
Quase 75% das famílias portuguesas teve dificuldades em pagar despesas o ano passado
Três quartos das famílias portuguesas enfrentaram dificuldades financeiras em 2022, encontrando-se 8% em “situação crítica”, com problemas em pagar todas as despesas essenciais, aponta o barómetro anual da Deco Proteste.
Segundo os resultados do barómetro, 74% das famílias assumiram ter enfrentado, mensalmente, problemas financeiros, sendo que 8% afirmaram ter dificuldade em pagar despesas ditas essenciais, relacionadas com a mobilidade, alimentação, saúde, habitação, lazer e educação.
Face a 2021, a dificuldade em enfrentar as despesas com a alimentação sofreu o maior aumento (15%), seguindo-se as despesas com a habitação (5%) e com a mobilidade (4%).
O estudo da Deco Proteste precisa que «as principais parcelas que geram constrangimentos na gestão orçamental» dos consumidores dizem respeito às despesas com o carro — combustíveis, manutenção e seguros (67%) –, alimentação — carne, peixe e alternativas vegetarianas (59%) –, férias grandes — viagens e estadias (57%) –, cuidados dentários (55%) e manutenção da casa — obras, remodelações (54%).
«O índice que mede a capacidade financeira das famílias também não deixa espaço para dúvida: em 2022, atingiu o valor mais baixo desde há cinco anos — 42,1 (de 0 a 100; em que quanto mais elevado o número, maior a capacidade financeira para enfrentar as despesas mensais)», salienta.
Em termos geográficos, é nos Açores que o índice apresenta piores resultados (37,2), seguindo-se os distritos de Vila Real (38) e Aveiro (39,4).
Em «maior desafogo financeiro» estão os distritos de Coimbra (47,1) Beja (43,5), Lisboa (43,5) e a Região Autónoma da Madeira (45,1).
Citada no comunicado, a directora de Comunicação e Relações Institucionais da Deco Proteste considera que «os resultados de 2022 não são animadores».
«É constatável que não houve uma melhoria efectiva das condições de vida dos portugueses nos últimos anos e as consequências da guerra na Ucrânia puseram a nu todas as fragilidades da nossa economia e a debilidade económica da maioria dos agregados familiares», afirma Rita Rodrigues.