Rosa Rodrigues, ISG: O que diferencia a liderança no feminino

As organizações procuram líderes que apostem nas competências emocionais e não apenas nas competências técnicas, porque, além de gerirem o negócio, são também responsáveis pela gestão de pessoas, o que explica o aumento da contratação de mulheres para ocupar cargos mais elevados.

 

Por Rosa Rodrigues, investigadora e docente do ISG – Instituto Superior de Gestão

 

Apesar de nas últimas décadas, as mulheres terem vindo a conquistar um lugar de destaque no mercado de trabalho, ainda se deparam com inúmeras adversidades para alcançar o topo da hierarquia organizacional.

Não obstante, a liderança feminina começa a ganhar espaço em contexto laboral, sendo cada vez mais comum encontrar mulheres a ocupar cargos de chefia e a serem consideradas uma mais-valia para o sucesso das organizações.

As constantes mudanças que actualmente caracterizam o ambiente profissional colocam as mulheres num patamar importante, uma vez que possuem qualidades diferenciadoras que lhes permitem liderar de forma eficiente e eficaz, o que traz grandes benefícios, tanto para os colaboradores, como para a organização.

Apesar das posições de liderança serem mais comuns no sexo masculino, existem atributos fundamentais que caracterizam um bom líder que se encontram mais facilmente no género feminino, nomeadamente a adopção de um estilo mais transformacional, que incentiva o relacionamento interpessoal, a partilha, o compromisso e o envolvimento dos colaboradores com os objectivos da organização.

Existem características intrinsecamente femininas que conduzem a um tipo de liderança que estimula o crescimento individual e o desempenho organizacional, entre os quais: o cuidado e a preocupação com a equipa de trabalho, a mestria para dar resposta às necessidades dos seus colaboradores e a facilidade de gerir a diversidade. Adicionalmente, salienta-se a capacidade de comunicação, ancorada na empatia, na racionalidade e no controlo emocional que facilitam a negociação e a resolução de problemas.

A aptidão para liderar de forma participativa e cooperativa que caracteriza o estilo de liderança transformacional promove o empowerment dos colaboradores e contribui também para os motivar, no sentido de alcançarem os seus objectivos pessoais e profissionais e desenvolverem o espírito de equipa. Este tipo de liderança deixa marcas duradouras na organização, pois contribui de forma significativa para alcançar vantagem competitiva face à concorrência e para aumentar os níveis de satisfação dos colaboradores.

Por outro lado, as organizações lideradas por mulheres apresentam um maior retorno sobre o investimento, o que se traduz num impacto económico e financeiro bastante representativo.

A liderança feminina também se destaca pela sensibilidade na interacção com os membros da equipa, o que afecta directamente a redução de conflitos organizacionais, devido à facilidade de comunicação e à proximidade com os colaboradores, porque a liderança vai muito além do cargo ocupado. Liderar passa por influenciar a equipa e estimular os esforços individuais e colectivos com o intuito de cumprir os objectivos partilhados.

Compreender a importância que a liderança feminina tem para as organizações contribui para diminuir a desigualdade do género no que diz respeito à ocupação de cargos de topo, porque apesar da evolução positiva que se tem registado nos últimos anos, o processo é lento e muito aquém do desejável.

 

Este artigo foi publicado na edição de Julho (nº.127) da Human Resources, nas bancas.

Caso prefira comprar online, está disponível em versão papel e versão digital.

Ler Mais