Que impacto terá o novo paradigma na saúde mental e física das pessoas?

Carla Gouveia, executive coach e career advisor, acredita que «o modelo de trabalho vai mudar significativamente. Não irá haver 100% de um único modelo. Existirá, na maioria das empresas, um formato híbrido, que incluirá uma componente remota de trabalho e outra presencial.» Leia a análise da especialista aos resultados do XXXV Barómetro Human Resources.

 

«Estamos em Abril de 2021, passou mais de um ano desde o início da pandemia. No decorrer deste tempo, foi tomando “corpo” uma viragem na vida profissional das pessoas e na organização das empresas. Uma certeza surge resultante deste barómetro: o modelo de trabalho vai mudar significativamente. E isto é uma consequência positiva desta nova temporada (tipo série da Netflix: “temporada pré-COVID e pós-COVID”). Não irá haver 100% de um único modelo. Existirá, na maioria das empresas, um formato híbrido, que incluirá uma componente remota de trabalho e outra presencial. Este modelo irá apostar mais num maior número de dias de trabalho presencial e menos no de trabalho remoto. Que impacto terá este novo paradigma no que diz respeito à saúde mental e física das pessoas?

Todos temos vindo a experienciar, de forma mandatória, estarmos socialmente afastados, mas também estarmos mais relaxados. As deslocações para o trabalho, que deixaram de se fazer, reverteram numa grande economia de tempo, bem como num abrandamento do “lufa-lufa” do dia-a-dia, e, consequentemente, o nível de stress sentido pelas pessoas baixou significativamente. Com o modelo híbrido é possível, por um lado, promover momentos de proximidade entre as pessoas, com uma componente de socialização, criatividade e de interacção, fundamental para o equilíbrio emocional, e, por outro, evitar que voltemos à pressão física e mental da correria e da escassez total de tempo. Trabalhar remotamente, mesmo com dias e horas fixados pela empresa, contribuirá para um maior bem-estar, concentração e foco, que tanta falta faz!

O grande desafio passará por adicionar legislação laboral que enquadre, devidamente, esta nova realidade. É também muito importante criar, nas empresas, dinâmicas e modelos de gestão dos Recursos Humanos, que consigam gerir a motivação e o engagement dos colaboradores.»

 

Este testemunho foi publicado na edição de Abril (nº. 124) da Human Resources, no âmbito da XXXV edição do seu Barómetro.

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