Gonçalo Rebelo de Almeida, Grupo Vila Galé: «Medidas de contenção redireccionadas»

Gonçalo Rebelo de Almeida, CEO do Grupo Vila Galé, faz notar que «mesmo perante uma anunciada recessão, devido aos graves problemas demográficos que Portugal atravessa, as perspectivas de manutenção de postos de trabalho e aumento de salários são o cenário mais provável e a maioria das empresas e sectores continuará a adoptar um conjunto de medidas para atrair e reter talentos».

 

«Depois de dois anos de pandemia com forte impacto na vida das empresas e pessoas, onde surgiram novas formas de trabalho e o tema da saúde física e mental ganhou nova relevância, fomos agora confrontados em 2022 com novos desafios provocados pela famigerada guerra na Ucrânia, problemas na produção e distribuição de bens, inflação e agravamento das taxas de juro.

Com estas circunstâncias, muitos afirmam que está à vista uma nova recessão económica, pelo menos no espaço europeu, ou no limite um período de crescimento económico incipiente.

É com este cenário que as empresas, e em especial a área de recursos humanos, será confrontada em 2023, sendo já patente no estudo uma previsão de estagnação ou redução nas novas contratações e possivelmente alguns despedimentos. No entanto, é também de notar que o estudo ainda reflecte a actual situação de quase pleno emprego que se vive em Portugal e a manutenção da dificuldade na atracção e retenção de talentos e é por esta razão que, mesmo com a nuvem da recessão a pairar, há uma previsão de aumentos salariais acima da média dos últimos anos, impulsionada também pela tentativa de repor o poder de compra que se estima que se venha a degradar por via da inflação.

Mesmo perante uma anunciada recessão, devido aos graves problemas demográficos que Portugal atravessa, as perspectivas de manutenção de postos de trabalho e aumento de salários são o cenário mais provável e a maioria das empresas e sectores continuará a adoptar um conjunto de medidas para atrair e reter talentos, formar e requalificar as suas equipas, preparar as lideranças para os novos desafios e desenvolver medidas que tragam novos benefícios aos colaboradores e promovam a sua saúde mental e física.

É assim provável que as tradicionais medidas de contenção e cortes de custos habituais numa recessão incidam sobre outras áreas, mantendo a maioria das empresas um esforço grande nos investimentos nos seus recursos humanos.»

 

Este testemunho foi publicado na edição de Dezembro (nº.144) da Human Resources, no âmbito da XLIV edição do seu Barómetro.

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