Tem dificuldade em detectar mentiras? Especialistas descobriram um método (quase) infalível
Consegue perceber pela linguagem corporal se alguém está a mentir ou não? Provavelmente a resposta é não. Um novo estudo realizado por uma equipa de especialistas em psicologia jurídica da Universidade de Gotemburgo, na Suécia descobriu que existe uma forma eficaz de distinguir a verdade da mentira, reporta a Inc.com.
Verifique determinados factos, faça algumas perguntas e ouça com muita atenção o que dizem. Esta é a conclusão da equipa após analisar as opiniões de 50 especialistas em detecção de fraude.
Os investigadores procuraram determinar não só quais os métodos de detecção de narrativa falsa que os especialistas preferiam, mas também quais eram apoiados por estudos e aprender o que não funciona.
E aprenderam por exemplo que observar a linguagem corporal só ajudará a saber se alguém está a mentir quando o suspeito é alguém que conhece bem. Neste caso, uma mudança na linguagem corporal pode alertá-lo para algo estranho. Isso pode significar que estão a mentir.
Ouvir pode ajudar a perceber uma mentira
Quando está a lidar com um estranho, observar a sua linguagem corporal não o vai ajudar a distinguir a verdade da mentira. Pode até tornar o trabalho mais difícil. Uma outra experiência mostrou que, quando as pessoas apenas ouvem o que alguém diz ou lêem uma transcrição das suas declarações, são mais capazes de reconhecer uma mentira do que quando vêem a pessoa num vídeo.
Por outras palavras, não importa se ouviu dizer que os mentirosos não olham (ou olham) directamente nos olhos, ou se olham para a esquerda (ou para a direita) enquanto dizem uma mentira, a linguagem corporal não dirá muito. Em vez disso, os investigadores recomendam que concentre toda a sua atenção no que a pessoa realmente diz.
«Não há pistas não verbais fiáveis, mas há pistas verbais fiáveis», disse Pär-Anders Granhag, professor de Psicologia na Universidade de Gotemburgo e um dos autores do estudo, em entrevista à BBC. Por exemplo, 72% dos especialistas concordaram que os mentirosos fornecem menos detalhes do que os que contam a verdade. Algumas pesquisas recentes sugerem também que, quando os mentirosos dão detalhes, é mais provável que esses detalhes sejam irrelevantes.
Lembre-se da última vez que apanhou um mentiroso
Mas há outra forma mais directa para tentar determinar se alguém está a dizer a verdade: verificar os factos. Os investigadores sugerem que fazer um esforço para confirmar ou refutar o que lhe disseram é um melhor uso do seu tempo do que estudar a linguagem corporal.
«Pense na última vez que apanhou alguém a mentir. Como é que sabia?», pergunta Timothy Luke, professor associado da Universidade de Gotemburgo e principal autor do estudo. «Provavelmente não foi porque olharam para cima e para a esquerda. Provavelmente tinha alguma prova: um recibo, uma mensagem de texto, uma testemunha.»
Se uma testemunha contradiz as afirmações do mentiroso, fica indeciso sobre decidir em qual delas acreditar? Não necessariamente. Granhag e Luke recomendam aquilo a que chamam a abordagem de Mudança de Estratégia. Embora proponham isto como uma táctica para entrevistar suspeitos de crimes, também pode funcionar noutras situações.
Quando reunir provas que contradizem o que o suspeito disse, não o acuse directamente de mentir. Em vez disso, forneça uma pequena informação que discorde de alguma parte da história.
Observe o que acontece depois. O suspeito muda a sua história para acomodar esta nova informação? Se continuar a fornecer pequenas informações contraditórias e a pessoa continuar a ajustar a sua história para a justificar, «está a caminho de descobrir uma mentira», disse Granhag.
Este método não é infalível. Um suspeito de mentir também pode mudar a sua história, porque não se lembra e as novas informações estão a avivar a sua memória. Isto pode acontecer quando se trata de um evento ocorrido há muito tempo, por exemplo. Mas, em muitas situações, o seu instinto pode assinalar aquela sensação de se deve acreditar nessa pessoa ou não. E é um indicador muito melhor do que se olharam ou não nos seus olhos.