Randstad: «Todos os anos investimos em novas medidas que promovem a saúde das nossas pessoas»
As políticas de well-being são parte integrante da “employee value proposition” e um investimento estratégico para a Randstad.
A Randstad começou a olhar para o bem-estar dos seus colaboradores como uma prioridade em 2017. Foi nessa altura que iniciou a estruturação das suas políticas de well-being, antecipando-se a muitas empresas que apenas “despertaram” para esta necessidade depois do período da pandemia. «Começámos com iniciativas mais pequenas, que fomos tornando cada vez mais robustas e completas, de forma a dar resposta às diferentes necessidades que os nossos colegas iam partilhando connosco», começa por explicar Tânia Mendes, People & Culture manager da Randstad, adiantando que a experiência destes últimos quatro anos lhes permitiu afirmar que, neste momento, têm «um verdadeiro programa estratégico de well-being».
Nesse sentido, as políticas de well-being da Randstad são, actualmente, assentes em quatro pilares: «Todos os anos investimos em novas medidas que promovem a saúde das nossas pessoas, não só no pilar da saúde física, como mental, social e, mais recentemente, no que diz respeito à saúde financeira», defende a mesma responsável.
No entanto, e ainda que a organização comunique as suas políticas de well-being assentes nestes quatro pilares, todas as iniciativas são trabalhadas de uma forma integrada, contando com diferentes acções e abrangências para dar resposta às necessidades específicas de cada colaborador.
Com as inúmeras disrupções no contexto social, económico e geopolítico dos últimos anos, o bem-estar dos colaboradores tornou-se ainda mais uma prioridade. Sobre isso, Tânia Mendes tem uma visão que reflecte algum positivismo e esperança: «Desacelerar e viver de forma mais consciente passou a ser algo que a maioria de nós reconheceu como uma necessidade, na esfera pessoal mas também enquanto profissional. A verdade é que o paradigma do mercado de trabalho mudou e colocou em cima da mesa o debate sobre estes temas ligados com o bem-estar. E isto é algo muito positivo», avança.
Na sua opinião, os programas de well-being dentro das organizações passaram, então, a ser um sinal de que as equipas de gestão de topo estão a dar sinais aos seus colaboradores de que valorizam o seu bem-estar, incentivando-os a adoptar hábitos de vida mais saudáveis.
Promoção do bem-estar
Neste contexto, que iniciativas estão agora ao alcance dos colaboradores da Randstad? «Temos ao dispor consultas de medicina curativa e consultas de apoio psicológico realizadas de forma remota e com o objectivo de serem acessíveis a todos os colegas a nível nacional», responde a People & Culture manager.
Internamente, a equipa de Recursos Humanos (RH) da Randstad tem pessoas especializadas e dedicadas ao acompanhamento dos colaboradores. «Um acompanhamento que começou por ser feito apenas a new comers no seu 1.º ano dentro da organização mas que, este ano, com o aumento da estrutura, nos está a permitir chegar a mais colegas com diferentes antiguidades, assim como a quem regressa de baixas prolongadas», esclarece Tânia Mendes.
A empresa disponibiliza consultas de nutrição ilimitadas e suporte de uma app, além da oferta da vacina da gripe, massagens terapêuticas e um ginásio na sede, em Lisboa (tudo a funcionar em horário laboral). Também para estimular o exercício físico, a Randstad apresenta a app Run Star, que através de desafios, estimula todos a mexerem-se. Os passos realizados são transformados em energia (valor monetário) que depois a organização doa a diferentes instituições ao longo do ano. «Com esta iniciativa, não só potenciamos a actividade física, mas também o engagement e a responsabilidade social», sublinha a mesma responsável.
Existem, paralelamente, medidas pensadas para abranger situações de impacto directo na vida dos colaboradores, seja na área de bem-estar ou de finanças pessoais. São exemplos dessas medidas o apoio com bolsas de desenvolvimento pessoal, para a conclusão ou incremento do nível de escolaridade, seja para concluir o 12.º, uma licenciatura ou investir num curso de especialização.
Em matéria de saúde financeira, implementaram consultas individuais de mentoria financeira, que se revelaram um verdadeiro sucesso, notando-se uma grande adesão às mesmas. «Realizadas com um especialista externo na área, os nossos colaboradores podem analisar as suas finanças pessoais e pedir advise. Complementamos esta iniciativa com quatro workshops sobre diferentes temáticas nestas matérias», afirma.
