Ricardo Costa, Grupo Bernardo da Costa: «Todos somos responsáveis pela felicidade dos outros, sobretudo, pela nossa»

A felicidade no trabalho impulsiona a produtividade, atrai talento e maximiza os lucros. Quem o diz é Ricardo Costa, chairman do Grupo Bernardo da Costa, no seu livro “A felicidade é lucrativa”. E mostra o caminho para lá chegar.

 

Por Tânia Reis | Fotos Nuno Sampaio

 

Criou o primeiro Departamento da Felicidade em 2017, numa altura em que o bem-estar dos colaboradores não ocupava lugar de destaque na agenda das empresas, nem estava integrado na estratégia organizacional. Sete anos depois, o mundo laboral debate-se com uma escassez de talentos, afectando profundamente os modelos de lideranças. Dividido em seis capítulos, este manual mostra passo a passo como aumentar a produtividade nas organizações através da felicidade das suas pessoas.

 

São vários os conceitos de felicidade. Para si, o que é ser feliz?
Para mim, ser feliz é encontrar um equilíbrio entre realização pessoal, satisfação profissional e ter um impacto significativo na vida dos outros. Acima de tudo, viver de acordo com os meus valores, perseguir as metas em que acredito e cultivar relacionamentos positivos com as pessoas. «Se tens um coração de ferro, bom proveito. O meu fizeram-no de carne, e sangra todo dia. Sei que é difícil encontrar a felicidade em nós, mas é impossível encontrá-la em outro lugar», José Saramago. A felicidade é encontrada dentro de nós, e só depois é que podemos usufruir dela em qualquer lugar.

 

Afirma que a felicidade dos colaboradores passa pela liderança. Fará sentido o peso e a responsabilidade recaírem sobre os líderes, considerando todas as variáveis?
Absolutamente, os líderes têm um papel crucial, mas não acredito que a felicidade seja uma responsabilidade unilateral. Os líderes, sem dúvida, são responsáveis não apenas por criarem um ambiente de trabalho positivo, mas também por inspirarem, motivarem e apoiarem as suas equipas. Isso é essencial, considerando as complexidades e variáveis únicas em cada contexto organizacional. A verdadeira felicidade e responsabilidade parte de cada um de nós, e, independentemente do cargo que ocupamos, temos o poder de tornar a vida das outras pessoas mais feliz. Por isso, todos nós somos responsáveis pela felicidade dos outros e, sobretudo, pela nossa.

 

Com as várias gerações que se juntam nas empresas, a felicidade tem matizes diferentes, mas assenta numa base comum. Que pontos-chave são esses?
Apesar das diferenças entre gerações, a base comum para a felicidade no local de trabalho inclui factores como reconhecimento, autonomia, propósito no trabalho e um ambiente de apoio e colaboração. Esses factores não dependem de nenhuma geração específica, mas são universais para qualquer pessoa… As gerações divergem em muitos pontos, mas encontram- se unidas neste aspecto essencial, no meu ver. Todos queremos ser reconhecidos, ter um propósito e ser valorizados.

 

No seu livro diz que «são precisos líderes que sirvam de modelo e sejam inspiradores ». Como descreve esse líder?
Alguém que demonstra integridade, empatia, humildade e uma visão clara do propósito da empresa. Acima de tudo, pessoas acessíveis, comunicativas e com a capacidade de despertar o melhor das suas equipas. Líderes incríveis despertam o incrível nas pessoas.

 

Acredita existirem competências que são naturalmente promotoras de felicidade? Quais?
Certamente. A que considero mais relevante é, sem dúvida, a inteligência emocional. Permite uma resolução de problemas e comunicação eficaz, uma percepção de equipa em detrimento individual e um crescimento de qualquer pessoa que se rodeie.

 

No livro, menciona o «escolher as pessoas certas», como é que isso se faz?
Bem, não há uma fórmula certa, mas um conjunto de ingredientes, presumo… Escolher as pessoas certas envolve identificar candidatos que partilhem os valores e a visão da empresa, que se identifiquem com a nossa cultura organizacional, com o nosso propósito empresarial, os nossos benefícios, a nossa forma de ser e de estar no mercado. Isso pode ser feito através de perguntas que revelem como encaram o mundo e o seu propósito… Por exemplo: “Quais são os valores que orientam as suas decisões e acções no trabalho?”; “Pode descrever uma situação em que se sentiu realmente realizado no trabalho?”; “Como se alinha com a visão e missão da nossa empresa? Pode dar um exemplo?”; “Conte-nos sobre uma ocasião em que enfrentou um desafio ético no trabalho e como o resolveu?” Estas perguntas ajudam a entender se o candidato possui não só as competências técnicas, mas também se está alinhado com os valores e a missão da empresa, sendo capaz de contribuir positivamente para o ambiente organizacional. Mas, obviamente, temos de perceber que isto é apenas uma pequena parte da personalidade da pessoa, embora seja sempre interessante compreender…

 

Leia o artigo na íntegra na edição de Junho (nº. 162) da Human Resources, nas bancas.

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