Secil: Um enabler para a estratégia e o engagement

A comunicação interna no Grupo Secil vai muito além da partilha de informações. Com equipas distribuídas em várias geografias e realidades culturais, a empresa vê nesta ferramenta um motor estratégico.

Em entrevista à Human Resources, Andréia Soares, People Engagement Manager do Grupo Secil, partilha as estratégias e desafios da comunicação interna de uma organização global, presente em oito países e com diferentes idiomas e culturas. A comunicação interna, na Secil, é vista como uma promotora da estratégia, do bem-estar dos colaboradores e da promoção de valores como a diversidade e a inclusão.

Qual a importância e impacto que a comunicação interna tem na Secil?

No Grupo Secil, a comunicação interna é considerada um enabler para a execução da estratégia, uma vez que garante o alinhamento e o envolvimento das pessoas para atingir os nossos objectivos. É fundamental que as pessoas saibam qual é o seu papel neste caminho e, por isso, buscamos clarificar o porquê de estarmos a fazer cada acção. Para além disso, a comunicação interna também influencia a satisfação e o engagement dos colaboradores e, neste sentido, temos evoluindo para uma comunicação mais próxima e participativa, com as nossas pessoas como protagonistas.

Quais os principais desafios que enfrentam na gestão da comunicação interna, especialmente num sector tão técnico como o da indústria cimenteira?

Chegar a todas as pessoas é o nosso maior desafio. Além de estarmos em muitas instalações, 80% das nossas pessoas não desempenham a sua função em frente ao computador. Além disso, temos quatro idiomas diferentes nos oito países onde operamos, e, embora a comunicação globalmente decorra em inglês, não estamos em países nativos nesta língua, por isso, nem todas as pessoas falam. Fora as diferenças culturais, que ainda podem gerar interpretações muito distintas daquelas esperadas.

Que estratégias têm vindo a implementar para assegurar uma comunicação interna eficaz, sobretudo numa organização com colaboradores distribuídos por várias localizações?

A principal delas é, sem dúvida, a comunicação com os líderes. Acreditamos que os líderes são o nosso principal canal de comunicação, uma vez que conhecem a equipa e conseguem adaptar a mensagem aos diversos perfis, são mais próximos, têm credibilidade e um contexto mais alargado. Assim, temos investido na formação, na comunicação e nas reuniões presenciais, apoiando-os para que disseminem as informações. Como um exemplo de uma das acções neste sentido, podemos citar a InfoLeader, uma newsletter que enviamos aos líderes com informações em primeira mão, que ajuda os líderes a se prepararem para conversar com as equipas. Além da InfoLeader, temos ecrãs distribuídos pelas instalações e a Acontece nas Operações, uma outra newsletter feita com base nas propostas de um comitê editorial com representantes dos diversos negócios em que os colaboradores são os protagonistas. Globalmente, adaptamos também as nossas comunicações de grupo para bilíngue – inglês e o idioma local.

A Secil utiliza ferramentas digitais para facilitar a comunicação interna? Que ferramentas são essas e que tipo de conteúdos permitem veicular?

Sim, a cada trimestre fazemos o Town Hall, que é uma transmissão ao vivo para todos os colaboradores, em que são apresentados os resultados de segurança, do negócio, o status da estratégia e também temos um capítulo de pessoas. Esta transmissão é dinamizada em inglês com tradução simultânea para os diversos idiomas. A tradução automática não é perfeita, mas ainda assim acreditamos que ajuda ao entendimento global da mensagem transmitida.

Costumamos fazer também webinares para partilha de temas e dar visibilidade aos projectos nas geografias, promovendo o diálogo. Temos investido também em formatos para leitura no telemóvel, para que as pessoas que estejam longe do computador também tenham acesso à informação, para além de suportes tradicionais como a intranet.

Temos respeito pela característica de cada geografia. Por exemplo, o WhatsApp funciona muito bem no Líbano, o Brasil foi a primeira geografia a implementar o formato de videocast, que estamos a implementar agora globalmente, na Tunísia, o formato mais vencedor é o presencial.

É importante pensar também que talvez a comunicação interna já não seja apenas interna, pois também comunicamos com as nossas pessoas pelas redes sociais. Neste sentido, estamos a passar a chamar esta área de People Engagement, que também engloba as vertentes que andam de mãos dadas com a comunicação interna: a Cultura e Clima e o Employer Branding.

Como é que a comunicação interna se alinha com os valores e a cultura organizacional da Secil?

