Tabaqueira: «A diversidade é a nossa maior força»

Ouvir activamente os colaboradores, integrar o seu feedback nas iniciativas da empresa e apoiar grupos de discussão sobre temas de diversidade e inclusão são algumas das boas práticas da Tabaqueira, mas existem muitas outras na estratégia da empresa.

 

A Tabaqueira foi uma das primeiras empresas em Portugal a aderir voluntariamente à Meta Nacional para a Igualdade de Género, assumindo, publicamente, o compromisso de alcançar 40% de mulheres em cargos de decisão até 2030. É, igualmente, uma das primeiras empresas certificadas em igualdade salarial entre géneros, mantendo uma visão abrangente que considera todos os aspectos da diversidade. A escuta activa das preocupações e prioridades dos colaboradores, a integração do seu feedback nas iniciativas da empresa, uma política de paternidade igualitária ou a criação de grupos de discussão para apoiar e promover a partilha entre colegas são algumas das prioridades da empresa. Nesta entrevista à revista Human Resources Portugal, Julia Denzel, Head People & Culture Portugal at Philip Morris, aborda diversas temáticas sobre inclusão, diversidade e igualdade de género, recordando os pilares que têm regido a estratégia da empresa nesta área, ao mesmo tempo que olha para o futuro como um desafio, mas sobretudo como uma grande oportunidade para fazer a diferença, na empresa e, consequentemente, na sociedade.

 

De que forma tem vindo a evoluir a estratégia da Tabaqueira para a diversidade/ inclusão/igualdade de género?
Inicialmente, à semelhança de outras empresas, o foco estratégico, em termos de políticas de recursos humanos, fixou-se no equilíbrio de género e no acompanhamento da evolução do rácio do género feminino. Alcançar marcos importantes, como posicionarmo-nos como uma das primeiras empresas certificadas em igualdade salarial entre géneros, estabeleceu a base crucial para cumprir esse objectivo.

Actualmente, além de mantermos essas boas práticas, ampliámos a nossa visão de forma mais abrangente, considerando todos os aspectos da diversidade. Fazemos uma análise mais detalhada do nosso índice de inclusão, que reflecte como os nossos trabalhadores – que mesmo integrando uma minoria não se vêem como minoritários – se sentem. Criámos diferentes Grupos de Recursos para Trabalhadores (ERGs) para apoiar a escuta activa e contínua daquelas que são as suas preocupações e prioridades, de forma a garantir que todas as vozes, tão diversas, são incluídas nas nossas futuras iniciativas.

Trata-se de uma evolução específica que decorre da própria actividade da Tabaqueira, dado que temos linhas de actividade muito diversas. Guidelines que abrangem a fábrica (um dos principais centros de produção da Philip Morris International), as Funções Globais, o IT, o Mercado e os Centros de Excelência (que servem muitos outros mercados do grupo), onde convivem cerca de 40 nacionalidades. Isto é algo único e muito valioso, porque a diversidade é a nossa maior força. Numa cultura em que as pessoas falam e são ouvidas, em que vivem com liberdade as suas origens, valores e crenças, colocam também de forma mais livre e comprometida a sua experiência e as suas perspectivas ao serviço de toda a organização.

 

Quais os maiores desafios que persistem?
Orgulhamo-nos muito do que conquistámos nos últimos anos, mas naturalmente subsistem desafios, sobretudo porque não se aplicam igualmente a todas as áreas da empresa. Naturalmente, em algumas áreas de negócios, como no nosso Centro de IT, analisamos com mais profundidade as questões específicas de igualdade de género – como sabemos, nas áreas de STEM (acrónimo em inglês relativo às área de Ciências, Tecnologia, Engenharia e Matemática), continuamos a ver uma maior presença de homens do que de mulheres. Consequentemente, estabelecemos medidas específicas, como criar redes para as nossas mulheres na área de IT, tanto interna como externamente. A chave e, por vezes, o desafio, é encontrar a raiz na origem de alguns temas específicos de diversidade e inclusão.

 

Quais os programas e iniciativas que se destacaram no último ano no âmbito destes temas?
A Philip Morris International (PMI) foi a primeira empresa globalmente certificada em termos de igualdade salarial pela entidade independente EQUAL- -SALARY Foundation. Isto significa que paga, onde opera, de igual forma a mulheres e homens, que exerçam a mesma função. Anualmente, somos auditados e continuamos a conquistar esta certificação, o que significa que mantemos este padrão de remuneração e tratamento igualitário, ano após ano. Adicionalmente, a Tabaqueira foi uma das empresas bandeira em Portugal ao aderir voluntariamente à Meta Nacional para a Igualdade de Género, assumindo, publicamente, o compromisso de alcançar 40% de mulheres em cargos de decisão até 2030.

Outra iniciativa importante da PMI, em prol da igualdade, foi a introdução de uma nova política de licença parental, que também permite a licença de paternidade aos nossos colegas do género masculino. Esta abordagem, na minha opinião, também está a ajudar a mudar mentalidades em relação aos papéis de género. É uma medida extremamente apreciada pelos nossos trabalhadores. Também trabalhamos na consciencialização, assinalando e celebrando datas importantes relacionadas com a diversidade, através de acções que incluem a partilha pessoal e debates sobre os diversos temas.

 

Qual é o envolvimento dos colaboradores nestas iniciativas? Além de métricas quantitativas, como medem esse envolvimento?
Somos uma empresa que está sempre disponível para ouvir os nossos trabalhadores, seja através de questionários, seja através das partilhas que ocorrem nos diversos grupos de discussão. É com base nos resultados e no feedback, que nos fornecem os dados quantitativos e insights qualitativos necessários, que fazemos o devido acompanhamento destes temas e procuramos tomar as medidas correctas.

