E se a tecnologia for a catalisadora da igualdade de género?

O papel das mulheres no mercado de trabalho, especialmente no sector da tecnologia, tem evoluído de forma significativa à medida que a sociedade se concentra cada vez mais em soluções socialmente conscientes. Contudo, e apesar do crescimento exponencial do sector tecnológico nos últimos anos, impulsionado pela pandemia e pela transformação digital dos diferentes sectores e geografias, a disparidade de género persiste. Embora as mulheres estejam a integrar a força de trabalho em maior número, a verdadeira paridade de género ainda não foi alcançada, revelando atrasos ou falta de iniciativas por parte das empresas.

Por Luísa Vasconcelos e Sousa, Country manager da Swappie

Mas e se a tecnologia servir como ferramenta da igualdade de género? Um estudo recente do ManpowerGroup revela que, apesar dos desafios enfrentados durante a pandemia, as taxas de emprego femininas estão em ascensão. No entanto, embora mais mulheres estejam a integrar a força de trabalho, a verdadeira paridade de género ainda não foi alcançada, com muitas empresas revelando atrasos ou falta de iniciativas definidas em termos de igualdade de género. Este cenário é particularmente evidente nas funções de liderança sénior e nas áreas de Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática (STEM), que ainda enfrentam desafios significativos em termos de representação feminina.

Para combater esta lacuna e promover a igualdade de género no local de trabalho, políticas de trabalho flexível, mentoria interna e coaching, e a criação de uma cultura organizacional inclusiva são elementos-chave. Tanto a nível global (37%) como em Portugal (36%), os empregadores reconhecem a eficácia das políticas de trabalho flexível na garantia da diversidade de talento. Além disso, a mentoria interna e o coaching são citados por 35% dos inquiridos em Portugal como ferramentas importantes neste processo. A criação de uma cultura organizacional inclusiva também é mencionada, com 30% dos inquiridos a reconhecerem a sua importância. Sectores como os Serviços de Comunicações e Tecnologias de Informação destacam-se, com 55% e 49% dos empregadores, respectivamente, a afirmarem que estão a alcançar ou ultrapassar os objectivos definidos neste domínio.

Os dados destacam ainda que a integração de novas tecnologias está a impulsionar a flexibilidade nas organizações, contribuindo assim para a promoção da igualdade de género e a inclusão de talento diversificado. Portugal está em sintonia com esta tendência global, onde a tecnologia está a desempenhar um papel fundamental ao proporcionar uma maior flexibilidade no trabalho e a fomentar a diversidade de género, especialmente no sector das Tecnologias de Informação (TI).

Neste sentido, é imperativo que as empresas implementem medidas concretas para fomentar a igualdade de género e a diversidade de talento. Desde o recrutamento e selecção até ao apoio adequado à diversidade, equidade, inclusão e pertença (DEIB), passando pela flexibilidade laboral e medidas activas contra o assédio, as empresas têm à sua disposição uma variedade de estratégias. Durante o processo de recrutamento, por exemplo, é fundamental reconhecer a importância de acomodar diferentes estilos de comunicação, que promovam um ambiente inclusivo onde mulheres de diversas origens culturais se sintam confortáveis para se expressar de forma autêntica.

Também considero importante que as empresas aproveitem o potencial da tecnologia para promover a equidade de género, fazendo uso de ferramentas baseadas em Inteligência Artificial (IA) para o recrutamento mais imparcial e desenvolvimento de talento diversificado.

Além disso, a criação de alianças de mulheres e a promoção do upskilling e reskilling, que visam, respectivamente, ensinar novas competências e redireccionar os colaboradores para outras funções, são igualmente medidas eficazes e contribuem não só para promover a paridade de género, mas também para criar ambientes de trabalho mais inclusivos e equitativos. Não se trata, apenas, de uma questão de justiça social, mas também de uma decisão empresarial acertada, que acaba por promover a inovação, a sustentabilidade e o sucesso a longo prazo.

Em última análise, é essencial que as empresas reconheçam e valorizem o contributo das mulheres no sector da tecnologia sustentável, trabalhando activamente para eliminar as barreiras que impedem a sua plena participação e contribuição.