Um em quatro (25%) trabalhadores dizem ter uma deficiência mas empresas só reportam entre 4% a 7%. O que explica a disparidade?

Um em quatro trabalhadores em todo o mundo autoidentifica-se como possuindo uma deficiência ou condição médica que limita alguma actividade importante da sua vida, segundo o estudo “Your Workforce Includes People with Disabilities. Does Your People Strategy?” da Boston Consulting Group (BCG). Em contraste, a maioria das empresas relata que, em média, apenas 4% a 7% dos seus colaboradores são pessoas com deficiência (PcD).

A disparidade poder-se-á atribuir a factores como o receio do estigma, de um impacto negativo na sua segurança no trabalho ou até mesmo em perspectivas de promoção.As conclusões do relatório são baseadas nos resultados de entrevistas com especialistas em inclusão de deficiência, bem como a 28 mil trabalhadores de vários sectores. A análise usa o Índice Bias-Free, Leadership, Inclusion, Safety, and Support (BLISS) da BCG, o qual gera uma pontuação que reflecte sentimentos de inclusão que variam de 1 a 100.Nos 16 países incluídos no estudo do BCG, o índice mostra que a inclusão de PcD é três pontos mais baixa do que o valor médio das pessoas sem deficiência ou condição de saúde. Comparativamente a outros grupos que geralmente estão no foco dos esforços de diversidade, equidade e inclusão (DEI) – mulheres, comunidade LGBTQ+ e minorias étnicas -, as PcD reportam níveis (ainda) mais baixos.O estudo conclui também que as PcD têm uma experiência de trabalho mais negativa do que a generalidade das pessoas sem deficiência ou condição de saúde.

A probabilidade de indicarem que estão felizes no trabalho é seis pontos percentuais mais baixa, quando comparado com pessoas sem qualquer deficiência ou condição de saúde, e a probabilidade de referirem que o trabalho afecta negativamente o seu bem-estar físico e mental, bem como os seus relacionamentos com amigos e familiares é 15 pontos percentuais superior à de pessoas sem qualquer condição.

Além disso, as PcD apresentam 1,5 vezes maior probabilidade de sofrer discriminação dentro das suas organizações, comparando aos trabalhadores que não apresentam nenhuma condição.A disparidade entre as taxas de prevalência relatadas pelos empregadores e as taxas de autoidentificação que os colaboradores partilharam com a BCG revela que as empresas estão a perder uma oportunidade em grande escala de permitir que um quarto da sua força de trabalho se dedique totalmente ao trabalho.

Mostra também que os líderes estão a basear-se em informações imprecisas para a tomada de decisões e para investimento na sua força de trabalho. Se não entenderem o número real de PcD, torna-se difícil defender o desenvolvimento de sistemas de apoio personalizados que permitam que uma parte significativa da sua força de trabalho se sinta mais incluída, feliz, produtiva e motivada no trabalho, e com maior probabilidade de permanecer na empresa.