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Comissão Europeia mais optimista do que FMI: prevê desemprego de 9,7% em Portugal
A Comissão Europeia prevê para Portugal, em 2020, uma recessão de 6,8% e que a taxa de desemprego suba para os 9,7% devido ao impacto da COVID-19, avança a Lusa.
Estas previsões são mais optimistas do que as do Fundo Monetário Internacional (FMI), que previu uma quebra económica de 8,0% e desemprego de 13,9% este ano.
Para 2021, a Comissão Europeia estima uma recuperação da economia portuguesa de 5,8%, bem como uma diminuição da taxa de desemprego dos 9,7% para os 7,4%.
De acordo com as Previsões Económicas da Primavera divulgadas, hoje, dia 6 de Maio, a exposição de Portugal ao sector do turismo aumenta os riscos, apesar de ser esperada uma recuperação forte da economia portuguesa como um todo em 2021.
«As exportações devem decrescer relativamente mais, à luz das receitas consideráveis que Portugal tipicamente ganha através dos turistas estrangeiros (cerca de 8,7% do PIB em 2019), e das medidas de distanciamento social a afectar os serviços na segunda metade de 2020», pode ler-se no documento da Comissão Europeia.
A Comissão Europeia assinala ainda que tanto as exportações como as importações devem registar quebras de dois dígitos em 2020 (-14,1% e -10,3%, respectivamente), recuperando no ano seguinte (13,2% e 10,3%, respectivamente).
O sector do turismo deverá afectar também os níveis de desemprego, apesar de «provavelmente muitos dos despedimentos serem temporários», assinala a Comissão.
«A esperada lenta recuperação do turismo e de serviços relacionados terá provavelmente um impacto negativo na procura de emprego durante um período longo», refere o executivo liderado por Ursula von der Leyen, que prevê ainda que os salários «sejam afectados pelo número reduzido de horas de trabalho» durante 2020, afectando a produtividade.
É também esperado por Bruxelas que a procura doméstica “contraia substancialmente em 2020”, com o consumo privado a decrescer “a um ritmo ligeiramente mais baixo do que o PIB [-5,8%]”, devido ao impacto das medidas governamentais nas famílias.
«O investimento em equipamentos deve ser o mais atingido devido à incerteza e às disrupções nas cadeias de oferta mundiais. Ao mesmo tempo, o investimento em construção deve ser mais resiliente, beneficiando do ciclo e da nova flexibilidade introduzida nos fundos da União Europeia»,destaca a a Comissão Europeia.
Já a balança comercial portuguesa, em termos nominais, «deve beneficiar da descida dos preços do petróleo, mantendo a conta corrente geral com um défice relativamente pequeno», que Bruxelas prevê que seja de 0,6% em 2020 e 0,2% em 2021.
Quanto à inflação, deve permanecer baixa, devido à “contribuição negativa dos preços da energia” que deve ser “ainda mais pronunciada” em 2020 do que em 2019 (em que a inflação foi de 0,3%).
«Ao mesmo tempo, as medidas de contenção do Governo e os limites subsequentes para a oferta de capacidade de trabalho e produção pode gerar pressões inflacionarias em certos bens, como comida e produtos de saúde», alerta a Comissão.
Ainda assim, «as pressões negativas devem prevalecer, e a inflação deve ser ligeiramente negativa em 2020 [-0,2%]», recuperando em 2021 para 1,2%.