Randstad: A responsabilidade social como exigência dos candidatos

Cada vez mais, os candidatos procuram saber qual o envolvimento das empresas com a comunidade em que estas se inserem; e tomam decisões com base nessa informação.

A Randstad tem como objectivo contribuir para um futuro sustentável, tanto a nível social, como económico, facilitando o desenvolvimento de mercados de trabalho justos e eficientes em todo o mundo.

Em entrevista à Human Resources, Lígia Mendes, manager da área de Equidade, Diversidade e Inclusão da Randstad, explica como a empresa endereça os temas relacionados com responsabilidade social e sustentabilidade.

Como é que a Randstad aborda a responsabilidade social corporativa e quais as suas principais iniciativas nesta área?
Somos signatários do Pacto Global das Nações Unidas e respeitamos e apoiamos os seus 10 princípios em matéria de direitos humanos, trabalho, ambiente e anticorrupção. Como fornecedor global de serviços de Recursos Humanos, a Randstad contribui para, e mede o seu desempenho em relação ainda a cinco objectivos de desenvolvimento sustentável (ODS): trabalho decente e crescimento económico (ODS 8), redução das desigualdades (ODS 10), igualdade de género (ODS 5), educação de qualidade (ODS 4) e ação urgente para combater as alterações climáticas (ODS 13).

A investigação e as iniciativas patrocinadas pela Randstad têm um enfoque especial nos seguintes aspectos: 1) Melhorar a empregabilidade e as competências em todos os grupos demográficos da população activa; 2) Ajudar a definir e a abordar os desafios e as oportunidades de emprego dos jovens (18-25 anos); 3) Promover a igualdade de oportunidades, a diversidade e a inclusão, em especial dos grupos subrepresentados no mercado de trabalho; 4) Participar no diálogo social e apoiar soluções de trabalho flexíveis para pais; 5) Patrocinar e contribuir para a investigação, inquéritos e publicações sobre o mercado de trabalho; 6) Participar no diálogo legislativo, laboral e do sector, incluindo através de parcerias com instituições e organizações nacionais e internacionais de emprego; 7) Através do compromisso Business Am-bition for 1.5ºC da iniciativa Science Based Targets, atingir o objectivo de Net Zero até 2050.

Quais os principais pilares da estratégia de responsabilidade social da Randstad e como são implementados?
A estratégia de responsabilidade social da Randstad assenta, em primeiro lugar, nos nossos valores – conhecer, servir, confiar, promover simultaneamente todos os interesses e procurar a perfeição. A estes valores, presentes no ADN da empresa, desde a sua fundação, junta-se a mais recente ambição global de sermos a empresa de talentos mais equitativa e especializada do mundo.

Estes não são pilares apenas teóricos, vivem-se no dia-a-dia de todas as pessoas que trabalham na Randstad e que procuram, dentro daquela que é a sua função, contribuir eticamente para um mercado de trabalho mais justo e equitativo e para a transição verde com a qual também nos comprometemos.

Comunicamos e promovemos os nossos princípios em todos os níveis da organização, criamos equipas globais responsáveis pela sua implementação e monitorização e estabelecemos um conjunto de indicadores-chave de desempenho em relação aos ODS para os quais contribuímos de forma mais directa, através dos quais avaliamos o nosso progresso e os nossos esforços de melhoria contínua.

Para além destes compromissos corporativos, os nossos talentos internos também participam em muitas iniciativas de envolvimento social e voluntariado a nível local, através do programa de voluntariado e filantropia, Randstad With Heart.

De que forma as iniciativas de responsabilidade social tornam a Randstad mais atractiva enquanto local de trabalho?
Os estudos continuam a demonstrar que os talentos procuram empresas eticamente responsáveis. O mais recente Workmonitor, publicado em Janeiro deste ano, refere inclusivamente que 39% dos profissionais indicam que os temas da responsabilidade social e corporativa são muito importantes.

Para a Randstad, enquanto um dos maiores empregadores em Portugal, é fundamental estar entre as empresas que lideram pelo exemplo. Hoje, é para nós um orgulho saber que os candidatos querem ouvir propostas de emprego em várias empresas, mas que gostariam muito de também ser considerados para as propostas de emprego da própria Randstad, por terem uma imagem muito positiva da empresa.

Por outro lado, são os nossos talentos internos que nos desafiam diariamente, mas que nos avaliam muito positivamente em aspectos como a Diversidade e a Inclusão, as iniciativas de Employee Experience ou as oportunidades de formação e mobilidade de carreira.

