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Comunicar para energizar
A VII Conferência Human Resources Portugal teve lugar hoje no Hotel Dom Pedro, em Lisboa. Mais de 320 pessoas assistiram ao debate sob o tema “Engagement: A energização e o papel da comunicação.”
Somos todos seres comunicantes. E é a comunicação, enquanto parceira estratégica da organização, que vai permitir energizar os colaboradores e por consequência criar e alavancar o engagement na organização. A energização, porém, exige uma comunicação genuína, coerente e de proximidade. Foram algumas das pistas discutidas no debate desta manhã.
«Falar sobre pessoas é uma das coisas que me dá mais gozo», revela António Mexia, presidente da Comissão Executiva da EDP – Energias de Portugal, na abertura da conferência. Numa exposição em torno «das palavras que garantem o engagement: a energização e a comunicação», António Mexia realça o valor do exemplo na liderança: «A liderança e a aprendizagem têm muito a ver com os exemplos: o professor da escola do ensino primário, o avô ou alguém com quem trabalhámos pode energizar-nos. Por outro lado, há os “sugadores” de energia, nefastos ao nível das organizações e a nível pessoal», concluindo que «o importante é mantê-los longe e encontrar quem seja o dínamo da energia.»
O líder e os líderes intermédios nas organizações são a chave para o engagement, incluindo na EDP, empresa multigeografias com cerca e 12 mil colaboradores. António Mexia esclarece: «É preciso conseguir uma liderança em nome das pessoas e para as pessoas. Desde que as pessoas estejam envolvidas, que saibam que estão a lutar por um “happy ending”, o bem de toda a organização, as pessoas são energizadas.»
A receita do engagement
“Como energizar as equipas de Gestão?” foi o tema em debate no formato “Conversa a dois” entre Vasco Falcão, director-geral da Konica Minolta, e António Henriques, CEO do Grupo CH. Pedro Raposo, director de Recursos Humanos do Banco Espírito Santo, ficou com a moderação a cargo.
Vasco Falcão é o líder da subsidiária portuguesa de uma multinacional japonesa. Será que no Japão a leitura do conceito de engagement é muito diferente da de Portugal? «Conseguir engagement é muito mais fácil. Nas empresas japonesas, a dedicação é para toda a vida. Na Europa, não é o caso e é preciso fazer uma adaptação à realidade portuguesa.»
Para António Henriques, o engagement em português implica três elementos essenciais: «Verdade, coerência e autenticidade. Não acredito numa liderança forte sem coerência e sem verdade. O que nós temos conseguido nas nossas equipas é essa estratégia de envolver as pessoas e de mostrar o caminho.»
Para se conseguir estimular as pessoas na organização onde se trabalha, Vasco Falcão fala do desafio de conseguir um “mix” perfeito de factores – um deles a remuneração – para conseguir energizar cada colaborador da melhor forma.
E, desafiados a proporem a melhor tradução da palavra engagement, o director-geral da Konica Minolta propõe «paixão» e António Henriques, «compromisso.»
Comunicar num todo
Seguiu-se a mesa redonda “O papel de comunicação nos processos de engagement”. Carla Marques, directora Comercial da Randstad Contact Centres, Fernando Magalhães, director de Recursos Humanos do Vila Galé Hotéis, e Luís Roberto, director de Comunicação e Relações Institucionais da BP Portugal, foram os oradores, num debate dinamizado por Pedro Ramos, director de Recursos Humanos da Groundforce.
Luís Roberto sublinhou que na BP «não existe alguém que é dono da comunicação, mas temos toda a organização a participar na área. O objectivo é provocar reacções, sentimentos entre as pessoas.» E acrescenta: «Atrevo-me a dizer que a comunicação representa mais de 60% dos processos de engagement.»
Carla Marques relembrou os desafios de comunicar para determinados públicos dispersos geograficamente, o caso dos centros da Randstad Contact Centres, espalhados de Norte a Sul do País e com colaboradores na sua maioria entre a faixa etária dos 18 aos 30 anos. Numa área com exigências de produtividade medidas ao segundo e com uma alta rotatividade, comunicar é uma necessidade premente para reter e motivar os colaboradores, explica Carla Marques: «A comunicação é parte da nossa estratégia e tem três eixos: a partilha de objectivos, a integração das pessoas e a motivação e retenção.» Algo conseguido através de diversas iniciativas internas destinadas aos colaboradores como torneios de futebol ou quadros de honra.
Fernando Magalhães, por sua vez, defendeu que a comunicação é, acima de tudo, «uma cultura, mais do que meios e ferramentas» que, no caso do Vila Galé Hotéis, «parte do presidente do Conselho de Administração [Jorge Rebelo de Almeida].» Sobre comunicar para diferentes geografias, como para as operações em Portugal e no Brasil do grupo hoteleiro, Fernando Magalhães constata que «há momentos em que a mensagem pode ser diferente, mas quando se quer veicular os valores da organização, no fundo a mensagem é comum.»
Sentido, sedução e identidade
Rui Semedo, presidente do Conselho de Administração do Banco Popular, encerra a Conferência com “Quase tudo o que sei sobre comunicar.”
«Uma das condições para comunicar é perceber as limitações que temos para transformar os outros», realça. «Na comunicação, é preciso tirar partido do processo de aprendizagem permanente face à vida. »
A comunicação serve, segundo Rui Semedo, para «dar sentido às coisas, uma orientação comum», «unir e aliar as pessoas à volta dessa mensagem» apesar das diferenças, contornar o «aborrecimento, um dos grandes problemas do Homem», «encorajar o riso, a graça, uma prova de inteligência» e a «responsabilidade individual.»
Sem esquecer que a comunicação é um processo de sedução, como afirmou. Recorrendo a uma citação de Albert Camus para definir charme: «obter um “sim” de resposta sem termos feito a pergunta.»
«O processo de comunicação, com clareza, com convicção, é um processo de sedução que se faz com um discurso». Um discurso que, relembrando as palavras escritas há mais de dois mil anos de Publio Siro, é «o espelho da alma. O que o homem diz é o que é.»
Leia a reportagem na íntegra na edição de Julho da revista Human Resources Portugal.