Trabalhadores com formação superior recebem salário 73% superior aos que têm apenas o 12.º ano. Mas a taxa de desemprego é maior
O relatório anual do Estado da Educação 2023, do Conselho Nacional de Educação (CNE), mostra que os trabalhadores com formação superior recebem, em média, mais 73% do que o salário médio de quem tem apenas o ensino secundário.
São cada vez mais os jovens com formação superior em Portugal e «quanto mais elevadas são as qualificações, maior a perspectiva de uma vida melhor».
Quanto mais longe se avança nos estudos, maiores são as probabilidades de se conseguir um emprego e um melhor salário, mostram os dados apresentados no estudo. Em 2023, a taxa de emprego dos jovens adultos (entre 25 e 34 anos) com ensino secundário ou pós-secundário era de 84,9%, um valor que subia para 88,3% entre os jovens com formação superior.
Além de ser mais fácil arranjar emprego, quem tem formação superior aufere «um rendimento mensal correspondente, em média, a 173% do salário médio dos trabalhadores que concluem o ensino secundário», refere o relatório anual. Independentemente das «diferenças assinaláveis» entre os salários pagos em Portugal e noutros países europeu, os investigadores concluem que «estudar compensa».
Apesar do aumento geral de qualificações da população, ainda existem grandes assimetrias regionais, como é o caso do Algarve, dos Açores e da Madeira, onde a escolaridade da população é muito inferior à registada, por exemplo, no norte ou no centro do país.
Recordando os estudos que apontam para o forte impacto da formação dos pais no sucesso académico dos filhos – metade dos jovens «reproduz as baixas habilitações dos progenitores» – os investigadores apelam a medidas que garantam o envolvimento dos adultos em actividades de educação e formação.
«A melhoria consistente das taxas reais de escolarização e de conclusão que se verificam no ensino secundário nas três últimas décadas tem sido relevante para o aumento das qualificações dos jovens adultos», sublinha o presidente do CNE, Domingos Fernandes, no texto introdutório do relatório.
O estudo mostra que é preciso olhar também para os jovens adultos rapazes, uma vez que agora são eles quem mais abandona precocemente a escola, quando há algumas décadas, essa era uma prática mais usual entre as raparigas.
«Subsistem, portanto, dois desafios: incentivar os rapazes a obterem diplomas de estudos mais avançados e desenvolver estratégias que permitam compreender e dirimir as assimetrias regionais», concluem os investigadores.
Também diminuíram os casos de jovens que não estudam nem trabalham: A proporção de jovens entre os 18 e os 24 anos nesta situação passou de 18,3% em 2016 para 13,2% em 2023, ano em que mais de metade (55,3%) ainda estava a estudar e 31,6% estavam a trabalhar.
No ensino superior, o CNE defende um reforço das políticas de atribuição de bolsas aos mais carenciados e o alargamento da oferta de alojamento estudantil a custos acessíveis.