Qual o impacto das práticas de responsabilidade social na vossa reputação como empregador e como empresa no mercado?
A Randstad é avaliada por, ou participa em várias organizações de responsabilidade social empresarial e de sustentabilidade. Entre os principais reconhecimentos que recebemos, destaco internacionalmente, o Índice de Sustentabilidade Dow Jones, Índice este que reconhece as empresas líderes em cada sector pelo seu desempenho responsável a nível económico, ambiental e social. A Randstad é a única empresa do seu sector a constar neste Índice, demonstrando ser capaz de gerar valor a longo prazo para os accionistas.

A nível nacional, detemos, e apenas para citar um exemplo, o selo de Entidade Empregadora Inclusiva, atribuída pelo IEFP, devido às práticas de gestão inclusivas em relação às pessoas com deficiência.

Como é que os colaboradores da Randstad são envolvidos nas iniciativas de responsabilidade social da empresa?
Temos diversas iniciativas que promovem o envolvimento de todas as pessoas da Randstad na responsabilidade social da empresa, mas a título de exemplo, no âmbito do programa global da Randstad, Randstad With Heart, em Portugal, apostamos, cada vez mais, em apoiar organizações que trabalhem a empregabilidade de grupos em situações de maior vulnerabilidade, procurando ampliar o seu impacto através daquela que é a nossa área de maior especialização, o recrutamento. Através de horas de voluntariado, os nossos colaboradores oferecem mentoria a candidatos e candidatas na sua jornada de procura de emprego, apoiando-os, em muitos casos, até encontrarem uma oportunidade de trabalho, organizam workshops com vista à capacitação para a empregabilidade e apoiam as equipas de técnicos/ as das organizações na melhoria das suas respostas.

Outro exemplo é a possibilidade de, através do exercício físico que realizam, os nossos talentos internos poderem acumular pontos que se convertem em donativos que a Randstad entrega a organizações parceiras.

Quais são os mecanismos utilizados pela Randstad para promover o engagement dos colaboradores com as suas iniciativas de responsabilidade social?
Em Portugal, e tendo em conta a importância que a responsabilidade social assume para a Randstad, dedicamos tempo e recursos a comunicação interna, assente em testemunhos e partilha do impacto social das diferentes iniciativas. Além disso, em todos os eventos de empresa ou retiros estratégicos das equipas, procuramos que a devolução à sociedade faça parte do programa, envolvendo todos os nossos Talentos em acções de voluntariado que apoiem organizações locais. Desta forma, procuramos que todas as pessoas da Randstad possam participar de forma orgânica em acções que tragam valor às comunidades com as quais contactamos.

Como é que a Randstad avalia o impacto das suas iniciativas de responsabilidade social na satisfação e na motivação dos colaboradores?
Medimos o impacto das várias iniciativas na satisfação e motivação dos talentos através de vários mecanismos, como questionários, grupos focais, entrevistas e conversas individuais, momentos de reconexão com a empresa (programa Reconnect), entre outros. Destes, destaco o questionário trimestral Randstad In Touch, um questionário global, através do qual auscultamos diversas dimensões de satisfação e pertença, que nos permitem receber feedback bastante detalhado sobre o engagement dos nossos Talentos. Tratando-se de um questionário anónimo, as lideranças e a Direcção de Recursos Humanos, através dos resultados obtidos por equipa, estabelecem planos de acção concretos para cada uma das dimensões consideradas prioritárias para uma determinada realidade.

Com base no contacto permanente com empresas clientes, por que é que a responsabilidade social tem uma importância crescente para as empresas nos dias de hoje?
A Directiva da União Europeia relativa ao relato de sustentabilidade das empresas (Directiva (UE) 2022/2464 de 14 de Dezembro), obriga as empresas à divulgação de informações sobre os seus impactos a nível da governação, ambiental e social. Mesmo que nem todas as empresas sejam obrigadas a reportarem estas informações, a verdade é que o facto das grandes empresas terem de reportar os impactos ao longo de toda a sua cadeia de valor, forçará todas as empresas, mesmo as de menor dimensão, a preocupações de sustentabilidade nos seus negócios.

