Transição verde, uma responsabilidade sustentável da Gestão de Pessoas
Pode ler-se num estudo recente: “Sem o desenvolvimento de competências adequadas na transição para a Economia Verde, estima-se que a economia global poderia perder até 71 milhões de postos de trabalho no seu movimento para se tornar circular.”
Por António Saraiva, Business Development manager – ISQ Academy
Estamos desta forma a pensar qual o papel do capital humano na concretização de uma mudança sustentável. Esconder que as alterações climáticas são reais é, como se costuma dizer, “varrer para debaixo do tapete”, não querendo enfrentar um problema gravíssimo para a Humanidade. E qual a melhor forma de mitigar os impactos negativos, em particular no mercado de trabalho, transformando-o em oportunidades de futuro? A resposta em grande medida relaciona-se com as competências e a respectiva requalificação.
Curiosamente, ao contrário dos desafios da transição digital, parece que se fica algo manietado, negligenciando, mesmo ao nível do Estado, a concePção de estratégias abrangentes ao nível deste tipo de competências, não existindo uma real reflexão sobre o respectivo potencial destas. Por isso, para que não se percam os tais cerca de 71 milhões de postos de trabalho, é fundamental que se opte por políticas inteligentes, mas que se perceba que tem de existir investimento. Só para dar um exemplo, segundo determinados estudos, políticas objectivas e com investimento relevante na requalificação das Pessoas poderia produzir um crescimento líquido de 18 milhões de postos de trabalho, só no sector energético.
Como se percebe, muito dos níveis de empregabilidade dependem de clima estável, da eliminação gradual dos combustíveis fósseis e da produção de produtos mais sustentáveis, assim como da oferta de serviços que prolongue a vida útil destes. Logicamente que todas estas situações irão gerar uma série de impactos no comportamento de consumidores individuais, bem como das empresas. Em particular, porque a procura se começa a sustentar muito em soluções que envolvam características sociais e ambientalmente sustentáveis.
Há que enfrentar de forma realista que existirá um perda de empregos de forma instantânea, sendo que, em contraponto, a criação dos novos empregos será mais gradual. Logicamente que isto será uma enorme responsabilidade para o Estado e para muitas organizações, já que a lógica passará pela protecção dos trabalhadores. Portanto, não existirá reaparecimento automático de emprego. Simplesmente os ganhos de futuro serão bem maiores. Planear como obviar, fundamentalmente agir de forma preventiva é um caminho a trilhar. É inevitável que a Transição Verde aconteça, com risco de perdermos o planeta em que vivemos. Exige-se, pois, acção imediata, em que muito passa por muita criatividade nos modelos de flexibilidade laboral e de mobilidade.
Logicamente, muitos factores da responsabilidade organizacional, em particular das políticas e mecanismos de relacionados com a Gestão de Pessoas, são colocados na agenda e nos tempos próximos porque o atraso é visível. Portanto, políticas verdes devidamente estruturadas, planeadas e executadas, permitem maior qualificação, mas uma qualificação virada para o futuro. Mas também um mercado de trabalho altamente funcional, em que os sistemas educativos, eles próprios, evoluem. Assim, como deverá permitir sistemas sociais, em particular os de protecção, mais inclusivos. Muito há a repensar neste âmbito para uma Transição Verde efectiva, mas como se usa agora referir: o primeiro pitch é assumirmos a sua urgência!