Mas Tânia Mendes destaca ainda mais um aspecto importante a reter: «Por último, mas não menos importante, temos de falar do benefício “tempo”. Falar de políticas de well-being é falar de flexibilidade, é falar da conciliação da vida pessoal e profissional e podermos passar tempo com aqueles que mais significado têm para nós.» Para isso é imprescindível a liberdade de cada colaborador poder usufruir «de um modo de trabalho flexível, focado na máxima liberdade máxima responsabilidade, encontrando um equilíbrio entre o trabalho presencial e remoto, e garantindo o cumprimento dos KPI individuais. Acreditamos que tudo isto tem um impacto muito positivo no bem-estar das nossas pessoas».
Por fim, e ainda no contexto de medidas para protecção e suporte emocional aos seus colaboradores, a Randstad acredita que desacelerar e viver de forma mais consciente passou a ser algo que a maioria de pessoas passou a querer para si, na esfera pessoal mas também enquanto trabalhador. Consciente disso, o reforço do apoio psicológico tem vindo a ser uma constante. «Temos apostado em mais consultas por colaborador, através de uma equipa de psicólogos com diferentes perfis e uma app de suporte ao agendamento directo da consulta pelo colaborador », enaltece Tânia Mendes, revelando que este suporte psicológico é necessário em diversos cenários, incluindo períodos de mudanças organizacionais, crises pessoais e eventos traumáticos.
Resposta dos colaboradores
Medir a eficácia das iniciativas de well-being é crucial para garantir que os programas implementados beneficiam os colaboradores e trazem retorno positivo para a empresa. Nesse sentido, e para perceber se as suas políticas vão ao encontro às expectativas dos colaboradores, a Randstad dispõe de um conjunto de ferramentas que permitem aferir o impacto das diferentes iniciativas. Para além do NPS (Net Promoter Score), onde avaliam a probabilidade de os colaboradores recomendarem a empresa como um bom lugar para trabalhar, também baseiam as suas análises e decisões no E-NPS (Employee Net Promoter Score), similar ao NPS, mas focado na recomendação interna dos programas de well-being.
Os dados são obtidos através de um survey trimestral de cultura corporativa e engagement que a Randstad aplica em todos os mercados a nível global. O survey é anónimo e permite realizar avaliações quantitativas mas também qualitativas através de comentários. Outra ferramenta é o survey dentro da área de People and Culture no final de cada ano, no qual são detalhadas todas as iniciativas para os colaboradores expressarem as que mais valorizam, as que frequentam ou não, assim como que outras iniciativas valorizam e gostariam de ver implementadas no futuro.
«Os relatórios enviados periodicamente pelos diferentes parceiros de well-being permitem cruzar os dados com a informação que recolhemos internamente, (nível de satisfação e participação). Contamos ainda com os dados recolhidos através das entrevistas de saída e também aí a área do well-being e benefícios é das mais valorizadas», defende.
Outros indicadores de RH, como a taxa de retenção, absentismo e indicadores de negócio associados ao desempenho e produtividade, estão ligados a estas matérias e ainda que a associação possa não ser directa, contribuem para os bons resultados. «Complementamos a informação com o programa Follow Your Talent, que visa o acompanhamento dos colaboradores durante a sua jornada na Randstad, e onde, de forma personalizada, abordamos estas matérias e recolhemos o feedback individual de cada colaborador», remata.
Sobre os resultados destas iniciativas, a Randstad não podia estar mais satisfeita, pois através das diferentes ferramentas que têm ao dispor para recolha de feedback, a empresa conclui que «está no bom caminho e que os colaboradores se encontram satisfeitos e reconhecem os esforços feitos pela empresa para investir cada vez mais nesta matéria, independentemente do momento de mudança organizacional que vivemos».
O modelo de trabalho flexível, num regime WFA (work from anywhere) é dos aspectos mais valorizados, e das diferentes iniciativas, a maior valorização vai para as consultas de apoio psicológico e de nutrição, mas sessões de yoga, mindfulness, ginástica localizada e pilates, ainda que sejam valorizadas por todos, foram as que tiveram menor taxa de participação.
