A importância da comunicação interna no sucesso das empresas
A pandemia veio mudar a forma como as empresas comunicam e interagem com os seus colaboradores, forçando-as, paralelamente, a adoptar novas formas de comunicar.
Por Luís Roberto, Managing partner do Comunicatorium, vice-presidente da APECOM e professor convidado do ISCSP/Universidade de Lisboa
O desafio da excelência da gestão, assente no diferencial competitivo, é cada vez mais uma exigência na maioria dos sectores de actividade. Pequenas e grandes empresas reforçam o seu propósito e traçam novos objectivos, como forma de se diferenciarem dos seus competidores, de preservarem o seu staff e atraírem novos talentos.
Apelidados por muitos de “novo normal”, os próximos anos, se não mesmo décadas, vão ser diferentes e desafiantes. A crise pandémica veio trazer-nos uma forma diferente de ver o mundo e fez-nos agir de um modo mais straight to the point.
A comunicação, que sempre tem sido um factor determinante para as empresas que desejam ser mais inovadoras e colaborativas, acentuou-se nesta fase das nossas vidas, com o nível de envolvimento com as pessoas, a ligação com o negócio, e a cultura organizativa a serem objectivos prioritários das estratégias de Comunicação Interna.
O reconhecimento, a motivação e a confiança dos colaboradores foram determinantes na fase em que as alterações e incertezas passaram a ser constantes. Os resultados de alguns inquéritos realizados durante a crise pandémica mostram-nos que, em média, 63% das pessoas que trabalhavam em casa consideraram que a Comunicação Interna passou a ter um papel muito importante na vida das empresas. Nos dias de hoje, em que a comunicação deve estar aberta a novas ideias – e a ter a capacidade de se ajustar com rapidez –, sabemos o quanto passou a ser importante para os responsáveis na hora de pensar a sua estratégia.
Pensar estratégicamente a Comunicação Interna significa conhecer os objectivos estratégicos da empresa e reflecti- los num plano de comunicação que nos ajude a manter organizados, permitindo assim assegurar que a equipa possui os recursos necessários para comunicar adequadamente.
É preciso não esquecer que a comunicação interna tem efeitos sobre a produtividade, sobre a motivação, sobre o conforto, sobre a relação entre as pessoas e sobre o seu comportamento. E que os efeitos que se produzem tendem a não ser neutros. Eles são positivos ou negativos, consoante a comunicação é eficaz ou não.
Usar a Comunicação Interna de forma eficaz significa perceber quem está do outro lado, quais os seus medos e receios, e quais as suas expectativas, o que significa também darmos o espaço e o tempo para que as pessoas falem e sejam ouvidas.
Desenvolver o sentimento de pertença junto dos colaboradores é uma acção da Comunicação Interna, que promove a relação das pessoas, entre si e com a empresa, e que deve ser implementada na adaptação dos novos processos internos a esta nova realidade – o mundo híbrido.
Neste novo mundo, onde o virtual se combina com o presencial, a Comunicação Interna tem uma responsabilidade acrescida na resposta aos desafios da Gestão de Pessoas, a começar pela criação de uma cultura de confiança, o reforço da cultura organizaconal, o foco no propósito e nos valores sociais e ambientais, o bem-estar físico e mental, a sustentabilidade, a diversidade e a inclusão.
Debate-se hoje sobre o tipo de comunicação aquando da integração de novos colaboradores, que não terão contacto presencial com os outros colegas da equipa, ou que estarão mais distantes; e fala- -se em tendências da comunicação e da oportunidade para realinhar estratégias.
Escolher as ferramentas tecnológicas e os canais que permitam uma comunicação integrada, com interligação com as restantes plataformas instaladas, é também uma forma de inovar e de garantir o one voice.
As apps vão continuar a ser um meio efectivo de comunicação, ao promoverem as interacções entre os colaboradores no mundo híbrido, permitindo o acesso de todos a diferentes fontes de informação e a integração com o ambiente de trabalho, numa abordagem multicanal.
A Comunicação Interna deverá continuar a ser feita com clareza e transparência; ser regular, factual, assertiva e focada na humanização das empresas, agindo como um parceiro estratégico do negócio.
As empresas continuam apostadas em que as pessoas se sintam bem no seu local de trabalho. Compreender como interagir, apoiar e colaborar com os outros, ser capaz de resolver conflitos e adaptar-se à mudança, é também uma outra dimensão do well-being que importa considerar, e a que a Comunicação Interna não pode ser alheia.
Os CEO e os gestores de Recursos Humanos esperam que a Comunicação Interna tenha uma influência mais directa sobre os níveis de motivação, a produtividade e os resultados da empresa, pelo que medir a comunicação vai ser cada vez mais uma exigência da gestão. Não obstante, ainda existem desafios a ultrapassar ao nível do seu posicionamento dentro das estruturas organizativas. Mas, antes de se pensar no lugar que deverá ocupar na organização, e na definição das suas dotted lines, é importante reflectir sobre o seu papel.
Estar mais próxima das decisões estratégicas da empresa é o desafio que se coloca aos seus responsáveis. As empresas vão ter de continuar a investir na formação dos seus managers e a reforçar as suas competências para comunicar de forma mais pró-activa com as suas equipas, nesta nova era digital.
Resumindo, a Comunicação Interna assume um papel extraordinariamente importante na ligação entre todos aqueles que integram a organização em torno do seu propósito, onde o sucesso individual é o sucesso da empresa.