muitas vezes aprender coisas novas. A Fast Company mostra 11 formas de “hackear” o seu cérebro para chegar lá mais rapidamente.

 

Eis os métodos que pode (e deve) experimentar:

Ensine outra pessoa (ou imagine que tem de o fazer)

De acordo com um estudo da Universidade de Washington, imaginar que precisa de explicar a matéria ou a tarefa que está a tentar compreender a outra pessoa pode acelerar a aprendizagem. A expectativa muda a sua mentalidade para que se envolva em abordagens de aprendizagem mais eficazes do que as mais tradicionais, revela John Nestojko, investigador de pós-doutoramento em Psicologia e coautor do estudo.

«Quando os professores se preparam para ensinar, tendem a procurar pontos-chave e a organizar a informação numa estrutura coerente», escreve Nestojko. «Os resultados sugerem que os alunos também recorrem a este tipo de estratégias de aprendizagem eficazes quando pretendem ensinar.»

Aprenda em períodos curtos ao longo do tempo

Os especialistas da Louisiana State University sugerem que se dedique 30 a 50 minutos à aprendizagem de novos conteúdos. «Qualquer coisa abaixo de 30 simplesmente não é suficiente, mas qualquer coisa acima de 50 é demasiada informação para o seu cérebro absorver de uma só vez», escreve Ellen Dunn, assistente de pós-graduação em Estratégias de Aprendizagem.

A aquisição de competências não é um evento, é um processo. Se realmente quiser dominar uma nova competência, é muito melhor investir pequenas quantidades de tempo durante um período prolongado do que uma grande quantidade de tempo de uma só vez.

É o que os investigadores chamam de “efeito de espaçamento”, que se refere à descoberta de que o desenvolvimento de competências tende a melhorar quando a aprendizagem é espaçada ao longo do tempo. Como este efeito aumenta a retenção, distribuir o seu processo de aprendizagem por um período de tempo limita a probabilidade de ter de voltar atrás para actualizar (ou recomeçar completamente) uma semana, um mês ou um ano depois.

Pare de tentar esticar a sua capacidade de atenção

Aprender como executar bem qualquer nova competência exige um factor crucial: atenção. A atenção humana é complexa, com muitos factores que influenciam o quão atentos podemos estar num determinado momento. Ainda assim, há pelo menos uma forma de melhorar a sua capacidade de prestar atenção, e é muito simples: basta parar de tentar esticar a sua capacidade de atenção para além dos limites normais.

Se se distrair ao tentar aprender algo, “prima pausa” e divida o processo de aprendizagem em segmentos ainda mais curtos. Chama-se “microaprendizagem”, e o neurocientista John Medina resumiu o conceito naquilo a que chama “Regra dos 10 minutos”. A investigação sugere que a capacidade do cérebro para prestar atenção cai normalmente para quase zero após cerca de 10 minutos. Por isso, concentre-se em desenvolver uma competência em sessões curtas. Isto pode ajudá-lo a dar toda a atenção à tarefa e a obter o máximo de resultados no menor tempo possível.

Escreva notas à mão

Embora seja mais rápido escrever num portátil, usar caneta e papel irá ajudá-lo a aprender e a compreender melhor. Investigadores da Universidade de Princeton e da UCLA descobriram que, quando os alunos tiravam notas à mão, ouviam mais activamente e eram capazes de identificar conceitos importantes. Já escrever num computador leva a uma transcrição muitas vezes sem nexo e propensa a distracções.

Faça sestas entre as sessões

Segundo investigação publicada na Psychological Science, o tempo de inactividade é importante quando se trata de reter o que se aprende, e dormir entre as sessões de estudo pode aumentar a memória desses conteúdos até seis meses depois.

Numa experiência realizada em França, os participantes aprenderam a tradução para suaíli de 16 palavras francesas em duas sessões. Os participantes do grupo “wake” completaram a primeira sessão de manhã e a segunda à noite do mesmo dia, enquanto os participantes do grupo “sleep” completaram a primeira sessão à noite, dormiram e depois completaram a segunda na manhã. seguinte. Os participantes que dormiram entre as sessões recordaram, em média, cerca de 10 das 16 palavras, enquanto os que não dormiram apenas se lembraram de cerca de 7,5 palavras.

«Os resultados sugerem que intercalar o sono entre as sessões de treino leva a uma vantagem dupla, reduzindo o tempo gasto na reaprendizagem e garantindo uma retenção muito melhor a longo prazo do que apenas a prática», escreve a psicóloga Stephanie Mazza, da Universidade de Lyon.

Mude a forma

Ao aprender uma nova habilidade motora, mudar a forma como a pratica pode ajudá-lo a dominá-la mais rapidamente, revela um estudo da Faculdade de Medicina da Universidade Johns Hopkins. Numa experiência, os participantes foram convidados a aprender uma tarefa baseada em computador. Aqueles que utilizaram uma técnica de aprendizagem diferente na segunda sessão tiveram um melhor desempenho do que aqueles que repetiram o mesmo método.

