Urban Sports Club: A missão de ter colaboradores mais saudáveis

Fundado em 2012 por Moritz Kreppel e Benjamin Roth, em Berlim, o Urban Sports Club chegou a Portugal no início de 2019, com a missão de inspirar as pessoas a levarem uma vida mais activa e saudável.

 

O Urban Sports Club é uma aplicação que oferece uma subscrição desportiva de mensalidade fixa e inúmeras opções, também corporativas. Liz Andrews, directora executiva da empresa para a Península Ibérica, explica o conceito, destacando a importância que esta aposta pode assumir para as empresas.

 

O Urban Sports Club é uma aplicação para a prática do desporto. Explique-nos quando e como surgiu em Portugal e qual a expressão que tem actualmente no nosso país.
Estamos em Portugal desde 2019, mas a empresa nasceu na Alemanha, em 2012. O Urban Sports Club é, de facto, uma plataforma, onde temos diferentes tipos de desportos que disponibilizamos aos nossos membros.

É curioso constatar que, em Portugal, no início, as pessoas não acreditavam no nosso produto, porque lhes parecia uma oferta demasiado boa. Mas, passados três anos, já começam a perceber as inúmeras potencialidades desta oferta, e a adesão tem sido crescente.

Actualmente, estamos com uma taxa de crescimento em Portugal muito maior do que noutros países. Isso faz-nos ficar muito contentes com este progresso.

 

Em que consiste exactamente o conceito da vossa plataforma?
O Urban Sports Club é um agregador desportivo que disponibiliza aos seus membros mais de 50 desportos e actividades de bem-estar com uma única subscrição, em mais de 700 parceiros em Portugal. Temos actividades como fitness, natação, ténis, yoga, crosstraining, padel e muito mais, tudo à distância de uma app.

O nosso objectivo é ter maior variedade e flexibilidade na oferta. Sabemos que há muitas pessoas que querem fazer desporto, mas não sabem por onde começar, pelo que no Urban Sports Club encontram uma forma de se iniciarem numa actividade desportiva, podendo experimentar várias, até perceber com quais mais se identificam.

 

Assumem como missão inspirar as pessoas a levar uma vida mais activa e saudável. Como tentam concretizar isso? A pandemia veio de alguma forma ajudar a esse desiderato, despertar as pessoas para a importância de estarem atentas para a saúde física e mental?
A coisa mais importante é fazer com que deixem de existir barreiras à prática de exercício. Hoje, as pessoas sabem que não devem levar uma vida sedentária e têm a noção de que o desporto aumenta as defesas para nos protegermos das pandemias e de outras doenças. O verdadeiro problema é que muitas vezes as pessoas não sabem como começar. Nós oferecemos desporto a um preço muito acessível e focado na variedade de opções. Esse é, de facto, um dos vectores mais importantes da nossa aplicação.

As pessoas têm muitos objectivos para atingir, como, por exemplo, perder peso, mas facilmente se desmotivam e deixam de praticar exercício, o que faz com que não consigam alcançar as metas traçadas. Assim, o mais importante é inspirar as pessoas a mudarem de vida e a fazer com que gostem do desporto que estão a praticar. Muitas vezes, o ginásio surge como um espaço intimidante, o que torna a relação das pessoas com o desporto mais complicada. Não quer isto dizer que os ginásios não são bons, precisamente o contrário. Mas para iniciar as pessoas é preciso ajudá-las a encontrar uma actividade da qual gostem, seja dança, natação ou surf. Isto é realmente importante para criar saudáveis hábitos de vida.

Inspirar as pessoas a viverem bem faz parte dos nossos valores enquanto empresa. Por isso, a maneira como comunicamos e como promovemos os nossos serviços é tão importante e faz efectivamente a diferença, especialmente numa situação complicada como a que vivemos desde 2020 com a pandemia COVID-19. Esta situação levou-nos a ter uma oferta online, indoor e outdoor, e percebemos que esta flexibilidade faz com que as pessoas não se acanhem e tentem, realmente, fazer exercício físico.

 

Também têm uma oferta corporativa destinada às empresas. O tema da saúde, sobretudo mental, tem estado muito na ordem do dia e é identificado pelas organizações como um dos principais desafios que antecipam no futuro. A saúde física acaba por também estar relacionada. Sente que há uma verdadeira preocupação das empresas com a saúde e bem-estar dos colaboradores?
A ligação com as empresas é muito importante para nós. Passamos muito tempo no trabalho, inclusive agora com o teletrabalho, não é tão fácil conseguir fazer tudo. Claro que é fundamental contar com a ajuda e a participação das empresas nesta nossa luta e neste objectivo a que nos propusemos, de contribuir para um mundo mais saudável. A ideia é que as empresas ofereçam este benefício aos colaboradores.

