A evolução da formação em Portugal: um pilar para o Employer Branding

Numa era em que a digitalização remodela profundamente o tecido empresarial, o employer branding e a formação emergem como elementos-chave na gestão de Recursos Humanos. Em Portugal, o desafio de integrar estas duas vertentes num contexto digital não é apenas uma necessidade, mas uma oportunidade estratégica para atrair, reter e desenvolver talentos.

Por Gabriel Augusto, director da FLAG

A adaptação a este novo ambiente digital exige mais do que uma simples atualização tecnológica. A marca empregadora de uma organização reflecte o seu valor e a sua cultura, e é crucial que transmita uma imagem de inovação e compromisso com o desenvolvimento contínuo.

Assim, integrar a formação profissional como um core da estratégia de marca melhora a percepção externa e fortalece o vínculo dos colaboradores com a empresa, elevando o seu compromisso e satisfação. As organizações que investem em programas de formação robustos não só atraem melhores talentos como também promovem uma maior lealdade e satisfação laboral, ao fomentar uma promessa de desenvolvimento e crescimento contínuo.

Este cenário evidencia uma mudança na forma como as empresas devem pensar o seu papel enquanto empregadoras. O foco expandiu-se da simples captação de talentos, para a criação de uma jornada de crescimento contínuo que se alinha com as carreiras dos colaboradores. Neste sentido, o employer branding transforma-se numa estratégia dinâmica que acompanha as alterações no mercado de trabalho e nas tecnologias de formação.

Através do uso inteligente de dados, análise comportamental e plataformas interativas, as empresas podem agora desenhar experiências de aprendizagem que não só preenchem lacunas de competências, como também fortalecem a ligação emocional e profissional dos colaboradores com a organização. Mais do que um custo, a formação contínua vê-se reforçada como um investimento estratégico que enriquece a cultura corporativa e eleva a marca empregadora a um novo patamar de excelência e atracção no competitivo mercado de trabalho.

Contudo, o cenário digital português, embora repleto de oportunidades, apresenta desafios específicos. Apesar de Portugal ter feito progressos significativos no desenvolvimento da sua infraestrutura digital, ainda existem áreas, especialmente em regiões mais remotas, onde o acesso a tecnologias de ponta e a conectividade de alta velocidade são limitados. Isso pode dificultar a implementação de programas de formação online e outras iniciativas de employer branding que dependem de tecnologia robusta.

Note-se, também, que existe uma variação considerável nas competências digitais entre diferentes demografias da força de trabalho. Enquanto as gerações mais jovens podem ser nativas digitais, os colaboradores mais velhos podem necessitar de formação adicional para se adaptarem eficazmente às novas ferramentas e plataformas digitais, o que requer estratégias de formação inclusivas e diferenciadas.

Mudar a cultura organizacional para abraçar plenamente as práticas digitais pode ser, também, um desafio, especialmente em empresas com longa tradição em métodos convencionais. Além disso, manter o envolvimento dos colaboradores em ambientes virtuais requer o desenvolvimento de novas estratégias que captem a atenção e fomentem uma interação significativa, desafiando as práticas tradicionais de comunicação e formação.

Por fim, personalizar as estratégias de employer branding e formação para alinhar com as expectativas e valores específicos do mercado português, considerando as nuances culturais e socioeconómicas, é essencial. Isto inclui entender as preferências locais, as tendências de consumo de media e as dinâmicas do mercado de trabalho, para criar conteúdos que ressoem de forma significativa com o público-alvo.

Uma das estratégias recomendadas envolve a integração da formação na estratégia de employer branding. A adopção de plataformas digitais para formação pode transformar a percepção da marca empregadora. Além disso, conteúdo personalizado que aborde as necessidades específicas dos colaboradores e as tendências de mercado pode reforçar a relevância e o compromisso da marca para com o seu desenvolvimento pessoal e profissional.

A abordagem deve ser holística e centrada no digital, promovendo uma sinergia entre o employer branding e a formação contínua. Esta integração demonstra um compromisso com o progresso contínuo e o bem-estar dos colaboradores, culminando num ambiente de trabalho dinâmico e numa cultura empresarial atraente.

Em suma, o employer branding e a formação devem caminhar lado a lado, explorando as tecnologias digitais para criar uma proposta de valor que atenda às expectativas contemporâneas dos talentos.

As organizações em Portugal estão numa posição única para moldar futuros de sucesso, tanto para os seus negócios como para os seus colaboradores, através de uma abordagem integrada e inovadora. Convido cada profissional de Recursos Humanos a considerar as seguintes etapas concretas para implementar as mudanças necessárias:

  1. Iniciar com um diagnóstico da maturidade digital da sua organização, identificando tanto os pontos fortes quanto as áreas de melhoria em relação às práticas actuais de employer branding e formação profissional;
  2. Desenvolver um plano de formação contínua que não se limite apenas a responder às necessidades actuais, mas que também prepare os seus colaboradores para as competências futuras;
  3. Explorar novas ferramentas e metodologias para envolver os colaboradores, transformando a experiência de formação e fortalecendo a cultura corporativa;
  4. Estabelecer canais de feedback robustos que permitam aos colaboradores partilhar as suas expectativas e experiências, ajustando as estratégias conforme necessário para um melhor alinhamento com as suas aspirações profissionais e pessoais;
  5. Considerar parcerias com instituições de ensino e formação para enriquecer o seu arsenal de recursos formativos e employer branding.

Ao adoptar estas etapas, fortalecerão a marca empregadora da sua organização, para além de potenciar um ambiente de trabalho mais dinâmico e atraente, fazendo do employer branding e da formação pilares de desenvolvimento humano e organizacional.

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