Timing: «Queremos estar no top 10 do nosso sector em Portugal»

Com a facturação a cair bastante no início da pandemia, a Timing ultrapassou o desafio com união e determinação. E é com união e determinação que assume o objectivo de, até 2025, integrar o restrito grupo das 10 maiores empresas do sector de Trabalho Temporário.

Fundada em 2015, a Timing começou por se afirmar apenas na região do Algarve e em Lisboa, encontrando-se agora com uma cobertura nacional. São mais de 300 as empresas de Trabalho Temporário devidamente licenciadas, e esta encontra-se actualmente no top 30 do sector, por volume de negócios. Ricardo Mariano, director-geral da empresa, fala dos desafios do sector e também das empresas, revelando o posicionamento da Timing e os objectivos que pretende alcançar.

 

O ano de 2020 terá trazido desafios acrescidos à Timing. Como os ultrapassaram?
Ultrapassámos com união e determinação. De facto, a meio de Março de 2020, a nossa facturação caiu bastante, mas não parámos um único dia. Garanti à equipa que não iria perder um cêntimo na sua remuneração fixa mensal, que nos iríamos manter todos a bordo, e pedi que todos dessem o seu melhor. Foram tempos difíceis, não só para a Timing como para a grande maioria das empresas.

Recordo-me de ter vários colegas a indicar que contactavam potenciais clientes, a partir de casa, e eles respondiam que não só não precisam de reforço de pessoal, como tinham empregados a mais. Ainda assim, nunca baixámos os braços. Com meses melhores e outros piores, encerrámos o ano com EBITDA [lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização] positivo. Tenho orgulho na minha talentosa equipa da Timing.

 

Em apenas seis anos e meio de actividade, a Timing conseguiu um bom posicionamento no mercado. Que planos têm para o futuro?
Estamos bastante felizes pelo caminho trilhado até aqui, mas temos o nosso plano 2021-2025 em marcha. O objectivo principal da Timing passa por, no final de 2025, estar no top 10 nacional por volume de negócios. Mesmo sabendo que metade das empresas que integram esse grupo são poderosas multinacionais. Respeitamo-las bastante, e a todas as outras também, mas queremos o nosso lugar de destaque no panorama nacional dos Recursos Humanos, e temos trabalhado para isso. Com seriedade, humildade, profissionalismo, visão e muita vontade de fazer mais e melhor, iremos crescer na operação das delegações que temos actualmente, e vamos também abrir portas em mais algumas zonas que consideramos estratégicas. Está tudo planeado.

 

Um dos grandes desafios actuais das empresas passa pela atracção e retenção de talento. Na região de onde a Timing é originária – o Algarve – é um tema particularmente premente na hotelaria. Nomeadamente neste sector, como se combate a escassez de profissionais?
Na Timing, antecipámos este cenário há alguns meses. E preparámo-nos bem. Sabíamos que havia uma fuga expressiva de mão-de-obra emigrante para os seus países de origem. Por outro lado, assistimos à mudança de profissão de muitos trabalhadores do sector.

Só a título de exemplo, no somatório das obras onde temos pessoal, cerca de um quarto dos trabalhadores são provenientes da hotelaria e restauração. E ainda prevíamos que uma parte da força de trabalho que se desloca do centro e norte do País para o sul não o iria fazer desta vez, devido aos receios associados à pandemia. Com estes dados na mesa, adoptámos um conjunto de acções que se vieram a revelar cruciais no sucesso da nossa muito exigente operação neste Verão.

É fundamental agora cativar as pessoas a regressar a este sector, apostar – na medida do possível – no aumento dos salários e das condições de trabalho, na formação, e confiar que o pior da pandemia já passou.

 

Com tantos hotéis no Algarve fora das cidades, isso traz um problema de deslocação aos trabalhadores?
Na hotelaria, uma parte dos nossos trabalhadores do Algarve vai ter directamente aos hotéis, com viatura própria, de boleia com outros colegas ou porque residem perto. Mas sabemos que o Algarve está mal servido no que toca à rede de transportes, e acredito que também não seja fácil para as empresas que actuam nessa área, devido à sazonalidade e não só, o que dificulta bastante a deslocação das pessoas.

Vemos empresas de Trabalho Temporário e Outsourcing a cobrar aos seus colaboradores, caso estes necessitem de utilizar os transportes que a empresa tem disponíveis. Nós não fazemos isso. Temos uma boa frota de carrinhas e autocarros, e os trabalhadores que não têm como se deslocar até ao trabalho podem usufruir gratuitamente deles.

 

Como encara o pacote de medidas de alteração ao Código do Trabalho, no que toca ao recurso a Trabalho Temporário?
Não é a primeira vez que são feitas alterações, nem será a última. A posição da Timing é de colaboração e de rigoroso cumprimento das suas obrigações. Tenho de admitir que algumas das medidas poderiam ser diferentes. É fácil prever consequências positivas quando as mesmas forem aplicadas, mas também negativas e, como tal, acredito que o governo irá definir e ajustar correctamente estas alterações, em conjunto com as confederações empresariais e com os sindicatos.

As alterações ao Código do Trabalho visam fortalecer a segurança económica e social dos trabalhadores, e as empresas de Trabalho Temporário terão também um importante papel nessa matéria. Faremos a nossa parte.

 

Qual a posição da Timing no que toca à responsabilidade social?
Desde o primeiro dia que nunca descurámos esse tema e sinto-me bastante orgulhoso por isso. Exemplo disso são as constantes iniciativas que desenvolvemos, tentando apoiar a sociedade civil e os que mais precisam nas mais diversas áreas. Tentamos abranger, na medida do possível, todas as áreas, porque sabemos que todas precisam e queremos ser justos.

A Timing tem consciência dos problemas sociais existentes nas geografias onde está inserida e, por isso, faz todo o sentido que a responsabilidade social seja um dos nossos pilares. Também não nos falta consciência ambiental e animal, daí termos várias iniciativas desenvolvidas de apoio a instituições e particulares enquadradas nesses meios.

Em 2020, no período em que os valores das máscaras de protecção estavam altos na fase inicial da pandemia, fizemos imensas doações. Acho que não recusámos um único pedido de ajuda. É nos momentos mais difíceis que temos que ser uns para os outros.

 

Esta entrevista faz parte do Especial “Trabalho temporário” na edição de Outubro (n.º 130) da Human Resources nas bancas.

Caso prefira comprar online, tem disponível a versão em papel e a versão digital.

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