As descobertas sugerem que a reconsolidação – um processo no qual as memórias existentes são recordadas e modificadas com novos conhecimentos – desempenha um papel fundamental no fortalecimento das capacidades motoras. Basicamente, se tentar utilizar a sua nova habilidade de uma forma diferente, aprenderá mais rapidamente do que apenas repetir as mesmas tarefas vezes sem conta.

Experimente aprendizagem imersiva e baseada em projectos

Scott H. Young aprendeu o curso de quatro anos de ciências da computação do MIT em menos de 12 meses e quatro línguas num ano. Young diz que a objectividade é muitas vezes esquecida quando se trata de aprendizagem.

«Estamos a trabalhar sob a metáfora errada. A maioria das pessoas pensa que o cérebro é como um músculo. A metáfora dos músculos diz que, quando vamos ao ginásio e fazemos exercícios com pesos, seremos mais fortes quando formos levantar peso na vida real. O problema é que o cérebro aprende detalhes. Fica-se preso no contexto quando se aprende alguma coisa.»

Transferir conhecimento e aplicá-lo na vida real não funcionará se não corresponder ao contexto em que foi aprendido. O que importa são as características cognitivas daquilo que se está a tentar dominar, e a forma como se pratica deve ser substancialmente semelhante.

Teste os seus limites

Young diz que outro aspecto negligenciado da aprendizagem é a recuperação. «Os alunos geralmente estudam a ler e reescrever apontamentos. O problema é que o cérebro é um forreta cognitivo. Se não preciso de me lembrar de algo, não vou guardar na memória.»

Por isso, em vez de rever, a melhor forma de aprender é praticar a recordação de algo, testando-se antes de achar que está pronto. Young sugere fazer testes ou usar cartões para recordar o que aprendeu e, em seguida, identificar as áreas onde a recuperação está a falhar.

Treine os seus gânglios basais

Quando tentamos melhorar uma competência concentramo-nos na compreensão. Isso faz sentido, mas a ciência mostra que, embora a compreensão seja vital para aumentar a proficiência (é difícil melhorar quando não se sabe como), não é suficiente para dominar o tema. Transformar qualquer conhecimento recém-adquirido numa capacidade real requer o envolvimento de uma parte do cérebro que afecta fortemente a aprendizagem e o movimento, conhecida como “gânglios basais”.

Há duas coisas que precisa de saber sobre os gânglios basais: em primeiro lugar, aprendem lentamente. Ao contrário de outras regiões do cérebro, estes demoram muito mais tempo a absorver novas experiências e informações. Em segundo lugar, aprendem executando repetidamente o comportamento, como por exemplo, andar de bicicleta, que exige repetição e prática.

Ao tentar dominar uma competência, faça intencionalmente sessões práticas repetidas que permitam falhar, adaptar-se e tentar novamente. É este processo que permitirá melhorar e eventualmente tornar-se competente na habilidade.

Divida em subcompetências

Dividir qualquer competência que se queira aprender em todos os seus componentes será bastante útil. Por exemplo, se quiser aprender como ser um melhor escritor, pode dividir a competência em “subcompetências”, como a organização e a estrutura da informação; tom e escolha de palavras, estrutura frásica e gramática.

Depois de ter a lista inicial, pense qual a subcompetência mais importante a dominar para atingir o seu objectivo. Voltando ao exemplo da escrita, talvez queira que os seus e-mails sejam mais facilmente compreendidos. Pode identificar “organização e estrutura” ou “gramática” como as mais importantes com base no seu nível de competências actual. Concentre-se primeiro em aprender esta subcompetência mais importante e depois passe para outra. Concentre-se numa de cada vez para evitar a lentidão que advém do multitasking.

Experimente a técnica de Feynman

O físico vencedor do Prémio Nobel, Richard Feynman, era famoso pelas suas realizações académicas numa vasta gama de campos científicos. Mas atribuiu as suas conquistas ao seu método de aprendizagem, e não à inteligência inata. Eis a técnica de Feynman resumida em quatro etapas:

  1. Escolha um conceito a aprender. Escolha o tema que pretende aprender e escreva-o no topo de uma página de um caderno. Isto obriga-o a pensar no que não sabe e a escolher uma área de estudo que seja pequena o suficiente para caber numa página.
  2. Ensine-se a si próprio ou a outra pessoa. Escreva tudo o que sabe sobre o tema como se estivesse a explicar a si próprio ou a outra pessoa. Não consulte as suas notas ou quaisquer recursos. Isto obriga-o a enfrentar o quanto realmente sabe ou não.
  3. Consulte o material de origem se tiver dúvidas. Volte ao que está a aprender – um livro, notas de aula, podcast – e preencha as lacunas da sua explicação. Provavelmente terá de alternar entre os passos 2 e 3 algumas vezes. Isso é bom e ajuda na aprendizagem.
  4. Simplifique as suas explicações e crie analogias. Refine as suas notas e explicações até que pareçam claras e óbvias. Destilar o que sabe na sua forma mais simples é a chave para realmente aprender e compreender algo, em vez de apenas memorizá-lo. Tente incorporar analogias que lhe pareçam intuitivas.
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