O que estão os líderes a fazer para dar resposta às exigências da Indústria 4.0?

À medida que os líderes empresariais se adaptam à quarta revolução industrial (Indústria 4.0), que une activos físicos e tecnologias digitais avançadas, assumem também a responsabilidade de desenvolver as competências da sua força de trabalho.

Um artigo publicado na Forbes destaca os resultados do relatório da Deloitte, “The fourth industrial revolution: at the intersection of readiness and responsability”, de acordo com o qual preparar os trabalhadores para dar resposta ás exigências da indústria 4.0 continua a ser um desafio fundamental, e os líderes não têm confiança na forma como as organizações o estão a fazer.

Apenas 10% dos executivos inquiridos ​​disseram ter feito um grande progresso no entendimento de que competências serão necessárias no futuro, e apenas um quinto concordou que suas organizações estão prontas.

Para enfrentar este desafio, os executivos estão focados na formação e desenvolvimento. De acordo com o mesmo relatório, três quartos dos executivos estão a fazer do desenvolvimento da força de trabalho uma das principais prioridades do sector 4.0 e planeiam fazer grandes investimentos nessa área. E mais de 80% dizem que criaram ou estão a criar uma cultura corporativa de aprendizagem ao longo da vida.

Estas medidas constituem diferenças gritantes da abordagem prática do passado. Há dois anos, os executivos disseram que não havia muito a fazer para preparar o seu pessoal para as competências exigidas na era da Indústria 4.0, e apenas 12%  disseram que as suas organizações poderiam influenciar a educação, a formação e a aprendizagem ao longo da vida num grau significativo.

«As empresas estão a começar a entender que, se desejam ter sucesso na Indústria 4.0, devem criar ambientes de trabalho ágeis e culturas modernas no local de trabalho, onde os colaboradores possam adquirir continuamente novas habilidades para acompanhar a natureza mutável do trabalho», diz Michele Parmelee, Deloitte Global director de Pessoas e Propósito.

Embora as competências técnicas sejam necessidades óbvias, é fundamental que as pessoas também cultivem as chamadas  «competências humanas», que terão ainda mais valor num local de trabalho mais automatizado. O desenvolvimento de competências humanas únicas vai criar uma força de trabalho mais adaptável à medida que os trabalhos forem reestruturados, e também vai ajudar os trabalhadores a especializarem-se em áreas, onde as máquinas têm menos probabilidade de se destacar.

Competências do futuro

De acordo com um estudo da IFTF (The Institute for the Future ), as principais competências que os futuros colaboradores precisam para ter sucesso incluem:

– inteligência contextualizada;

– compreensão diferenciada da sociedade, negócios, cultura e pessoas;

– mentalidade empreendedora.

Embora muitas competências humanas sejam consideradas características inatas, podem ser ensinadas a futuros trabalhadores e estão ligadas a um melhor desempenho. De acordo com outro estudo, de Harvard, as soft skills (competências sócio-emocionais e não cognitivas) são maleáveis ​​na idade adulta e podem ser desenvolvidas com os recursos, ambiente e incentivos adequados.

O estudo da Deloitte destaca que os profissionais mais jovens estão ansiosos por esse tipo de formação. «Os profissionais jovens acham que a automação pode libertá-los de tarefas repetitivas para focar em tarefas que exigem um toque mais pessoal», explica Parmelee. «Portanto, estão procurar especialmente ajudar a criar confiança, capacidades interpessoais e, principalmente para a geração Z, aptidão ética.»

No entanto, os millenials não acreditam que os empregadores estejam suficientemente focados no desenvolviemento as soft skills. Mais de um terço disse que é essencial para o sucesso de uma empresa, que os colaboradores e líderes tenham fortes capacidades interpessoais, mas apenas 26% disseram ter recebido apoio para desenvolvê-las. E que se verifica o mesmo défice de suporte nas áreas de confiança, integridade, pensamento crítico e criatividade.

Várias universidades e empresas estão a começar a desenvolver os seus próprios programas de “inteligência emocional”. A Universidade de Stanford, por exemplo, oferece um curso de Compassion Cultivation Training ( Cultivo de Compaixão) para ajudar as pessoas a desenvolver compaixão e empatia pelos outros. Enquanto um dos cursos do programa de liderança interna da Deloitte é “A Arte da Empatia”, que ajuda os líderes a aprender a andar no lugar de outras.

«Acho que a melhor maneira de servir as nossas organizações e os nossos colaboradores é criar uma cultura na empresa que treine as pessoas para serem flexíveis, autos-suficientes e confiantes», diz Pierre Naudé, CEO da nCino,

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