Transformação digital e empresas inteligentes

A revolução tecnológica está aí e a grande velocidade, o que se traduz em novos desafios e oportunidades para as organizações. Mas o que acontece realmente quando as empresas decidem apostar em força no digital? Foi um dos temas em foco no SAP NOW Lisboa, que se realizou a semana passado, no Centro de Congressos do Estoril.

 

Um dos painéis juntou, numa mesa redonda, Ana Pinho, vice presidente do grupo Brodheim, Paulo Gaspar, administrador do grupo Lusiaves, Joaquim Cabaço, CEO da Trivalor, e Peter Villax, administrador da Hoviene Capital. Na qualidade de moderador, Pedro Pinto deu o mote para a discussão sobre “A transformação digital na era das empresas inteligentes”: Até que ponto é que a transformação digital tem ajudado as vossas organizações, em que estado se encontra e para onde caminha?», questionou.

Ana Pinho começou por dizer que o principal objectivo é pôr o digital ao serviço do negócio para servir melhor o cliente. E reiterou a ideia, salientando que uma das principais mais-valias que a tecnologia trouxe foi a personalização. «O digital permite-nos conhecer o cliente, estabelecer uma relação com ele e saber em que é que podemos surpreendê-lo. Até porque não nos podemos esquecer que o tema do futuro são as experiências, pelo que a ligação emocional à marca e à equipa é o grande diferencial.»

Fez também notar que representar em Portugal marcas como a Burberry, Tous, Guess, Timberland e Vans é «um grande desafio interno». Por isso, acredita que «a formação é fundamental» e garante mesmo que «uma boa equipa faz uma diferença nos resultados de 40% de um dia para o outro».

Por sua vez, Paulo Gaspar partilhou a sua experiência na Lusiaves. «Estamos a 50% ao nível da transformação digital», disse, destacando, logo de seguida, a principal missão da equipa de Inovação e Tecnologia: «’To make our people better with technology’, ou seja, ‘our people’ são, em primeiro lugar, os nossos colegas e depois os clientes; ‘better with technology’ porque queremos que as nossas equipas sejam mais felizes e produtivas».


A gestão de pessoas na era do digital
Já Joaquim Cabaço lembrou que a transição digital obriga a uma mudança de paradigma, que irá exigir que os líderes capacitem as suas equipas. «A transformação digital é crítica e essencial para nós. Temos de preparar a organização para que ela seja assimilada e é ao nível da aculturação das pessoas que sentimos mais trabalho.»

O responsável acredita que «tudo o que é digital deve ser ‘silencioso’», ou seja, «que não deve trazer qualquer problema à organização, quer entre equipas, como na relação com o cliente». Esclareceu ainda que a ideia não é reconstruir a empresa, mas sim reinventá-la com os meios já existentes. No fundo, «estamos num processo de melhoria contínua e isto implica uma mudança cultural e uma adaptação das equipas».

Sobre os desafios que se apresentam num universo como o da Trivalor, com 30 mil colaboradores , sublinhou a importância da gestão de pessoas. «Temos pessoas muito pouco qualificadas. O que queremos fazer no futuro é ter menos pessoas, mas mais qualificadas e, assim, mais valorizadas», referiu.

Sem dúvidas sobre a necessidade da digitalização nas empresas está também Peter Villax, administrador da Hoviene Capital, uma empresa criada há 60 anos e um dos principais players da indústria da saúde em Portugal.  «A saúde é a área onde a transformação digital está mais do que atrasada e, portanto, onde há uma maior oportunidade», defendeu. De seguida, deu conta dos números da empresa. Com 60 anos de existência, emprega actualmente 1500 colaboradores e é, segundo Peter Villax, «o maior empregador nacional privado de doutorados».

O homem que surfou o canhão da Nazaré
Seguiu-se uma intervenção de Garrett McNamara, recordista mundial da maior onda surfada até 2018. Recordando o momento em que sofreu um acidente a surfar uma onda na Califórnia, nos Estados Unidos da América, em 2016, garante que isso não esmoreceu a sua “paixão” pelo surf, sublinhando que tudo o que conquistou se deve ao empenho da equipa.

Garret partilhou também a história de como chegou à Nazaré, onde fez história ao surfar uma onda gigante que o fez entrar para o Guiness em 2012. O homem que trouxe o surfista havaiano à Nazaré foi Dino Casimiro, da empresa municipal Nazaré Qualifica. A ideia, explica, era colocar a vila no mapa mundial do surf. E a insistência foi tanta que ao fim de cinco anos chegou a Portugal no ano de 2010.

Por Ana Rita Rebelo

 

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