Nuno Troni, Randstad Professionals: O que esperar de 2023?

O ano que se aproxima a largos passos do seu final foi marcado por um fenómeno que estava em crescendo ao longo dos últimos anos, mas que atingiu um patamar inédito: a escassez de talento. E para 2023, o que podemos esperar?

 

Por Nuno Troni, director da Randstad Professionals

 

A dificuldade de contratação verificou-se a todos os níveis, desde as funções mais indiferenciadas até às funções mais qualificadas. Nas primeiras, à escassez de perfis junta-se a ineficiente política de apoios sociais que não incentiva o ingresso no mercado de trabalho, assim como uma política de imigração que dificulta a entrada de trabalhadores em Portugal, com um processo demasiado lento, burocrático e ineficaz. Nas funções qualificadas o cenário é distinto: a procura por competências específicas – sejam digitais, tecnológicas, ligadas a engenharia, ou outras –, assim como por competências pessoais – como capacidade de aprendizagem contínua, capacidade analítica, de liderança, entre tantas outras –, tornaram um conjunto de pessoas altamente empregáveis, por oposição a outras que viram a sua empregabilidade reduzida.

Assistimos a candidatos que se “dão ao luxo” de estarem em vários processos de recrutamento simultaneamente e escolherem onde, quando, como e por quanto vão abraçar um novo projecto, contrastando com outros com enormes dificuldades, seja em mudarem de emprego ou em voltar ao mercado de trabalho, seja por não terem as competências ou a experiência que o mercado de trabalho exige.

Um ponto positivo – e que nos dá alguma esperança para o futuro – é que, finalmente, começamos a olhar para os profissionais seniores com menor desconfiança e sem os estigmas associados à idade. Será pela gestão desta franja de pessoas que conseguiremos dar resposta às necessidades de contratação nos próximos anos. Urge continuar a mudar mentalidades e, em paralelo, criar mecanismos de incentivo às empresas para a contração de profissionais seniores em simultâneo com a aplicação de programas de formação adequados.

Da escassez de talentos, e consequente maior dificuldade na atracção de pessoas, resultam duas consequências evidentes: a subida de salários e a necessidade de upskilling/reskilling.

 

Este artigo foi publicado na edição de Dezembro (nº. 144)  da Human Resources, nas bancas.

Caso prefira comprar online, tem disponível a versão em papel e a versão digital.

Ler Mais