Esta é uma das razões de cariz legislativo que impõe a presença desta temática na agenda das empresas, mas a esta podemos acrescentar a imposição das próprias pessoas candidatas que, de acordo com os vários estudos que produzimos e a que temos acesso, apontam como fatores decisivos para a escolha de um empregador a promoção do equilíbrio entre a vida pessoal e profissional, a equidade ou as preocupações com a saúde mental dos talentos internos. Esta pressão, que é exercida pelos candidatos e pelas candidatas, num contexto de escassez de talento, tem obrigado a que as empresas revejam as suas práticas de responsabilidade social e que as retirem da sombra e as divulguem amplamente.

Em que medida a consultoria da Randstad às empresas inclui a integração de práticas de responsabilidade social e sustentabilidade, sejam elas direccionadas para o exterior ou para os colaboradores?
Na Randstad, fazemos um esforço consciente para que as práticas de responsabilidade social e sustentabilidade sejam implementadas por todos os nossos talentos, no âmbito das suas funções. Assumimos que a liderança no sector da consultoria de Recursos Humanos é uma grande responsabilidade, que nos obriga a sermos farol em relação às melhores práticas para a atracção e fidelização de talentos. Desta forma, os nossos consultores, nas interacções com clientes, procuram prestar o melhor aconselhamento no que respeita, por exemplo, às melhores práticas em matéria de inclusão em processos de recrutamento e selecção. Em projectos em que a nossa consultoria vai além do recrutamento, apoiamos as nossas empresas cliente na criação de condições equitativas para permitir o crescimento de todas as pessoas na empresa, seja através de formação ou consultoria sobre outros processos de recursos humanos.

Um dos exemplos mais recentes deste trabalho, foi a criação da área de Recrutamento Inclusivo para clientes, como resposta a pedidos cada vez mais frequentes para a integração de pessoas com deficiência nas empresas.

De que forma a Randstad promove a sensibilização das empresas para a importância da responsabilidade social na construção da sua marca empregadora?
Para além do trabalho directo que fazemos com clientes, também trabalhamos globalmente para produzir investigação e leituras inteligentes de dados que apoiem as empresas nas suas decisões.

A propósito de construção de marca empregadora, destaco o Randstad Employer Brand Research, cuja última edição saiu recentemente, e que se constitui como o estudo global mais abrangente de employer brand, com base na percepção de mais de 173 000 pessoas em 30 países diferentes. Este estudo, conduzido pela Randstad há 24 anos, fornece informações muito relevantes para ajudar as empresas a moldarem a sua marca empregadora. Nos resultados obtidos, para além das marcas que se destacam como as mais atractivas, do ponto de vista dos entrevistados, e que poderão servir de inspiração para outras que ainda tenham mais caminho pela frente, é particularmente importante perceber quais os factores mais atractivos para as pessoas, quando pensam num empregador, dos quais fazem parte, em Portugal, salário e benefícios, mas também equilíbrio entre vida pessoal e profissional, ambiente de trabalho ou, também no top 10, a equidade ou a formação. Estes aspectos estão profundamente ligados à responsabilidade das empresas com as suas pessoas e com a sociedade, em geral.

Quais os benefícios percepcionados pelas empresas que adoptam práticas de responsabilidade social?
Para além do impacto directo na reputação, como o Randstad Employer Brand e outros estudos corroboram, as preocupações reais com a responsabilidade social corporativa têm impacto positivo em vários indicadores importantes no que diz respeito à gestão de pessoas, tais como o turnover, o absentismo ou a produtividade. Embora seja complexo isolar o impacto destas práticas responsáveis, o Randstad Workmonitor, por exemplo, um estudo realizado pela Randstad a mais de 35 000 pessoas empregadas, em 34 mercados, responde à questão – “E se não tivermos estas preocupações?” – isolando aspectos como o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional (61% não aceitaria um emprego que comprometesse este equilíbrio), flexibilidade (45% não aceitaria um emprego que não permitisse flexibilidade horária) ou a importância de valores relacionados com sustentabilidade, diversidade e transparência (42% indica expressamente que não aceitaria um trabalho cujos valores não estivessem alinhados com os seus). O estudo é extenso, mas as conclusões apontam todas na mesma direcção – a responsabilidade social corporativa responde às expectativas dos talentos e, quando estes se podem envolver directamente nas iniciativas da empresa, o sentimento de pertença aumenta, o que contribui para pessoas mais felizes e, consequentemente, empresas mais rentáveis.

Este artigo faz parte do Caderno Especial “Responsabilidade Social Corporativa” publicado na edição de Junho (n.º 162) da Human Resources.