Uma Questão de Meritocracia…
Ricardo Florêncio
No passado dia 25 de Novembro, mais de 250 convidados participaram na 12.ª Conferência da Human Resources, que teve como tema “Uma Questão de Meritocracia”. Cinco presidentes/CEO e seis administradores e directores de primeira linha partilharam as suas experiências e visões sobre a prática da Meritocracia. E todos, sem excepção, referiram que, além de a aplicarem como princípio básico de funcionamento das suas organizações, é uma prática que transmite a transparência e os princípios de ética de que as empresas tanto necessitam. Quer para o público interno, quer para os inúmeros stakeholders do mundo exterior.
É evidente que existirá sempre uma sensação de insatisfação. Individualmente, as pessoas pensam que se a Meritocracia fosse efectivamente implementada e correctamente aplicada, elas é que seriam escolhidas para aquelas funções, para aquele lugar, para aquela promoção. Como não foram escolhidas, todo o processo é colocado em causa. Mas isso acaba por ser normal!
E tanto é assim que, em muito dos questionários internos que as empresas levam a cabo, e apesar de estes demonstrarem claramente o bom clima que se vive nas organizações, a satisfação que têm ao desempenharem as suas funções e o sentimento de pertença às empresas, a questão da Meritocracia nunca aparece no topo das respostas positivas. Aliás, estes resultados estão perfeitamente em linha com o pensamento generalizado que existe em Portugal, ou seja, que de uma forma geral não se aplicam os princípios da Meritocracia. Mas será mesmo assim? Ou é daquelas ideias preconcebidas que as pessoas têm e que depois não espelham a realidade? Será que existe uma grande diferença entre esta aplicação no sector público e no sector privado, e assim, em média, o resultado não é tão satisfatório?
Tenho as minhas maiores dúvidas de que, na larga maioria das empresas do sector privado, as práticas das empresas não assentem na meritocracia. E que mesmo na esfera pública não se tenham vindo a fazer esforços na sua aplicação. Isso não invalida, porém, que tenhamos de fazer um esforço contínuo na promoção e implementação destas práticas aos diversos níveis das empresas e organizações.
Editorial publicado na edição de Dezembro de 2016 da revista Human Resources