Randstad: Pode a comunicação interna fortalecer a cultura organizacional?
Para a Randstad, uma estratégia de comunicação interna eficiente pode ajudar a passar uma mensagem mais transparente, além de criar os alicerces necessários para uma maior colaboração.
A Randstad Portugal está a apostar numa estratégia de comunicação interna que visa não só manter os colaboradores informados, como também fomentar um ambiente de colaboração e alinhado com os valores da empresa. Através de uma abordagem multicanal e flexível, a organização pretende garantir que a comunicação seja coerente e eficaz, independentemente dos desafios do contexto actual.
«A nossa estratégia de comunicação interna é desenhada de forma a garantir transparência, coerência e um acesso eficaz à informação», refere Maria Miguel Cabo, Internal Communication & Public Affairs specialist da Randstad Portugal. Esta abordagem multicanal inclui diversos meios, como e-mails, intranet, redes sociais internas, além de eventos presenciais e digitais. Desta forma, é possível que a empresa adapte a sua comunicação às necessidades específicas dos diferentes públicos dentro da organização.
A especialista sublinha ainda que a comunicação interna na Randstad é essencial para a construção da cultura organizacional. «Falamos de um pilar fundamental na construção e manutenção da nossa cultura de empresa, que permite promover os valores que nos guiam, envolver os nossos colaboradores e criar um sentimento de pertença e um propósito », sustenta. Segundo a responsável, o sucesso desta comunicação está na sua bi-direccionalidade, dado que promove um diálogo aberto e transparente que favorece um ambiente propício à colaboração. «Só o diálogo aberto e transparente abre caminho para um ambiente de trabalho verdadeiramente colaborativo », reforça.
Apesar da robustez da estratégia, a implementação da comunicação interna na Randstad não está isenta de obstáculos. A especialista destaca o desafio de manter o envolvimento dos colaboradores num ambiente de trabalho híbrido e a necessidade de garantir que a informação chega a todos de forma consistente. «Manter o envolvimento dos colaboradores num ambiente de trabalho híbrido e garantir que todos recebem a informação de forma consistente são alguns exemplos de desafios diários», aponta. Para enfrentar estas dificuldades, a Randstad foca-se na inovação e adaptação das mensagens para que estas continuem a cumprir os objectivos estratégicos da empresa.
PILAR ESTRATÉGICO
De acordo com Maria Miguel Cabo, a Randstad reconhece a comunicação interna como um elemento fundamental para o sucesso da sua estratégia corporativa. Por este motivo, a empresa adopta uma abordagem abrangente para medir a eficácia das suas iniciativas. «Temos uma abordagem holística para medir a eficácia das iniciativas, combinando métricas quantitativas e qualitativas.»
Em relação à forma como são medidas as iniciativas de comunicação interna, a Randstad realiza pesquisas de satisfação e questionários para recolher o feedback directo dos colaboradores. Além disso, também monitoriza as visualizações na intranet e a participação em eventos online. Em paralelo, a empresa também implementa um survey trimestral de engagement – o Randstad in Touch (RIT) – onde a vertente da comunicação interna é analisada em profundidade. «Este survey é um canal de comunicação por excelência que analisa diversas vertentes estratégicas da empresa, ao mesmo tempo em que permite interacções entre as equipas e as hierarquias, de forma anónima ou identificada, de acordo com o que for mais confortável para quem está a responder », constata.
A eficácia das comunicações internas na Randstad não só é medida em termos de alcance, como também é avaliada em termos de impacto directo na estratégia corporativa. «O número de interacções, os comentários e o seguimento que é dado aos assuntos são transpostos como KPI de liderança para as equipas de gestão de cada país», acrescenta a responsável, sublinhando, ainda, que este processo influencia as remunerações variáveis anuais dos gestores.
