Três passos para criar e três para reter uma equipa financeira para o futuro

Numa altura em que a economia europeia começava a dar sinais promissores, a Comissão Europeia reviu as suas previsões de crescimento para 0,8% este ano, face à projecção inicial de 1%. Uma mudança de confiança sustentada pela combinação de catástrofes naturais, com a guerra na Ucrânia e com uma inflação elevada. Apesar de ainda existir uma dinâmica de crescimento, esta última revisão é sintomática da montanha-russa em que as empresas europeias se encontram desde a pandemia. O panorama empresarial europeu tem tido a sua quota-parte de instabilidade, mas os empresários esperam agora, compreensivelmente, um final feliz para 2023.

Por Álvaro Dexeus, head of Southern Europe da Pleo

No entanto, estes não são factores sobre os quais as empresas tenham controlo e, se quiserem garantir que arrancam 2024 numa posição de maior resiliência, terão de assumir o controlo do seu próprio destino. Uma forma de o fazerem é através das suas equipas financeiras, existindo três formas de construir uma equipa financeira preparada para o futuro, e outras três sobre como retê-las.

 

Criar a equipa financeira certa no momento certo

O incentivo para uma boa equipa financeira não se resume a equilibrar as contas, nem a ter a equipa certa para intervir apenas em tempos de crise. Gastar é algo que todas as empresas fazem, mas muitas vezes pensam que as suas equipas financeiras são contadores de tostões. Em vez disso, podem estabilizar a empresa através de despesas inteligentes e podem definir a sua cultura de despesas – uma cultura que seja forte em autonomia e confiança. Deste modo, quais os passos para construir uma equipa financeira?

1.      Ter a estratégia de employer branding actualizada

Neste momento, vivemos num mercado onde os candidatos têm a faca e o queijo na mão, tendo eles o poder de decisão. Isto significa que a marca do empregador tem de ser autêntica e precisa de estar preparada, se quiser atrair talentos de alta qualidade. Se as pessoas olharem para o site da empresa ficarão impressionadas ou desmotivadas? A mensagem é consistente e alinhada? E a marca é genuína? Este último ponto abrange tudo, desde a definição do que a empresa representa, as suas credenciais, as causas que apoia e até as fotografias do site dos seus colaboradores.

2.      Controlo da marca

Definir e navegar o que significa ter uma visão de futuro no trabalho é uma evolução contínua. Mas os líderes financeiros com visão de futuro devem reconhecer que o controlo não tem de ser algo restritivo – na verdade, deve ser exactamente o oposto. O controlo é uma parte necessária do trabalho e uma forma de as empresas alcançarem prontidão, agilidade e paz de espírito. Limitar o controlo a um número restrito de pessoas não ajudará as equipas financeiras, nem a empresa em geral, pelo que a descentralização é a resposta. Esta abordagem ao controlo pode dissipar noções pré-concebidas, e talvez até receosas, sobre as finanças empresariais e ajudar a trazer para a empresa o talento certo, orientado para a inovação.

3.      Dar às pessoas o que elas querem e precisam

Como vivemos num mercado de candidatos a emprego, e embora não se deva fazer promessas que não se podem cumprir, deve ser definida a posição no que diz respeito à flexibilidade que os colaboradores podem esperar. A organização é remota, híbrida ou apenas presencial? A empresa está a utilizar ferramentas e IA para impulsionar a automatização e a eficiência, ou a sua transformação digital está nas suas fases iniciais? Que tipo de objectivo pode a equipa esperar da empresa? As respostas a todas estas perguntas variam de empresa para empresa, mas o fundamental é que elas existam.

 

Reter a equipa financeira

Uma coisa é construir a equipa de sonho da empresa, mas, no contexto actual, outra coisa completamente diferente é mantê-la. A McKinsey & Co. constatou que, no final de 2022, um em cada três trabalhadores europeus considerava abandonar o emprego, sendo França, Polónia e Suíça os mais afectados. Quer se trate de cumprir com o prometido, ou de ir mais além para um maior envolvimento com os funcionários e perceber o que eles querem, as empresas têm de fazer mais para convencer os seus funcionários a ficar. Deste modo, existem formas sobre como as empresas podem investir na retenção.

1.      Utilizar a tecnologia para apoiar a função humana

A tecnologia é o equivalente, no local de trabalho, a uma mancha de tinta de Rorschach. Diga-o em voz alta e, dependendo dos preconceitos das pessoas, elas podem ficar entusiasmadas, preocupar-se por não terem as competências necessárias ou temer pelo seu emprego. O papel como empregador é mostrar-lhes que pode ser fácil de utilizar, facilitar o seu trabalho e poupar-lhes imenso tempo; que existe para os capacitar, não para os substituir. Dar à equipa a tecnologia certa é fundamental. A tecnologia como plataformas de gestão de despesas e ferramentas de automatização que podem ajudar a impulsionar a produtividade, um melhor equilíbrio entre a vida profissional e pessoal e um ambiente de dados comum que todos possam utilizar. A função das pessoas não diminuirá, por isso, investir em ferramentas que a apoiem contribuirá muito para garantir que a equipa se mantém por perto, que não considera os seus objectivos uma tarefa impossível ou que é sobrecarregada por tarefas manuais e morosas que conduzem a uma falta de motivação.

2.      Investir nas pessoas – não apenas nos colaboradores

Actualmente, os colaboradores querem propósito e ligação. Pode ser uma grande ajuda para garantir que estão a crescer e que a empresa tem o ecossistema adequado para eles como pessoas, não apenas como funcionários. Normalmente, a formação e o desenvolvimento podem ser os primeiros orçamentos a serem cortados, mas para as empresas com pouco dinheiro, vale a pena manter esta parte do negócio viva. Não só irá encorajar as pessoas a permanecerem na empresa, como também se poderá ver os benefícios a longo prazo e tornar-se cada vez mais resistente aos desafios externos à medida que a equipa cresce. É necessário apostar na segurança psicológica e criar um ambiente de aprendizagem em que não haja problema em cometer erros.

3.      Assegurar de que a função financeira está centrada no ser humano

Investir numa cultura de trabalho positiva é uma obrigação para qualquer empresa, mas, quando se trata de equipas financeiras, é necessário um maior esforço para garantir a centralidade humana. O que pode ajudar é pensar no reconhecimento que a equipa financeira recebe dentro da empresa. Como líder deve-se trabalhar arduamente para garantir que a organização em geral vê o valor que esta equipa está a acrescentar. Não apenas do ponto de vista dos elogios, mas para que os outros compreendam o papel das finanças mais pormenorizada e exactamente como podem colaborar com elas. Reconhecimento e colaboração são factores decisivos para reter talento.

 

Façam o que fizerem, que o façam com as pessoas

Por muito que se pense que a empresa está preparada para o futuro, não se irá conseguir alcançar o sucesso se não investir na contratação e retenção dos talentos certos. É possível que a empresa já tenha uma excelente equipa – se assim for, é passar directamente para a fase dois e assegurar-se de que se está a fazer tudo para a manter.

Com o talento certo, as empresas podem não só ultrapassar os desafios que o mundo empresarial actual lhes coloca, como também ultrapassar os desafios do futuro, e até transformá-los em grandes oportunidades.

Ler Mais