É uma prática recorrente também envolver os nossos trabalhadores nos projectos e na co-criação de algumas das nossas iniciativas. Os Grupos de Recursos para Trabalhadores (ERGs) são exemplos do envolvimento concreto dos nossos trabalhadores. Estes grupos são criados por iniciativa dos próprios trabalhadores, são liderados por eles para apoiar e promover a partilha entre colegas. Neste momento, estão activos grupos de discussão que, para além do tema da igualdade de género, debatem e analisam, em momentos de partilha, questões ligadas à comunidade LGBTQ+, à etnicidade ou deficiência.

 

Existe um maior awareness e uma maior acção da sociedade em torno destes temas. De que forma é que tem impacto nos colaboradores da Tabaqueira?
Acredito que, de forma geral, o que está a ser discutido na sociedade naturalmente influencia os tipos de discussões conduzidas dentro de uma empresa, inclusive pelos nossos trabalhadores. Nesse sentido, elevar a consciencialização é um ponto em comum e ajuda as organizações a concentrarem-se em questões sociais. Esse crescimento do interesse da sociedade em relação a temas de Inclusão e Diversidade assume-se como um desafio e uma oportunidade para as empresas, sendo que a Tabaqueira não é uma excepção nesse sentido.

 

Actualmente, quais os aspectos a melhorar e prioridades para o futuro próximo?
Para o futuro próximo, a prioridade é continuar a apostar no sentido de pertença junto de todos, independentemente de qualquer dimensão de diversidade. O foco será trabalhar em conjunto com nossos ERGs para criar maior abrangência sobre tópicos de inclusão, inclusive com ênfase na integração de pessoas portadoras de deficiência.

 

Qual o impacto destes temas na área de negócio da Tabaqueira?
Há sete anos, a PMI, da qual a Tabaqueira é a subsidiária em Portugal, impôs uma verdadeira mudança transformacional no seu paradigma de negócio e de gestão, ao assumir a ambição de alcançar um futuro melhor e livre de fumo. Este desígnio passou por colocar a sustentabilidade no centro do seu negócio e assumimos o compromisso de minimizar as externalidades negativas associadas aos nossos produtos, operações e cadeias de valor.

O cumprimento desta visão passa por responder aos impactos sociais e ambientais dos nossos produtos e das nossas operações, sendo que isso passa por objectivos como maximizar o acesso a produtos sem combustão e sem fumo, prevenindo a utilização não intencional de menores e eliminando progressivamente os cigarros; reduzir o desperdício pós-consumo derivado dos nossos produtos; ou proteger o ambiente, alcançando a neutralidade carbónica das operações (em 2025). Sem esquecer, claro, a dimensão das nossas pessoas, através da promoção de um local de trabalho qualificado e inclusivo que fomente a igualdade e a diversidade cultural.

Só será possível concretizar esta visão se os nossos trabalhadores forem, de facto, os motores da mudança e os embaixadores da nossa missão. A sua dedicação é essencial para tornar esta visão uma realidade. O envolvimento com os nossos trabalhadores permite-nos identificar e resolver os desafios em conjunto.

 

Qual a percentagem de mulheres em cargos de gestão na Tabaqueira?
Podemos afirmar com orgulho que temos quase uma proporção de 60/40 (masculino/ feminino) em toda a Tabaqueira. No que diz respeito a cargos de liderança, estamos ainda mais próximos de uma proporção de 50/50 na área de mercado e cerca de 60/40 (masculino/feminino) na área industrial.

 

Em termos gerais, o que consideram ser mais importante mudar nas organizações para que exista uma maior inclusão de todos?
Acredito que uma gestão correcta dos temas da inclusão permite beneficiar plenamente do verdadeiro poder que a diversidade pode ter no negócio. O que é a diversidade se as pessoas não se sentem respeitadas e valorizadas na sua verdadeira essência? Um aspecto chave, na minha opinião, é simplesmente sensibilizar para a pluralidade de realidades pessoais e para a diversidade de personalidades, sem necessariamente precisar de as rotular. Isso pode ser alcançado através de modelos de comportamento, partilha e diálogo constantes. As empresas desempenham um papel fundamental na criação de espaços seguros que promovam abertura e desestigmatização.

 

Da experiência da Philip Morris com outros países, Portugal está bem posicionado na diversidade, inclusão e igualdade?
Estamos a construir o nosso próprio caminho, alinhado com a orientação e valores da PMI, ao agir, medir e monitorizar. Além da Tabaqueira ter renovado a Certificação em Igualdade Salarial, que garante o pagamento de salários iguais a homens e mulheres para a mesma função antecipou em nove anos a meta de mais de 40% de cargos de gestão no mercado ocupados por mulheres.

Temos uma organização altamente envolvida, onde as pessoas se sentem parte da construção de soluções e onde se fomenta uma diversidade cultural. Sem esquecer claro a promoção da equidade e igualdade, onde se proporciona o acesso à aprendizagem ao longo da vida e onde se fortalece ainda mais o sentimento de pertença e compromisso dos nossos trabalhadores.

 

Este artigo faz parte do Caderno Especial “Igualdade, diversidade e inclusão” na edição de Agosto (n.º 152) da Human Resources, nas bancas.

Caso prefira comprar online, tem disponível a versão em papel e a versão digital.

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