Para garantir que os líderes de equipa estão preparados para cumprir este papel, a empresa disponibiliza uma vasta gama de formações e suportes. «Independentemente da hierarquia, damos formação regular sobre a utilização das ferramentas digitais de comunicação interna a todos os colaboradores», realça. Além disso, a multinacional dá destaque às competências de comunicação e às mentorias para as lideranças sobre as melhores práticas de comunicação no dia-a-dia. «Apostamos em formação interna dada pelos nossos especialistas nestas áreas, além de apostarmos em parcerias com profissionais no mercado que estão directa ou indirectamente relacionados com as áreas de comunicação », refere.
A título de exemplo, a especialista explica que os locutores de rádio trazem insights sobre a colocação de voz, ao passo que os actores ensinam a transmitir melhor as emoções e os jornalistas ajudam a transformar informações difusas em mensagens mais claras. Além disso, a Randstad também estabelece parcerias com escolas e players internacionais, através da sua academia internacional – Fritz Goldschmeding Academy –, para formar colaboradores e profissionais em função do seu segmento de actividade.
A consultora reconhece ainda a importância de adaptar as suas estratégias de comunicação interna às diversas geografias e culturas onde opera. «Compreendemos que uma comunicação eficaz requer sensibilidade face às nuances culturais e ao contexto local», justifica. Desta forma, a organização permite que as unidades de negócio regionais ajustem as suas abordagens, mantendo uma coerência global nos valores e objectivos comunicados. «Essa abordagem permite-nos manter uma identidade corporativa unificada, respeitando ao mesmo tempo a diversidade cultural dos vários mercados», sustenta.
COMUNICAÇÃO DIGITAL
A Randstad Portugal quer fortalecer a sua comunicação interna nas tecnologias digitais, promovendo uma cultura organizacional alinhada com os objectivos globais da empresa. «As tecnologias digitais são centrais na nossa estratégia porque facilitam a disseminação rápida e eficiente da informação em toda a organização», lembra Maria Miguel Cabo, antes de abordar a forma como a empresa utiliza estas ferramentas para conectar colaboradores em mais de 20 localizações só em Portugal e noutros 39 países onde opera.
«Ferramentas como a intranet e as redes sociais internas são amplamente utilizadas para manter os colaboradores informados, envolvidos e conectados, independentemente da sua localização geográfica», complementa a profissional, que sublinha também a importância das tecnologias para construir um sentimento de pertença entre os trabalhadores dispersos globalmente. A especialista recorda ainda um momento marcante durante a pandemia, quando a Randstad celebrou 60 anos de existência com uma festa global transmitida ao vivo através de uma plataforma digital. «Poucas vezes nos sentimos tão próximos», relembra, destacando, em seguida, a capacidade da empresa para superar desafios logísticos e unir os seus colaboradores.
A comunicação interna na Randstad não se limita apenas à disseminação de informação, uma vez que também tem como objectivo incentivar, activamente, a participação e o feedback dos colaboradores. «Promovemos espaços quinzenais onde damos a conhecer as últimas novidades dos recursos humanos, projectos e campanhas internas; além de termos conversas regulares sobre temas centrais e não exclusivos da esfera profissional», explica a responsável.
Além disso, eventos como town halls e reuniões de equipa são organizados com o propósito de envolver os colaboradores e dar-lhes uma plataforma para partilhar feedback directamente com a equipa de gestão. A profissional sublinha ainda a importância dos Employee Resource Groups (ERG), que permitem debates transversais e promovem uma dinâmica participativa dentro da empresa. «A dinâmica e o grau de iniciativa dos ERG são muito elucidativos da importância que os nossos colegas lhes atribuem», afirma.
Outra iniciativa de destaque é a sessão digital mensal “#estamosaqui”, que teve início durante a pandemia e continua a ser valorizada pelos colaboradores. «Cada área da empresa, seja de suporte ou de negócio, tem a oportunidade de partilhar o que está a acontecer e as últimas novidades», descreve. Segundo Maria Miguel Cabo, esta prática, que começou como uma resposta à necessidade de comunicação durante um período de incerteza global, veio demonstrar a relevância da partilha e da comunicação interna dentro da organização.
