Depois da pandemia, a guerra
Ainda a pandemia com que o mundo se viu confrontado, oficialmente, desde o dia 11 Março de 2020, não está ultrapassada e surge agora uma guerra, na Europa, como resultado da invasão da Rússia à Ucrânia no passado dia 24 de Fevereiro. O impacto já se faz sentir na vida dos portugueses – e das empresas.
Por Ana Leonor Martins | Fotos Nuno Carrancho
O tema foi incontornável no habitual almoço do Conselho Editorial da Human Resources, e foi também destaque no nosso barómetro de Maio, cujos resultados apresentamos nesta edição. Entre os conselheiros, a opinião é unânime: ainda em que, em algumas empresas, os efeitos da guerra possam ser indirectos, a incerteza subjacente já está a ter impacto, nomeadamente levando à indecisão. Para já, ainda não é comparável aos efeitos económicos da COVID-19, mas a tendência, a manter-se o cenário, é para se agravarem. «Achamos que a inflacção já está a fazer-se sentir – e está, desde antes da guerra –, mas isto ainda não é nada. Temos de nos preparar.» Mas o factor “novo” aqui é o tema da energia, do aumento do preço das matérias-primas e das dificuldades de transporte.
Por outro lado, as pessoas estão menos confiantes. Sobretudo nas camadas mais indiferenciadas, deverá haver menos rotatividade de pessoas. «Do middle management para cima, isso ainda não se faz sentir, temos assistido a bastante rotatividade.» Não obstante, é natural que essa tendência abrande, porque a guerra trouxe perspectiva. «É expectável que as pessoas comecem a jogar mais pelo seguro, a ser mais cautelosas. E as empresas também já não estão tão dispostas a entrar na loucura do “leilão” de salários, até porque enfrentam a pressão do aumento dos custos.» Um deles foi o aumento do salário mínimo, e é preciso não esquecer que «abrange parte significativa dos colaboradores de muitas empresas». Por sua vez, aumenta a pressão sobre o salário médio, com as diferenças a ficarem cada vez mais esbatidas, «o que não é bom».
O almoço do Conselho Editorial da Human Resources voltou a realizar-se no Vila Galé Ópera, em Lisboa, a convite de Gonçalo Rebelo de Almeida. Estiveram presentes os conselheiros: Ana Porfírio (Jaba Recordati), Carla Gouveia (executive coach), Catarina Horta (novobanco), Catarina Tendeiro (People advisor and coach) Diogo Alarcão (gestor), Elsa Carvalho (Grupo Egor), Inês Madeira (Grupo FHC), Isabel Borgas (NOS), Nuno Ferreira Morgado (PLMJ), Pedro Rocha e Silva (Neves de Almeida HR Consulting), Sofia Castro (MC) e Tiago Brandão (The Browers Company).
Artigo publicado na Revista Human Resources n.º 137, de Maio de 2022