A comunicação interna é a promotora dos valores e da cultura organizacional. Costumo dizer que a cultura é a personalidade de uma organização, mas é um tema intangível, que leva a tempo de ser percebido e também de ser mudado. A comunicação interna, com frequência e rituais estabelecidos, tem um papel fundamental em materializar e dar visibilidade às acções que ajudam as pessoas a perceberem que os valores não estão apenas nas paredes, mas também no nosso dia a dia, na forma como gerimos e entregamos resultados.

Que iniciativas de comunicação interna têm implementado para promover o bem-estar e a motivação dos colaboradores?

Temos investido em programas que apoiam a saúde física e mental, como o lançamento de campanhas de sensibilização sobre saúde e bem-estar, apoio psicológico e a promoção de actividades desportivas em várias localizações. Além disso, facilitamos a flexibilidade no trabalho, com iniciativas que promovem a conciliação entre responsabilidades familiares e profissionais, e valorizamos o tempo de descanso e recuperação dos colaboradores.

No que diz respeito à motivação, acreditamos que o reconhecimento é uma poderosa ferramenta. Na Secil, abrir espaço para que os colaboradores partilhem as suas experiências, desafios e conquistas tem sido fundamental para reforçar o seu sentido de pertença e propósito. Através de canais de comunicação internos, como newsletters, plataformas digitais e eventos, damos voz às nossas equipas para que possam contar as suas histórias, demonstrar os projectos que lideram e partilhar as inovações que estão a implementar. Essa visibilidade não só motiva os próprios colaboradores, mas também inspira outros a contribuir com novas ideias e soluções.

A mobilidade interna é outra vertente que temos priorizado, pois entendemos que o desenvolvimento de carreira dentro da organização é um forte motivador.

Em tempos de mudança ou crises, como é que a Secil ajusta a sua comunicação interna para garantir que todos os colaboradores se sintam informados e apoiados?

Vou dar dois exemplos para ilustrar como fazemos: tanto no processo de revisão estratégica, uma grande mudança na organização, quanto na pandemia, uma crise, a comunicação esteve presente do início ao fim do processo, e não apenas no final para comunicar o que “foi decidido”. E isso faz toda a diferença, porque tanto uma mudança quanto uma crise precisam de comunicação constante, de diferentes formas, com diferentes públicos internos. No caso da definição da nova estratégia, participa de um grupo de trabalho que acompanha todos os passos da revisão estratégica. No caso da pandemia, estava dentro do comitê de crise. Sabemos que quantidade não quer dizer qualidade, mas na pandemia aumentámos muito a presença da comunicação interna, tanto em formatos escritos quanto por reuniões e momentos de conversa, porque as pessoas estavam dispersas e necessitadas de proximidade e informação.

Que papel desempenha a comunicação interna na promoção da diversidade e inclusão dentro da Secil?

A comunicação interna tem desempenhado três papeis nesta frente. Primeiro, dar a conhecer a nossa prioridade neste tema dentro do nosso projecto ESG, que é aumentar a presença de mulheres no Grupo Secil, um desafio que é comum a todas as empresas desta indústria e que enfrentamos em todas as nossas geografias. Para além de conhecer o objectivo e como pretendemos avançar neste tema, trazemos, por exemplo, no Dia da Mulher, pessoas de empresas que também têm este desafio para falar a todos os colaboradores para conhecermos como promover a presença feminina em ambientes historicamente mais masculinos.

Em segundo lugar, também temos promovido acções como as Jornadas DEIB, e o B quer dizer belonging, para aumentar a literacia sobre este tema e promover a reflexão individual e em grupo para que possamos tornarmo-nos cada vez mais inclusivos.

Em terceiro lugar, sendo uma empresa presente em oito países, a diversidade cultural é algo bem presente no nosso dia-a-dia, e a comunicação interna colabora para o entendimento mútuo e para aumentar a nossa percepção sobre as diversas culturas que compõem a Secil. Por exemplo, temos muitos colegas muçulmanos, especialmente na Tunísia e no Líbano. Durante o Ramadão neste ano, colegas destas geografias explicaram em vídeo o que significa este período e como impacta o dia-a-dia no trabalho.

Que tendências de futuro identificam para a área de comunicação interna?

