Salários mais altos de novas contratações podem levar a frustração interna no local de trabalho. Saiba como evitá-la

A igualdade salarial dos elementos da mesma equipa é contributo incontornável para um clima de trabalho calmo. A escassez de talentos verifica-se em muitos sectores e os empregadores precisam de cativar os profissionais a escolhê-los. Muitos tendem a inflacionar os salários de entrada, mas isso pode levar a conflitos internos. A Robert Walters deixa conselhos para evitar essas situações.

 

Como resultado, por vezes os funcionários empregados há anos descobrem que os novos colegas – devido ao mercado de trabalho apertado – ganham tanto como eles. «Isso causa tensões entre os colaboradores. Assim que estes profissionais seniores descobrem isso, sentem-se desvalorizados ou que o empregador traiu a sua confiança. Essa insatisfação é compreensível e é lógico que um recém-chegado ganhe menos do que o seu colega com maior antiguidade. O ambiente de trabalho pode sofrer fortemente com isso e, na pior das hipóteses, pode até causar a demissão de mais funcionários seniores», alerta Fabienne Viegas, senior manager da divisão de tecnologia da empresa de recrutamento Robert Walters em Lisboa.

 

Potencial de crescimento

O que alegam os empregadores? Ao recrutar especificamente perfis de TI, a obsolescência das competências técnicas dos funcionários mais antigos da organização é frequentemente colocada. É uma razão válida quando uma skill é necessária com urgência para realizar um projecto, mas rapidamente se torna um argumento perigoso quando a empresa não oferece formação contínua aos funcionários que estão no cargo há vários anos.

Além disso, muitas organizações estão a contratar profissionais pelo seu potencial de crescimento. «Por exemplo, os funcionários estão a ser recrutados para o cargo de engenheiro de sistemas ou controlador de gestão, mesmo que ainda não tenham todas as competências e experiência necessárias para ocupar esta função. No entanto, já estão a receber o salário para uma função na qual ainda precisam de crescer.»

Por fim, a falta de candidatos e a escassez de talentos levam necessariamente a uma revisão brusca dos salários. No geral, é a empresa mais rápida no seu processo de recrutamento e mais generosa na sua remuneração que consegue integrar os melhores perfis.

Mas há soluções. Os empregadores podem tomar certas medidas para evitar tais tensões no local de trabalho. Fabienne comenta: «Os empregadores podem, por exemplo, avaliar antecipadamente que funcionários correm o risco de se sentir insatisfeitos por causa do salário de novos colegas, tendo uma conversa aberta e honesta com eles sobre isso de antemão. Desta forma, podem recompensar os colaboradores mais senior de uma forma diferente: a rever e comparar a sua remuneração com o mercado a montante e a oferecer outros benefícios ou bónus marginais, mas também a financiar formação para estes trabalhadores de longa data, para os ajudar a recuperar a sua empregabilidade.»

 

‘Último a entrar, primeiro a sair’

Tenha em mente que as organizações que hoje oferecem grandes salários também são as que colocarão bastante pressão sobre esses funcionários recém-recrutados. De facto, se a economia contrair ou se a empresa se encontrar em dificuldades financeiras, esses recém-chegados com altos salários estarão altamente expostos e, às vezes, até mesmo despedidos prematuramente como parte de medidas de corte de custos, o chamado fenómeno “last in, first out”.

«Por fim, lembre-se de que muitas vezes é melhor simplesmente não falar sobre o seu salário com os colegas, pois pode levar a ambientes negativos no local de trabalho», conclui Fabienne. Quando os colaboradores estão a considerar uma renegociação dos seus salários, é preferível permanecerem focados no valor de mercado do seu perfil.

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