Da base ao topo. «Escolhi a McDonald’s e escolhi nunca mais sair»

Começou o seu percurso na McDonald’s, na cozinha, no restaurante do Saldanha, com 19 anos. Decorria o ano de 1991. Em 2014, chega a director-geral em Portugal e, em 2020, já tinha sob sua responsabilidade 1500 restaurantes, enquanto vicepresidente da McDonald’s EUA. Estamos em 2023, e Jorge Ferraz é agora dono de três restaurantes McDonald’s, em Portugal.

 

Por Ana Leonor Martins | Fotos Nuno Carrancho

 

A McDonald’s foi a primeira – e única – empresa em que Jorge Ferraz trabalhou. Na verdade, agora trabalha “para si”, tem o seu próprio negócio, mas esse negócio continua a ser a McDonald’s. Franquiado desde 1 de Agosto deste ano, adquiriu três restaurantes em Lisboa: no Campo Grande, na Avenida de Roma e em Alvalade, com 160 pessoas à sua responsabilidade. Partilha que é sobretudo com a gestão de equipas que se prendem os seus principais desafios actuais. «E a gestão das equipas passa não só pelo reforço do número de pessoas, mas sobretudo pela sua motivação, valorização e desenvolvimento.»

Antes, Jorge Ferraz fez o percurso completo, da base ao topo: do restaurante a director-geral da McDonald’s Portugal. E estava feliz, mas ir para director de Operações da McDonald’s EUA era um «oportunidade única e inadiável». Reconhece que a dimensão da empresa e do mercado «exigiu uma mudança no estilo de liderança e mindset», mas adaptou- se muito rapidamente. “Saiu” porque achou que estava na altura de ter o seu próprio negócio, mas dificilmente o percurso poderia ter sido de maior sucesso. E não tem dúvidas de que trabalhar nos restaurantes foi o que lhe deu as competências base para o seu desenvolvimento e crescimento profissional; deu-lhe um conhecimento «fundamental para ultrapassar os desafios e encontrar as melhores soluções ao nível da operação».

Há uma frase do agora empreendedor que talvez resuma esta “estória” de mais de três décadas: «Seja em Portugal, nos Estados Unidos da América (EUA) ou noutro mercado, sempre me imaginei a trabalhar na McDonald’s.» Como a sua mãe costuma dizer, «o Jorge foi para a McDonald’s e nunca mais voltou».

 

Entrou na McDonald’s em 1991. Alguma vez pensou ficar mais de 30 anos na empresa e, nesse percurso, poder chegar a CEO da McDonald’s Portugal e até assumir funções internacionais?
Comecei o meu percurso no restaurante McDonald’s do Saldanha, em 1991, como operador, passando por todos os postos e funções do restaurante. Cerca de um ano depois, passei para a equipa de Gestão, enquanto coordenador de equipa, e, passados três anos, assumi as funções de gerente de restaurante.

Ainda em Portugal, fui convidado a integrar o Departamento de Formação da McDonald’s Portugal, em 2001, e, em 2006, assumi as funções de director de Operações, que acumulei com a direcção de Desenvolvimento, a partir de 2012. Em 2014, assumi a direcção-geral da McDonald’s Portugal, cargo que exercia quando, em 2018, surgiu o convite para abraçar um desafio nos EUA. E foi com muito gosto que aceitei ficar responsável pelas operações de mais de 700 restaurantes, nos estados de Nova Iorque, Nova Jérsia e Pensilvânia. Após dois anos, continuei a liderar as operações dos restaurantes de Nova Iorque, acrescendo às minhas responsabilidades os restaurantes dos estados de Massachusetts, Connecticut, Rhode Island, Vermont, New Hampshire e Maine, o que se traduziu em mais de 850 restaurantes a meu cargo.

Em 2020, fui promovido e assumi funções como vice-presidente da McDonald’s EUA, responsável por 1500 restaurantes nos estados do Texas, Oklahoma, Kansas, Arkansas, Louisiana e Mississípi.

Em 2023, a vontade de regressar a Portugal levou-me a candidatar a franquiado da McDonald’s. Actualmente, tenho uma organização com três restaurantes em Lisboa, com uma equipa de 160 pessoas.

Não foi propriamente algo planeado ou pensado, mas as oportunidades foram surgindo e abracei-as sempre com motivação, pois eram sinónimo de crescimento e evolução.

 

Ainda se recorda como surgiu a oportunidade de começar a trabalhar na McDonald’s?
Sim. Estava na faculdade, e não havia muitas empresas que proporcionassem um trabalho em part-time. Esse foi um dos primeiros motivos que me levou a tentar um emprego na McDonald’s. Com o passar do tempo, fui percebendo que, a par desta flexibilidade de horários, havia uma grande aposta nas pessoas. Fui para a McDonald’s e escolhi nunca mais sair. Como a minha mãe costuma dizer, “o Jorge foi para a McDonald’s e nunca mais voltou”.

 

O que se lembra dos seus primeiros dias no restaurante?
Era tudo novidade, pois a McDonald’s estava há apenas alguns meses em Portugal. O restaurante era muito movimentado e tinha mais de 100 colaboradores. Por outro lado, o trabalho de equipa proporcionava o estreitar de laços de amizade – fiz muitos e bons amigos, alguns dos quais ainda hoje mantenho.

 

Como foi o percurso até chegar a gerente, apenas quatro anos depois?
Dentro do restaurante, passei por várias funções até chegar a gerente. Após seis meses como funcionário, fui promovido a treinador e, outros seis meses volvidos, integrei a equipa de gestão, como coordenador de equipa. Rapidamente, fui promovido a assistente de gerência, e cheguei a gerente de restaurante em 1995. Nesta fase, já tinha terminado a licenciatura, que concluí enquanto trabalhava no restaurante.

 

Quais as principais aprendizagens que retira dessa fase, da cozinha até à responsabilidade de gerir equipas?
Trabalhar nos restaurantes dá-nos um conjunto de competências que servem de base para o nosso desenvolvimento e crescimento profissional. Gerir um restaurante é gerir uma PME, e foi uma experiência extremamente enriquecedora, sendo eu ainda muito jovem.

São várias as competências que se adquirem, não só as mais técnicas, de operações, como também as competências comportamentais e interpessoais, ao longo deste percurso. A gestão de equipas é talvez a mais importante, pois trabalhamos com equipas grandes, com diferentes valências, ambições e objectivos, e a capacidade de gerir e organizar todos estes aspectos para que tudo flua é algo fundamental. O planeamento de actividades e a focalização na execução dos planos são outras das competências que nos preparam para qualquer função futura na área da gestão de negócios.

 

Leia a entrevista na íntegra na edição de Outubro (nº. 154) da Human Resources, nas bancas. 

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