Onde mora o intraempreendedorismo? Imagine uma casa que não é feita de tijolos e cimento, mas antes de imaginação

Imagine uma casa que não é feita de tijolos e cimento, nem de Lego®, mas antes construída sobre a sólida base da imaginação. Curioso? Nesta casa de sonho, embarca-se numa viagem que nos leva do rés-do-chão da imaginação até à penthouse do impacto, através dos pisos da criatividade e da inovação. Esta não é apenas uma construção física, um empreendimento qualquer, é a morada do intraempreendedorismo.

 

Por Rita Oliveira Pelica, Chief Energy Officer ONYOU & Portugal Catalyst – The League of Intrapreneurs

 

Truz, truz. Tudo começa no terreno fértil da imaginação, essa grande porta de entrada para o mundo do intraempreendedorismo. As ideias moram no rés-do-chão direito (claro! numa ténue alusão ao hemisfério direito do cérebro…) e estão a planear ocupar todo o piso em breve; estão em franca expansão. A imaginação é a fundação que sustenta tudo, permitindo sonhar em grande e sem restrições – afinal, o sonho comanda a vida do intraempreendedor. É neste espaço que o intraempreendedorismo começa a tomar forma, alimentado pela liberdade de explorar o “E se?”. Ideias em acção! Vulgo ideação.

Subindo para o primeiro andar, encontramos o piso da criatividade. Este é o espaço onde as ideias começam a ganhar contornos mais definidos. A criatividade é a ferramenta que molda a imaginação em conceitos tangíveis, transformando os sonhos em protótipos. Nesta área, transpira- se inspiração! Cada cantinho deste andar é dedicado a repensar, a redesenhar e a reimaginar: as ideias são refinadas, estrategicamente, até que o brilho da originalidade comece a emergir; as ideias ganham valor e sentido prático.

Continuando a subir, alcançamos o segundo andar, onde reside, não há muito tempo, a inovação. A inovação tem andado a explorar vários bairros nas redondezas e parece que aqui finalmente encontrou o seu spot; a vizinhança tem uma mentalidade aberta, com a qual se identifica: a mudança é recebida de braços abertos neste edifício. É neste patamar que a criatividade é posta à prova, onde os protótipos são desenvolvidos e aperfeiçoados até se tornarem soluções viáveis. A inovação é o motor que transforma o “poderia ser” em “é”. Neste andar, há muita acção e muita “conversa de vão de escada” (podíamos até chamar-lhe brainstorming despretensioso), o que deixa a inovação de coração cheio, por ter encontrado a sua zona de conforto. E o seu foco.

Finalmente, chegamos à penthouse, o último andar: o do impacto. Onde a magia acontece e onde todos querem ir bater à porta. O impacto é sentido quando as inovações vêem a luz do dia e transformam positivamente a maneira como vivemos, trabalhamos e/ou interagimos.

Assim impacta o impacto! Faz com que valha a pena todo o esforço, todos os degraus que se sobem. Olhando para esta casa como um todo, percebemos que a imaginação, a criatividade, a inovação e o impacto são, na verdade, os pilares do intraempreendedorismo. Uma espécie de “quadratura do círculo”, o da melhoria contínua. Neste edifício, cada andar depende do outro para sustentar a estrutura inteira. Sem a base sólida da imaginação, a criatividade não teria onde se apoiar; sem a criatividade para moldá-la, a inovação não poderia tomar forma e ser consequente; e sem a inovação para realizá-lo, o impacto permaneceria um sonho distante, sem qualquer alcance. E é precisamente neste empreendimento, com amplas janelas em todos os andares, que reside o intraempreendedorismo, num espaço dinâmico e arejado, que tem sempre as portas abertas para receber novos inquilinos que possam trazer valor acrescentado a esta morada.

Neste “sobe e desce” constante, os inquilinos vivem num corrupio, num desassossego desafiante. Truz, truz… quem será desta vez? Será que é uma nova oportunidade a bater à porta? É melhor abrir e acabar com a incerteza.

 

Este artigo foi publicado na edição de Março (nº.159) da Human Resources. 

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