Para não reduzir o tema a mudanças tecnológicas que vão acontecer de forma mais rápida e mais frequente, e que cabe a nós adaptarmo-nos, cada vez mais as pessoas querem trabalhar numa empresa com a qual se identificam e que estejam alinhadas ao seu propósito. E se a comunicação interna – que já não é só interna – colabora para esta clarificação, explicando para onde a empresa quer ir, aonde quer chegar e de que forma, está a colaborar para reter e atrair talentos alinhados com a sua missão, visão e valores. Isso é mais importante do que mudanças tecnológicas.

Para que isso aconteça, hoje e no futuro, a comunicação tem de ser de duas vias, chegar a todos os colaboradores, independentemente de onde estejam, de forma próxima e genuína.

Opinião

Liderança, inspiração e transformação

A Secil é muito mais do que uma empresa de cimento. Ao longo da sua história, soube transformar a sua cultura e valores numa força motriz que impulsiona cada colaborador a fazer parte de algo maior.

Na Secil, a comunicação interna é vista como uma poderosa ferramenta de liderança, essencial para a execução estratégica e para inspirar todos a caminharem juntos rumo ao futuro.

Num sector tão técnico e desafiador, a Secil entende que o verdadeiro valor de uma organização está nas suas pessoas. A comunicação interna não é apenas uma ponte entre os líderes e as equipas; é o fio condutor que alinha a visão estratégica com o dia-a-dia de cada colaborador, independentemente da sua geografia, função ou idioma. Através dela, a Secil pretende inspirar, orientar e envolver, garantindo que todos compreendem o seu papel na construção de um legado duradouro.

Na Secil, os líderes não são meros transmissores de informação. Eles são os embaixadores da estratégia e os primeiros a cultivar uma cultura de proximidade, confiança e clareza. Acreditamos que os líderes são os maiores agentes de transformação, pois podem moldar a comunicação de forma a tocar cada colaborador, adaptando as mensagens de acordo com as necessidades e contextos das suas equipas. Essa proximidade não só fortalece os laços entre as pessoas, mas também promove uma execução mais ágil e eficaz da estratégia global.

Exemplos como a InfoLeader, uma newsletter personalizada para os líderes, mostram o compromisso da Secil em proporcionar-lhes as ferramentas necessárias para que sejam protagonistas no processo de comunicação. Mas não paramos por aí. A cada trimestre, no Town Hall, a empresa partilha os seus resultados e a visão estratégica de forma transparente e acessível. Este momento não é apenas uma partilha de números, mas uma oportunidade para reforçar a visão de futuro e lembrar a todos que fazem parte de algo maior.

Acreditamos que a comunicação interna vai além de informar; ela transforma. Na Secil, escutamos activamente os colaboradores e fazemos deles co-criadores da nossa narrativa. Com iniciativas como o Comité Editorial, incentivamos os colaboradores a partilhar as suas histórias, contribuindo para um sentimento de pertença e para o fortalecimento da nossa cultura. Cada voz conta, e cada interacção é uma oportunidade de fortalecer a nossa unidade e compromisso com a excelência.

Sabemos que em momentos de crise ou mudança, a comunicação tem o poder de unir e orientar. Durante a pandemia, a Secil intensificou os seus esforços de comunicação interna, garantindo que todos, em qualquer parte do mundo, se sentissem apoiados e informados. Foi nesse período que a comunicação se revelou ainda mais essencial, mostrando que o verdadeiro papel dos líderes é ser uma âncora de confiança e transparência.

A nossa comunicação interna reflecte essa diversidade de que a Secil é composta, promovendo a inclusão e o respeito por todas as vozes. Celebramos as nossas diferenças e usamos a comunicação para criar pontes que nos conectam, fortalecendo o tecido multicultural da nossa organização.

Olhando para o futuro, a Secil não vê a comunicação interna apenas como uma função operacional, mas como um elemento estratégico e inspirador, que liga os valores, a cultura e a visão de futuro da empresa. Cada mensagem, cada interacção, cada conversa é uma oportunidade para inspirar, mobilizar e transformar. Para nós, a comunicação é liderança em acção – é um pilar fundamental para o sucesso da nossa estratégia e o motor que impulsiona o nosso propósito.

Na Secil, cada colaborador é uma peça essencial desta jornada, e é também através da comunicação interna que lhes damos o poder de serem líderes no seu próprio caminho. É assim que juntos, guiados pela nossa estratégia, continuamos a construir um futuro sólido, sustentável e repleto de inspiração.

Por: Isabel Moisés, CHRO do Grupo Secil

 

Estes artigos fazem parte do Especial “Comunicação Interna” publicado na edição de Setembro (n.º 165) da Human Resources.

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