Ser fiador é a terceira causa de sobreendividamento em Portugal

Os portugueses que aceitam ser fiadores já estão em terceiro lugar na lista dos mais sobreendividados, a seguir aos desempregados e aos que sofrem cortes salariais, segundo dados da Deco.

Dos 2.648 processos de sobreendividamento que chegaram à Deco nos primeiros seis meses deste ano, cerca de 14 por cento foram de pessoas que afiançaram familiares ou amigos, tomando sobre si a responsabilidade de pagar as dívidas destes em caso de incumprimento, e que agora estão também em situação de sobreendividamento.

«Assistimos todos os dias à degradação da vida económica das famílias. Estamos a atingir estados de pobreza incalculáveis e isso é terrível porque estão-se a arrastar familiares, geralmente os pais, para essa situação», disse o secretário-geral da associação, Jorge Morgado, citado pela Lusa.

A principal razão do sobreendividamento é o desemprego, que representava em Junho 33 por cento dos casos enviados à DECO, seguida da deterioração das condições laborais (cortes salariais e não pagamento de horas extraordinárias e comissões) que atingiu os 26 por cento.

Em terceiro lugar na lista surgem «outras causas», que incluem a fiança e a penhoras, mas esta última está relacionada com a fiança, que por sua vez está diretamente relacionada com o desemprego dos devedores, que ativa as obrigações dos fiadores.

«A situação é de verdadeiro desespero», afirmou a coordenadora do gabinete de apoio ao sobreendividado da DECO, Natália Nunes, explicando que muitos daqueles devedores são já desempregados de longa duração à beira de perder o subsídio de desemprego ou outros apoios sociais.

«Muitos não têm qualquer perspetiva de emprego e os pais reformados, e fiadores, não vão receber este ano os subsídios de férias e natal. É muito complicado», defendeu Natália Nunes.

Recentemente o governo criou um o grupo de trabalho para elaborar uma nova legislação para o crédito à habitação que equilibre as relações entre os consumidores e a banca.

Estimativas da Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP), divulgados terça-feira, revelam que cerca de 3.300 imóveis foram entregues em dação em pagamento por famílias e por promotores imobiliários no primeiro semestre deste ano, uma média de 18 casas por dia.

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