 

Como está a ser a aceitação e a adesão das empresas?
Parece-nos que está a ser maior. Já durante a pandemia sentimos isso, até porque temos uma oferta outdoor. O padel e o ténis, entre outros desportos em que os participantes estão a uma maior distância uns dos outros, tiveram um crescimento durante a pandemia. Muitas empresas aproveitaram esta oportunidade para perceber como é que se podiam diferenciar e o que podiam oferecer aos colaboradores no contexto que vivíamos.

Assistimos, de facto, a um crescimento, mas não foi tão expressivo quanto gostaríamos. Precisamos de ver um envolvimento muito maior das empresas e também uma ajuda por parte do Governo, por exemplo ao nível do IVA. São dois factores que podem contribuir muito para se alcançar o objectivo de uma sociedade mais saudável.

 

Em Setembro deste ano fizeram um estudo sobre qual a relação dos empregadores com a oferta de um benefício desportivo para os colaboradores. Quais as conclusões que destaca?
Em primeiro lugar, percebemos que ainda há um longo caminho a percorrer. Sabemos que há empresas que querem oferecer mais benefícios desportivos aos colaboradores, mas essa percentagem ainda é pequena. Assim, precisamos de reforçar a nossa comunicação junto das empresas, fazendo-as perceber que estes benefícios são importantes e que é possível ter colaboradores mais saudáveis e, também, mais motivados e produtivos.

 

De acordo com o estudo, 70% das empresas em Portugal não apoiam a prática do desporto junto dos colaboradores. Ou seja, o apoio ainda é uma excepção. Como compara os resultados de Portugal com o resto da Europa, nomeadamente Espanha?
Os resultados são semelhantes aos resultados obtidos em Espanha. Já a Alemanha apresenta resultados um pouco melhores no âmbito da oferta incluída nos benefícios corporativos oferecidos pelas empresas aos colaboradores. Em Portugal, ao nível de penetração dos ginásios, temos 6% comparativamente aos 17% em Espanha. Esta é, de facto, uma diferença enorme.

O estudo mostrou que precisamos de crescer e de mostrar ainda mais e melhor o que de bom a plataforma tem para dar às empresas e aos seus colaboradores.

 

Como têm tentado inverter estes números?
Neste momento, estamos a tentar entrar em eventos para nos darmos a conhecer a mais pessoas. Ao mesmo tempo, este é para mim um propósito de vida, pois quero mesmo que as pessoas sejam mais saudáveis. É esta a mensagem que quero transmitir nos eventos onde marcamos presença e junto das pessoas com quem comunicamos. Com as empresas, o contacto directo também é muito importante, pois é através deles que explicamos os nossos objectivos e de que forma funcionamos.

 

Qual o “perfil tipo”, se é que existe, das empresas que mais contratam a vossa oferta corporativa?
São empresas com colaboradores jovens e que partilham uma visão mais ou menos parecida com a nossa, sabendo que a saúde física e mental das suas pessoas é essencial para o sucesso do seu negócio.

Trabalhamos, por exemplo, com a Microsoft, com o Millennium BCP, com o Grupo Impresa, com a Ericsson e a Talkdesk, entre outras. De cada uma destas empresas temos recebido testemunhos concretos que nos falam do sucesso desta nossa oferta junto dos colaboradores. Houve inclusive empresas que nos falaram numa mudança da cultura da organização, com os colaboradores a terem um maior espírito de comunidade.

 

Qual a importância que este tema assume – ou devia assumir – para as empresas?
O tema é fundamental e incontornável. Hoje, as empresas que dão mais flexibilidade aos colaboradores são mais valorizadas. As pessoas estão muito “limitadas” por causa do trabalho, e se a empresa incentivar a prática de exercício, mais facilmente este entra na rotina dos colaboradores. E as pessoas estão à procura disso, elas sabem que precisam de fazer exercício físico para serem mais saudáveis. Se a empresa ajudar, esta será realmente uma mais-valia para todos.

Actualmente, estes benefícios são importantes para reter talento, mas também para adquirir os melhores talentos, e aqui o employer branding desempenha um papel fundamental.

 

Este artigo foi publicado na edição de Janeiro (nº. 133) da Human Resources, nas bancas. Caso prefira comprar online, tem disponível a versão em papel e a versão digital.

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