A personalização dos serviços de consultoria é o diferencial da Randstad. A organização actua num conceito de “taylor made” e cada programa é desenhado para responder às necessidades específicas do cliente, considerando a cultura organizacional e os objectivos estratégicos da empresa. Criar planos de consultoria de bem-estar ajustados às necessidades do cliente exige, no entanto, uma abordagem personalizada e centrada no colaborador. Neste campo, os desafios comuns incluem a resistência à mudança, a falta de recursos e a dificuldade em medir os resultados. «A nossa experiência interna de mais de sete anos nesta matéria é uma mais-valia, pois permite apoiar as equipas internas de RH dos nossos clientes a desenharem os seus planos de bem-estar, acompanhando de perto as diferentes etapas de execução», confirma Tânia Mendes, chamando a atenção para o facto de que implementar um programa de well-being é, na maioria das situações, um processo complexo e de muito time- -consuming, sendo que «a Randstad assume essa responsabilidade dentro do cliente, permitindo que este se concentre no core do seu negócio».
Futuro: Um compromisso contínuo
O bem-estar dos colaboradores é uma componente fundamental para a produtividade e o sucesso de uma empresa. Ao investir em programas de bem-estar que abordem saúde física, mental e emocional, as empresas podem criar um ambiente de trabalho positivo e produtivo. Assim, e no entender da Randstad, a relação entre bem-estar e produtividade é clara: colaboradores que se sentem valorizados e cuidados, são colaboradores mais motivados e produtivos, contribuindo para os objectivos estratégicos da organização.
Nesse sentido, «investir em iniciativas de bem-estar tem de ser encarado como um investimento e não um custo», salienta Tânia Mendes. Além disso, o esforço de captação de novos talentos será também ele menor. «Se o mercado reconhece que a empresa aposta no bem-estar dos seus colaboradores será mais atractiva para trabalhar e quem lá trabalha reforça os laços que os ligam à empresa, aumenta o sentimento de pertença e ficam mais dispostos a alcançarem os objectivos propostos», ressalva.
Mais do que as melhores práticas e tendências em well-being, a Randstad tem como foco ouvir os seus colaboradores, perceber o que valorizam na sua vida pessoal e profissional, e nestas matérias não existe o “one-size-fits-all”. Segundo a profissional, «é fundamental ajustar as iniciativas às necessidades dos colaboradores mas tendo sempre presente o mercado onde actuamos, as características do nosso dia-a-dia de trabalho e a dispersão geográfica da nossa empresa».
A actualização nesta área requer um compromisso contínuo com a aprendizagem e inovação e, para isso, a Randstad tem um plano bem definido: «Participamos em eventos, acompanhamos publicações especializadas, aderimos a associações profissionais, investimos em formação contínua da nossa equipa interna, identificamos no mercado inovações tecnológicas com o apoio da nossa área de procurement, potenciamos networking com empresas de referência do mercado português. O importante é garantir que o nosso programa de well-being esteja alinhado com as necessidades dos colaboradores e as práticas mais eficazes do mercado.»
Para o futuro, a empresa especializada em gestão de pessoas acredita que as principais tendências em matéria de well-being corporativo passam pelo suporte digital com o recurso a ferramentas e apps que apoiam as diferentes iniciativas de bem-estar, assim como o enfoque holístico, onde são consideradas políticas que tocam todos os aspectos da vida dos colaboradores, mas muito em particular a saúde mental, existindo cada vez mais a preocupação em personalizar e tornar inclusivas essas iniciativas. Além disso, a aposta na flexibilidade, permitindo ao colaborador gerir a sua agenda conciliando os seus objectivos pessoais e profissionais.
«Da mesma forma, o bom ambiente de trabalho é também determinante. Nem lhe podemos chamar tendência. Devia ser um factor higiénico, mas nem sempre acontece. Temo-nos apercebido, por exemplo, de organizações ditas “mais tradicionais” começarem a pressionar para colocar os colaboradores cinco dias no escritório sob o pretexto do reforço do engagement. Os estudos internacionais e o feedback da maioria dos colaboradores não vai nesse sentido, correndo assim o risco de começarem a perder os seus talentos», conclui Tânia Mendes.
Este artigo faz parte do Caderno Especial “Well-Being” publicado na edição de Agosto (n.º 164) da Human Resources.
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