Já sobre a integração da comunicação interna com outras áreas, como os Recursos Humanos e o Marketing, a responsável considera que se trata de uma prioridade para a Randstad. «Para garantir uma abordagem coesa e alinhada da comunicação interna, a colaboração com os departamentos de RH ou Marketing é, de facto, fundamental», salienta. A especialista realça que a comunicação externa, gerida pelo departamento de Marketing, deve estar alinhada com as iniciativas internas, com o intuito de garantir a consistência da mensagem e o alinhamento com os objectivos estratégicos da empresa. «Somos uma empresa “de pessoas” que trabalha com pessoas e para pessoas. Dessa forma, na nossa visão, o alinhamento da comunicação interna com a área de Recursos Humanos é indissociável», esclarece.
Este alinhamento não só reforça o propósito corporativo e os objectivos, como também promove um maior engagement entre os colaboradores. «Quanto mais os trabalhadores souberem e quanto melhor informados estiverem, maior alinhamento haverá com o propósito da empresa e com os objectivos», observa. Além disso, a integração entre as várias áreas melhora o alcance dos conteúdos produzidos pela empresa, reforçando a imagem da marca tanto internamente, como externamente. «As nossas pessoas são os nossos melhores e maiores embaixadores», comenta.
ESTRATÉGIA ORGANIZACIONAL
Na Randstad, a comunicação interna é uma área tratada com particular cuidado e estratégia, como revela Maria Miguel Cabo, ao destacar os principais indicadores de sucesso e as práticas inovadoras que têm sido implementadas. «As interacções nas plataformas digitais internas, como a intranet e redes sociais corporativas, são apenas um exemplo dos indicadores-chave de desempenho para avaliar a eficácia da comunicação interna», reforça.
Para a responsável, avaliar a eficácia das iniciativas de comunicação interna vai além dos números. «Além dos dados quantitativos, damos grande importância ao feedback qualitativo recolhido através de inquéritos de satisfação», acrescenta. Estes inquéritos permitem à empresa medir não só a taxa de resposta, como também a relevância atribuída pelos colaboradores às questões abordadas.
No que diz respeito à construção de uma estratégia de comunicação interna bem-sucedida, a Randstad defende que esta deve ser «transparente, coerente e que permita feedback». A especialista realça a importância de um envolvimento real dos colaboradores, onde a comunicação interna vai além de informar ou anunciar. «Muito mais do que informar ou anunciar, a verdadeira comunicação interna escuta, envolve, valoriza e capacita. O sucesso colectivo passa sempre pelas relações humanas, por transformar colegas de trabalho em verdadeiros parceiros de jornada», destaca. Esta abordagem é exemplificada pelo inquérito trimestral de engagement da empresa, denominado “Randstad in Touch”. Este inquérito não só recolhe respostas quantitativas, como também comentários anónimos, permitindo interacções posteriores entre as hierarquias e os Recursos Humanos.
De acordo com a profissional, a análise destes inquéritos conduz a sessões de “focus groups”, denominadas “People in Touch”, onde os temas mais mencionados são discutidos em grupos heterogéneos. «Pretendemos que daqueles grupos saiam propostas de acções concretas, reais e exequíveis que permitam transformar em realidade aquilo que através de um canal de comunicação interna é transmitido pelos trabalhadores à empresa», afirma.
Sobre as tendências futuras na área da comunicação interna, Maria Miguel Cabo identifica a digitalização como uma força motriz. «A digitalização continua a desempenhar um papel central, com o aumento da utilização de inteligência artificial e ferramentas de análise de dados para personalizar e melhorar a eficácia das comunicações», enaltece. Ao mesmo tempo, também se prevê um crescimento da importância da comunicação visual e da utilização de vídeos curtos. Não obstante, o factor humano vai continuar a ser valorizado. «A interacção directa e os conteúdos criados e destinados especificamente para uma audiência própria são factores de autenticidade que aportam um valor enorme e que devem ser tidos em conta para o sucesso da comunicação interna», conclui.
Este artigo faz parte do Especial “Comunicação Interna” publicado na edição de Setembro (n.º 165) da Human Resources.
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